Capítulo Treze

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Aquele dia eu havia acordado atordoado, suando, já tendo uma crise de ansiedade. Minha cama estava molhada de tanto que eu suava, me levantei acendendo a luz, ofegante. O sonho que eu tivera era o pior pesadelo desde a morte de Micayla. Eu soltei um longo suspiro, ando até o banheiro e molho meu rosto, apertando meus olhos com força.

Eu podia ouvir os gritos na minha cabeça, a voz de Jorge de uma forma sombria, e a voz da pequena criança pedindo para ele parar.

Nesse momento, eu senti nojo de ser um Schumann. Eu sai do banheiro, com aquilo a me atormentar. Deixei meu quarto, o corredor estava um breu, meus passos eram vagarosos, de forma que eu não acordasse ninguém. Tateio o escuro, até encontrar o corrimão gélido da escada e assim eu desço, me apoiando ali. A madrugada era fria, diferente das manhãs.

Porém, mesmo com o frio de congelar, eu me encontrava sem camisa apenas com a calça de moletom e os pés nus, em contato direto com o chão extremamente gelado. Ao chegar no salão principal, a única fresta de luz que eu podia ver era de uma única janela que a cortina não cobriu, e a luz da lua adentrava. Caminhei vagarosamente até ela, tateando o nada para não bater em alguma coisa. Ao chegar na janela, abro um pouco a mesma, inspirando o ar gelado que tocou meu rosto.

Algo estava errado.

O vento era ao contrário, e muito forte, capaz de até mesmo fazer a janela se bater. Eu fechei a mesma, caminhando até a porta, com o auxílio das minhas mãos que tocavam a parede, me guiando naquele cômodo escuro. Eu abri a porta, os pelos do meu corpo se enrijece com o vendo frio que tocou minha pele. Ouço um trovão alto, respiro fundo e meus olhos vão a cada extremidade do jardim, até captar algo se movendo entre os arbustos. Minha espinha congelou, mas foi quase automático quando comecei a caminhar naquela direção. Os meus dedos dos pés tocavam a grama molhada, que indicava que já havia chovido.

Mais um vulto, e eu comecei a correr, com um coração disparado. Eu alcanço o arbusto, já abandonado e viro meu rosto para o lado, podendo ver uma silhueta preta, parada. As roupas eram largas, não podia dizer se era um homem ou uma mulher. Eu me ergo, olhando para aquela pessoa parada, a me olhar. O vento era forte, e o medo me assolava. Comecei a dar alguns passos, vagarosos mas a silhueta permanecia ali, parada, sem mover um músculo. Meus passos cessaram quando o vi tirar da blusa algo, era uma arma de fogo.

E foi aí que eu notei.

Não havia nenhum guarda, em lugar algum. Após a invasão dos rebeldes naquele dia, os soldados rondavam o Castelo dia e noite, não cessavam. Algo estava muito errado. Eu o vi destravar a arma, e eu fechei meus olhos. Eu não tinha nada para me proteger, absolutamente nada. Aquele ali era o fim que eles planejavam me dar na primeira invasão. Desta vez, ele se aproximou, com a arma ainda apontada para mim, pronto para atirar a qualquer minuto. Mas, diferente de tudo que eu imaginava, com uma distância de dez passos, ele deixa um papel no chão. E assim, se vira, correndo para longe.

Dou dois passos para ir atrás dele, mas o vento era tão forte, que o papel quase era levado se não fosse por eu o pegar primeiro. Imediatamente eu corri para dentro do castelo, trancando a porta, acendendo as luzes, metendo o papel em meu bolso. Corro até meu quarto, colocando meu traje de montaria real, e assim eu desço novamente, ligando as luzes de todo o castelo. Todos deveriam acordar.

- Majestade? - Banks me chama, com uma arma na mão, vestindo um pijama. - O que aconteceu? Ainda são três horas da manhã.

- O castelo foi invadido na calada da noite, os soldados desapareceram, deixando o palácio desprotegido - Respondo, andando até a minha antiga sala, sendo acompanhado poe Banks.

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