Capítulo Dois

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Termino de abotoar a camisa preta social, visto o paletó da mesma cor e arrumo meu cabelo para trás. Para mim, agora, era apenas o liso herdado do meu pai. Mas antes, Micayla ficava puxando e soltando, como se esperasse que ele saltasse como uma mola, mas apenas permanecia parado e liso, dizendo o quanto era o sem-graça mais bonito.

Deixo o quarto, analisando os empregados que limpava o que os rebeldes deixaram. O número se serviçais foram triplicados, para terminar mais rápido. A medida que eu passava, faziam uma formal reverência, e eu apenas seguia para o escritório do meu pai. Minha cabeça estava cheia, e eu necessitava apenas dormir, ou pelo menos me deitar e sofrer sozinho. Suspiro e dou algumas batidinhas nas portas duplas do escritório do meu pai, ouço minha permissão e adentro o cômodo. Fecho a porta e cumprimento o escrivão, já em seu posto.

- Certo, comece general - Pede meu pai a Banks.

- Pelo o que investigamos nesse curto espaço de tempo, os rebeldes invadiram o castelo pelo lado norte por conta do número reduzido de guardas que havia lá, já que a vossa alteza os deu uma folga. Eles seguiram pela cozinha, no entanto o chefe de cozinha conseguiu os avistar antes e tocou o alarme. Felizmente, os empregados foram rápidos para se esconder. As vozes que a princesa Micayla ouviu eram ensaiadas, para assim atrair a atenção dos gêmeos primogênitos, para os executar ambos de uma vez. O plano de início era de atrair a princesa, e o príncipe querendo proteger a irmã, fosse atrás da mesma - Me assusta como realmente funcionaria, pois fui atrás dela, mas meu pai me puxou antes mesmo que eu saísse do cofre. - O plano de início dos rebeldes era invadir a biblioteca subterrânea, e matar os primogênitos. No entanto, deu errado pela forma ágil que agimos, e eles executaram a princesa e deixaram o palácio. Concluí tudo isso por conta que meus homens encontraram a porta da biblioteca subterrânea meio quebrada, mas não fora arrombada graças ao sistema que instalamos.

- Mas por que invadiriam a biblioteca? - Meu pai pergunta, se encostando na cadeira de couro.

- Se me permitem a fala... - Olhei meu pai que permitiu com a cabeça. - Segundo algumas coisas que sei, na biblioteca subterrânea encontra-se diários de grandes reis da família Schumann, entre eles Jorge Schumann, que não fora bem um rei mas sim como um presidente. Este era contra a monarquia, e - segundo a história - ele anotava suas tentativas de abolição da monarquia em seu diário. Ele, por sua vez, tivera um certo sucesso com seu plano, mas meu bisavô, Carlos Schumann, conseguira o impedir e assumir o trono, tirando tudo o que Jorge fez. Mais tarde, mesmo ele sendo diagnosticado com esquizofrenia, ele foi considerado um "grande" presidente. Vemos que ele obteve um certo sucesso, e se analisassemos, é exatamente isso que os rebeldes querem: por um fim a monarquia. Creio que executaram minha irmã e quiseram me executar para assim não existir um sucessor até que meus irmãos cresçam.

Olhei meu pai, que balançou a cabeça, com o canto dos lábios suavemente tortos, sentindo orgulho de mim.

- Faz sentido, alteza - O general diz. - Majestade, quando poderemos marcar a reunião com os conselheiros?

- Um dia após o velório de minha filha - Meu pai afirma, e suspira. - Perdão, general, mas não tenho cabeça para reunião alguma.

- Eu entendo, alteza. Mais uma vez, presto minhas condolências - Ele faz uma leve reverência e deixa a sala. O escrivão termina e olha meu pai, que faz um sinal para que ele se retire, e assim é feito.

- Ao amanhecer, faremos um pequeno anúncio no Jornal Oficial para falarmos sobre a morte de Micayla, e sobre você ser o sucessor do trono. Após isso, será o velório dela. Quando isso passar, iniciará os preparativos para que um dia possa reinar em meu lugar - Confirmo com a cabeça, não estando muito confortável. - Descanse, filho. Será um longo dia.

Eu suspiro e me levanto.

- O senhor também - Ele balança a cabeça, eu saio da sala e sigo para o meu quarto, não tendo cabeça para ir ver Kyle. Eu necessitava ficar sozinho, e mergulhar em meu luto, mas que quando eu sair, possa me sentir mais leve.

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