Capítulo XXVII - Mimosas

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Marieta estava admirando-se no espelho, vendo a si mesma vestir um vestido colorido pela primeira vez em três meses. Era uma sensação estranha, mas deliciosa. O vestido havia acabado de ficar pronto, junto com os outros vestidos coloridos novos que tinha encomendado. Não queria vestir suas roupas antigas, não se sentia confortável nelas mais e sabia bem que estavam velhas e um pouco fora de moda.

– Não achas um pouco demais para um vestido diurno? – Perguntou Marieta, encarando seu reflexo no espelho.

– Claro que não! – Respondeu Helena. – Estás belíssima, minha cara. Vamos logo, as meninas estão nos esperando.

– Ai, Lena, seria mesmo que é uma boa ideia eu ir? Não sei se tenho idade para uma coisa dessas!

– Como assim não tens idade para ir tomar um drinque com suas amigas!? Deixe de graça, mulher.

– Está bem, está bem. – revirou os olhos.

– Não estás esquecendo nada?
Helena tirou da bolsa um batom e entregou para a amiga. Marieta abriu e arregalou os olhos ao girar a embalagem e dar de cara com o forte pigmento vermelho.

– Não acha muito vulgar usar um batom desta cor durante o dia? – Perguntou Marieta.

– Passe. – sorriu – Eu sei que queres.

Como o Diabo em seu ombro, Helena convenceu Marieta a sair com os lábios vermelhos. Estavam as duas saindo da casa em seus casacos de pele quando Marieta parou em frente ao carro.

– Onde está o motorista? – Perguntou ela.

– Estás olhando para ele. – Disse Helena, abrindo a porta do passageiro para a amiga. – Madame.

Marieta riu, Helena foi para o volante e as duas saíram. Em cerca de vinte minutos, estavam caminhando pela recepção do Copacabana Palace em direção ao elevador. No corredor do último andar, pararam em frente às portas duplas de uma das coberturas. Era possível escutar ruídos de música e algumas risadas de dentro. Helena bateu na porta. Marieta estava ansiosa. Segundos depois a porta foi aberta, revelando uma moça alta, loira, com corte à la garçonne, vestindo calças pretas e uma blusa cor-de-rosa choque. Aos dar de cara com elas, a moça abriu um sorriso estonteante em seus lábios que tinham o mesmo tom de sua blusa.

– Elas chegaram! – Gritou a loira para dentro do quarto. – Lena! – correu para abraçá-la – Que bom te ver, meu anjo!

– Que saudades senti de ti, Lili! Abandonaste-nos! – Acusou Helena.

– Jamais! – Disse Lili. – Esta deve ser Marieta. – continuou ela, virando-se para a mesma.

– É um prazer conhecê-la! – Disse Marieta, trocando breves beijos no rosto com a moça.

– Venham, entrem!

O apartamento era uma bagunça só. Música alta, taças por todo lado e quatro mulheres além das três anteriores riam alto enquanto bebiam, fumavam e dançavam pelo quarto. Marieta e Helena reconheceram de pronto Vitória, jogada na cama no meio de um amontoado de plumas e lenços com uma taça coupe de um líquido laranja nas mãos. Ao dar de cara com as duas, a Doutora levantou, animada, e foi em direção a elas.

– Achei que não fossem mais chegar! – Disse Vitória, correndo em direção às duas. – Marieta, querida, estás tão linda!

– Obrigada, querida. – Agradeceu Marieta. – O que é tudo isto, Meu Deus?

– Apenas uma festinha entre amigas. – sorriu maliciosamente para Helena – Venha comigo!

Vitória tomou Marieta pelo pulso e a arrastou pelo quarto em direção às outras moças.

Castro e SouzaOnde histórias criam vida. Descubra agora