Capítulo 10: Querer e precisar são palavras totalmente diferentes

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10 de Setembro, 2018

O intervalo estava um pouco cheio.
Peguei meu almoço e sentei na escada.
Meu irmão ficou doente e não pôde vir. Suspiro, onde está Henry?
Termino de comer e não vejo Henry.
—Onde esse garoto se meteu? - me levanto e deixo minha bandeja na cantina.
Vou em direção ao meu armário. É onde eu vejo Henry e Bree.
O que ela estava fazendo com ele?
Ela parecia tão doce e angelical. Henry sorria gentilmente para ela. Não use esse sorriso com a Bree, Henry! Esse sorriso é só meu!
Por que ela tinha que existir?!
Me encosto na parede levando as mãos à boca.
—Quando eu virei essa mulher horrível? - sussurro para mim mesma - Desejando que alguém não exista... Por Deus, o que está acontecendo comigo?
Respiro fundo e vou para meu armário, que onde ambos se encontravam.
Paro atrás da garota.
—Oi!  - falo, fingindo que nunca desejei a não existência dela.
A garota se afastou como se eu fosse o bicho papão em pessoa. Quer dizer, pensando bem, eu poderia ser considerada esse ser da mitologia mesmo!
—Oi, Met... - ele olha pra garota.
—M-M-MettMerry! - gaguejou assustada.
—Ahn... - encarei ela - Buu!
Ela saiu correndo.
Eu acharia engraçado, se eu não tivesse me sentido mal por isso.
—Por que fez isso? - questionou Henry.
—Não fiz nada - falo.
Irei me desculpar com ela mais tarde, mas Henry não precisa saber.
—Assustou a garota! Já é impossível alguém vir fazer amizade comigo, porque ando com você e, uma das únicas pessoas que vêm fazer isso, você a assusta?
—Henry, as pessoas já têm medo de mim normalmente - falo, guardando meus livros.
—Mas você contribui pra isso. Eu quero ter outros amigos além de você! - exclama, já estressado.
Não brigue! Não brigue!
—Por que não pode ser normal?! - questiona - Você é uma grande ajuda, amiga!
Ele havia falado de forma sarcástica? Ele me chamou de amiga, com sarcasmo?!
Trinco os dentes e ponho a mochila no armário, me viro.
—De novo com esse assunto? - pergunto, tentando manter a calma - Quantas vezes eu vou ter que falar que eu não sou normal?! Você não sabe nem metade da minha história e quer me julgar, Henry?! Obrigada pela compreensão, amigo!
Fecho a porta do armário e saio andando.
Argh! Vou pra casa!

Molho meu rosto com água gelada. Mas que merda! Quem ele pensa que é?
Passei as mãos, ainda úmidas, pelo cabelo.
Seco meu rosto na toalha, faço um coque frouxo e desço.
Pego um pacote de bolacha no armário e subo.
Me jogo na cama e fico encarando minha estante de livros, pensando em abrir o pacote de bolacha.
Suspiro.
Me sento na cama e abro o pacote.
Como uma.
Cadê minha mochila? Tenho dever de casa da aula de matemática.
Olho ao redor e não encontro.
Bato na testa. Merda. Esqueci na escola.
Levanto, olho pra minha roupa. Ah, está bom! Só vou pegar minha mochila mesmo.
Eu estava de shorts e uma regata.
Calcei uma rasteirinha e peguei minha chave.
Passo no quarto de Matthew.
—Eu vou na escola pegar minha mochila, ok? Esqueci lá.
Ele tossiu.
—Tá. Mas por que você voltou cedo mesmo?
—Problemas com Henry! - respondo, enquanto desço as escadas, comendo mais uma bolacha.

Olhei o horário no celular, 10h45min.
Já havia acabado a quarta aula.
Suspiro e entro na escola.
Por algum motivo, ela sempre fica aberta. Nem eu entendo o por quê!
Fui pro meu armário, cansada.
Digitei a combinação e abri. Peguei minha amada e preciosa mochila vermelha.
Fechei e me virei. Dei de cara com Bree.
—Ah, oi! - falo, calmamente.
Ela é um ano mais nova que eu. Ela é muito fofa! Sabe aquelas pessoas que você sente vontade de apertar? Então, é ela!
—O-oi! - diz - Pensei que tivesse ido embora.
Dou de ombros.
—Vim pegar minha mochila - respondo - E, agora, me desculpar pelo ocorrido.
—Diz o seu "Buu!"? - assinto - Tá tudo bem, é uma honra ser assustada pela minha ídola!
—Ídola? - questiono, arqueando uma sobrancelha.
—Sim! Você é incrível! Quer dizer, eu tenho um pouco de medo de você, mas eu te adoro! Eu até escrevo fanfic sobre ti! A minha favorita é a que você é a rainha do medo e da escuridão, mas no fundo tem um coração bom, que só "surge" quando o príncipe do reino vizinho aparece! - diz, com carinha de apaixonada.
Solto uma risada.
—Gostei, me parece bem verídica! - comento - Mas acho que você deveria voltar pra aula!
Ela assente, sorrindo, e se vai.
—Fanfic! Sobre mim! - digo sozinha - Quem diria!
Caminho pelo corredor calmo.
Quando já estava perto do refeitório, vulgo pátio, vejo uma mochila no chão e algumas sombras.
Me aproximo. A mochila era do Henry.
—MettMerry foi embora mais cedo, não há nada que nos impeça agora, Novato! - ouço Alex.
Ouço algo caindo no chão. Henry!
Não! Não ajude ele!
Merda, eu tenho que ajudar.
Pego minha chave no bolso e vou para trás dos garotos.
Jogo as chaves pro alto, fazendo barulho necessário para lhes chamar a atenção, e a pego no ar.
—Então, é assim? Os gatos saem, os ratos fazem a festa? - questiono, debochada.
Eles me encaravam.
Henry estava no chão, se levantou brevemente.
Limpou o sangue do meu canto da boca.
—Eu não quero que me defenda nem que você esteja aqui, MettMerry! - disse ríspido.
Arregalei os olhos, surpresa. A surpresa escondeu um pouco da dor que sentia com aquilo.
—Oh, me desculpem, meninos! - falo irônica - Podem continuar!
Me viro.
—Espera! - ouço Henry.
—Não disse que não precisava que eu te defendesse? - questiono, olhando por cima do ombro.
Ele ficou calado.
Olhei a hora no celular.
—São 11 horas, logo vão sair. Pegue sua mochila. Vamos pra casa! - digo ríspida e cansada daquilo.
Saímos da escola e caminhamos pra casa.
—Dizer que não quero você me defendendo ou aqui, não quer dizer que eu não precise! - diz, depois de um tempo.
—Aham! - falo, desdenhando.
—Mas eu poderia me defender sozinho!
Paro em sua frente e o encaro.
—Ah, claro! Poderia! Que nem no primeiro dia de aula e no segundo! - falo - Se não fosse eu...
—Você que quis se intrometer! - falou mais alto.
Me indignei.
—Ah, me desculpa, então! Vou anotar que você não queria que eu te ajudasse! Para quando inventarem uma máquina do tempo, eu voltar e me impedir de ter ajudar! - grito - Além disso, por que você não para pra pensar que talvez nem toda merda que está acontecendo na sua vida não seja minha culpa?! Foi você que veio atrás, foi você que decidiu não ter medo de mim, mesmo ouvindo todas as histórias! Você poderia ter seguido em frente, fingindo que nunca nem tivesse me visto, como todos os outros novatos! - exclamei - Mas você veio! Então, para de me culpar, idiota!!
Ele ficou em silêncio. Minha respiração estava acelerada e meu coração parecia que iria saltar para fora.
—E, aliás, digo novamente: Me desculpa por não ser normal. Por ser uma garota com favoritismo na cor vermelha. Me desculpa por ser a causa de seus únicos amigos serão a louca garota vermelha e o irmão dela, que também é meio louco! - digo, tentando me acalmar - Mas, se você não pode me aceitar do jeito que eu sou, se não pode me entender, acho que seria melhor nossa amizade acabar por aqui.
Me viro e vou embora.
Assim que saio de seu campo de visão, começo a correr.
—Eu me odeio! - exclamo, enquanto corro.
O que eu havia deixado acontecer?
Haviam ultrapassado meus muros, ele havia quebrado minha armadura.
Como pude deixar isso acontecer?
Por que ele sorria gentilmente? Por que me ele fez sentir amada por alguém, além da minha família? Por que?!
Entro em casa e me jogo na cama.
—Merda! - gritei, abafando o grito com travesseiro.
Eu te odeio, Henry! Por me fazer me sentir um lixo! Por me fazer te amar!

I'm MettMerryOnde histórias criam vida. Descubra agora