Capítulo 15: Uma história nada romântica

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09 de junho, 2018

Me espreguiço. Estou tão cansado, mas hoje foi incrível!

"—Kathe! - grito - Espera!
Ela se virou pra mim sorrindo.
—Anda logo, Henry! Estou com fome! - e voltou a correr.

—Incrível! Esse sorvete é muito bom! - exclamo.
Ela ri.
—Ah, Henry, só você! - diz, apertando minha bochecha.
O dia estava quente, o sol brilhava forte. Era verão!"

Deito na cama e bocejo.
É hoje! Tivemos um dia incrível e maravilhoso. Hoje vou falar pra ela que a amo!
Pego meu celular e ligo pra Kathe.
—Oi, Kathe! - falo, assim que atende.
—Oi, Henry! O dia foi incrível! - exclama.
—Ahn, Kathe, eu preciso te contar uma coisa.
—Me contar? O que?
—Bem, é que... Eu...
—Você...?
—Eu... E-eu t-te a-amo, Katherine! - falo.
Houve um silêncio.
—Ah, Henry... Eu sinto muito. Me desculpe, mas eu não sinto o mesmo.
Aquilo doeu, senti que tudo havia desabado.
Engulo o choro, que subiu à garganta.
—Henry, eu gosto do Miguel! - fala.
—Tá tudo bem. Eu vou dormir, boa noite, Kathe.
—Boa noite! - e desligou.
Encarei a tela por um momento.
Deixei o celular no meu peito, senti o mesmo se aperta e logo vieram as lágrimas.
Por que? O que eu havia feito de errado? Por que ela não me ama?
—Por que...? - sussurrei.

10 de Junho, 2018

Meus olhos estavam inchados, isso era totalmente notável.
Eu não queria nem, ao menos, sair da cama.
Meu coração doía.
—Henry! - diz Gaby, entrando no quarto.
Me viro, para não encará-la.
—O que foi?
—Mamãe está mandando você descer. Ela e o papai querem falar alguma coisa para nós! - e sai.
Me levanto e vou pro banheiro, faço minhas higienes e desço.
Sento na mesa, do lado da minha irmã.
—Temos uma coisa para dizer a vocês! - fala mamãe animada.
—Você não está grávida, né? Falou a mesma coisa antes dessa coisinha aparecer! - digo, tentando conter meu mau humor.
Meu pai soltou um risadinha.
—Vamos nos mudar, crianças! - exclama.
—O que?! - me exalto, levantando da cadeira e dando um tapa na mesa.
—O que foi, Henry?
O que vai acontecer com meus amigos? Katherine? Não...
—Desculpa, acho que fiquei animado. Vamos pra onde?
—Santa Mônica!
—Quando? - pergunta Gaby, animada.
—Hoje. Arrumem suas malas, logo estaremos indo! - diz papai, se levantando.
Eles estavam contentes.
—Eu posso ir me despedir dos meus amigos? - pergunto à mamãe.
—Claro, mas volte logo!
Assinto e saio de casa.

—Ah, que legal! Mas é uma pena você ter que ir! - fala Miguel, o cara que Kathe gosta.
Suspiro.
—É - confirma Max.
—Bem, eu tenho que ir.  Só vim me despedir mesmo. Tchau, caras!
—Tchau!
Volto pra casa e termino de arrumar minhas coisas.

Santa Mônica não parecia tão ruim, quer dizer é uma cidade litorânea, o que tem de ruim nisso?
Suspiro, enquanto as casas ficam pra trás.
Acho que será melhor assim. Sem Katherine. Ficaria um clima estranho, certo?
Eu não sei.

03 de Setembro, 2018

Era o primeiro dia de aula, depois das férias.
—Sabe chegar sozinho? - questiona mamãe, terminando de tomar café para ir trabalhar.
—Sim, mãe, não se preocupe.
Pego minha mochila, lhe dou um beijo na bochecha e saio de casa.
Esses últimos meses foram uma tortura. Eu sentia que estava cada vez mais em pedaços.
Nada poderia reparar essa dor? Nada?

Ahn? O que é isso? Por que os alunos estão abrindo o caminho?
—É a MettMerry! - exclama alguém.
—Não olhe nos olhos dela, ela vai sugar sua alma! - diz outro.
Procuro meu armário. Onde está? Onde está?
—Olha só! É um novato! - ouço.
Essa não! Estou encurralado!
Eles me derrubam no chão.
Por que está acontecendo isso? Eu não fiz nada!
—Está perdido! - fala um - Vamos te mostrar onde fica a privada e o lixo!
Eles me encaravam de uma forma ameaçadora.
Ouço o barulho do armário atrás de mim.
—M-MettMerry! - se assusta outro.
—Deixem o novato em paz! - era a voz de uma garota? Eles estavam tremendo? - Caiam fora!
Saíram correndo. O que tinha acabado de acontecer?
Virei a cabeça e me deparei com uma garota vermelha, literalmente toda vermelha.
Até seus olhos era da mesma cor.
Ela estendeu a mão pra me ajudar. Meus olhos divagaram da sua mão aos seus olhos. Apesar da coloração, eram lindos.
Acho que meu coração perdeu uma batida.
Aceitei sua ajuda e me levantei.
Dei uma limpada básica na calça.
Sua expressão trazia mais ameaça do que as dos garotos, porém havia alguma coisa ali, em seu olhar frio e ético.
—O-obrigado! - falei.
Por que eu gaguejei?
Por que será que eles tiveram medo dela? Eu deveria ter também?
—De nada! - se vira e começa a andar.
—Espera! - seguro seu pulso.
O que? Uma corrente elétrica? O que foi isso?
Ela se vira pra mim, solto seu pulso.
—Eu... E-eu sou Henry! Henry Walker! - digo, meio nervoso.
Não só seu olhar desinteressado me fizeram ficar nervoso. Meu coração estava acelerado. Não sei o que está acontecendo!
—MettMerry Anystrey! - diz e vai embora.
MettMerry...? A garota que estavam falando na entrada?

Seu olhar entediado estava encarando o teto da sala até que recaiu sobre mim. Eu, como um idiota, olhava fixamente pra ela.
—Oi! - movimentei os lábios.
Ela parecia surpresa, mas respondeu meu "oi".
O garoto do seu lado disse alguma coisa e ela começou a fazer a lição.

04 de Setembro, 2018

—Q-quem? - questionei.
Eu estava com medo, era isso que ela queria?
Ela aproxima sua boca do meu ouvido.
Um arrepio percorre meu corpo.
—Eu!
Ela se virou e respirou fundo.
—Vamos, Matthew!
Mas... Quem é essa garota?

—Você não acha que se eu fosse igual às outras, MettMerry não seria MettMerry? - ouço.
MettMerry!
Levanto a cabeça e a encaro.
—Me perdoe - disse  - Eu não devia ter falado aquilo pra você, só... Argh, é uma longa história!
Deita na areia e fica observando as nuvens.
Deito também
—Está tudo bem - digo calmo.
Ela põe o antebraço sobre meus olhos.
—Não, não está nada bem!! Nunca esteve! - reclama - Eu não devia ter feito aquilo! E eu não sei por que fiquei com a consciência pesada! Eu não me importo com as pessoas ao meu redor! Só meu irmão e olhe lá!
Solto uma risada.
—Minha mãe sempre dizia que quem sempre diz que não se importa, são as pessoas que mais se importam! - falo.
—Bom, ela está errada! Quer dizer, há uma excessão e eu sou ela! - diz suspirando.
—Ouvi histórias sobre você - comento,  depois de um tempo de silêncio - Elas são bem ruins.
Dá de ombros.
—Nenhuma delas são verdadeiras.
—Então, por que você não tenta acabar com elas?
Ela pareceu lembrar de algo.
Se levantou bruscamente, se limpou e saiu andando.
—MettMerry! - chamei.
Ela para e olha por sobre os ombros.
—Me chame de Mett! - fala, respirando fundo - E, respondendo a sua pergunta, ninguém acreditaria em mim. Tenho que ir, até amanhã, Henry Walker!
E foi embora.
—Eu acreditaria! - gritei, quando ela já estava longe.
Eu acreditaria, Mett!
Eu irei estar com você! Mesmo com medo, às vezes! Ficarei ao seu lado! Eu prometo, Mett! Eu prometo!

24 de Setembro, 2018

Por que? O que ela está fazendo aqui?  Por que ela está aqui?
—Henry, meu amor!
Droga, eu não quero te ver, Katherine! Vai embora!
Por que você está aqui?!
Merda, vai embora, Katherine!!!

I'm MettMerryOnde histórias criam vida. Descubra agora