Capítulo 25 - Desafetos.

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Talvez nunca te dei o que você esperava
E não estava quando precisou de mim
Talvez não te escutei, talvez me descuidei
Talvez me esqueci que eu te amava

Rick Martin – Tal Vez.

O cheiro de café fresco no período da tarde fez com que Daniel e Ventura fossem para a cozinha da Climédia. Ambos não tinham mais atendimentos e conversavam sobre o encontro que tiveram com Érika e Marlene no Vero.

_ Tinha muito tempo que não via a Érika. Ela ainda continua bela como sempre, mas percebi algo de diferente. -comentou Daniel com um semblante de quem queria descobrir alguma coisa.

Desde que Érika terminou com Ventura ele nunca mais havia visto-a e só tinha notícias de seu paradeiro por meio do amigo ou pelas redes sociais que raramente usava, mas ainda assim, percebeu uma mudança drástica no comportamento dela afinal, a conhecia há sete anos.

_ Diferente como? -perguntou Ventura voltando o seu olhar para Daniel enquanto levava um biscoito de sal à boca.
_ Parece que ela estava triste. -respondeu Daniel depois de ter dado um gole em seu café.

Érika sempre mostrou ser uma pessoa séria e às vezes, mais racional do que deveria. Ela era determinada, perspicaz e altamente responsável, totalmente diferente do melhor amigo que sempre foi um homem brincalhão, desorganizado e carente. Como os dois conseguiram ficar sete anos juntos em uma relação romântica e sem brigas era uma incógnita para Daniel.
Apesar de toda a seriedade que Érika demonstrava ele nunca tinha visto-a cabisbaixo como no dia em que a encontrou junto à Marlene no Vero o que lhe chamou muito a atenção.

_ A Érika nunca foi de muitos sorrisos, Daniel. -justificou Ventura olhando suas mensagens no celular.
_ Eu sei, mas ela era mais alegre, dava risadas e ontem estava contida. Será que teve medo do marido vê-la junto à nós? -elucubrou Daniel.

Ventura desligou a tela de seu celular e olhou para o amigo que continuava a tomar o seu café naquela pequena xícara de porcelana.

_ Não. Pelo que ela me conta o Carlos nunca se importou com a nossa amizade. O problema é que a Érika perdeu há sete anos a única pessoa da família que era sua mãe. Eu te falei sobre isso na época. De como ela ficou mal e tudo mais.
_ Achei que ela já tivesse superado.
_ Não ainda. Érika e Amália foram muito unidas. Tudo o que ela fez foi para dar uma condição de vida melhor à mãe. Eu também sofri muito quando ela morreu, Amália era como a mãe que eu perdi muito novo. Lembro quando a Angélica nasceu, ela deu um jeito de telefonar só para me desejar felicidades. Acho que sempre teve a esperança de que a Érika e eu retornássemos um dia. -deu um sorrisinho malicioso.

O sentimento de que aquela esperança se realizasse ficou evidente na fala de Ventura e Daniel sabia que mesmo estando em um relacionamento sério com Sônia o amigo correria para os braços da ex-noiva se ela voltasse atrás em sua decisão.

_ E você? -perguntou ele já sabendo a resposta que Ventura daria.
_ Eu tive até ela me contar que estava grávida do Carlos. Desse dia em diante vi que as minhas possibilidades haviam se esgotado, mas eu me sinto feliz sendo apenas amigo da Érika. E a Marlene? Está solteira e você também. -insinuou Ventura.

Daniel deu uma risadinha sem graça, não foi a primeira vez que Ventura tentou fazer com que ele e Marlene se relacionassem. Érika também insistiu por quase dois anos para que a amiga desse uma chance ao melhor amigo do noivo, mas o relacionamento entre os dois não passou de algumas cervejas e longas conversas.

_ Lá vem você bancar o cupido de novo! -riu- Se não houve nada entre nós em sete anos não acredito que haverá agora, além do mais, eu não estou tão solteiro assim. -disse Daniel com um tom misterioso.

O milagre de uma lágrima - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora