– O que achas deste? – Perguntou Marieta, entregando um croqui de um vestido para Vitória, que estava concentrada em seu microscópio.
– Deus me livre! – Respondeu ela. – Nada de saias com enchimento.
– Por quê? Estão na moda! – Argumentou Marieta.
– Governos ditatoriais também, nem por isso eu sou a favor deles. – resmungou.
– Vitória, pare de ser chata! – Exclamou Helena, com uma revista de vestidos de noiva em mãos.
– Olhe este aqui. – Disse Cláudia, pegando uma foto em um enorme catálogo de vestidos e entregando para Marieta, que repassou para Vitória. – Disseste que havia gostado de meu vestido. Este é parecido.
– Sim! – Exclamou Vitória, pela primeira vez, tirando a atenção de seus livros. – Possui as especificações dele?
Cláudia retirou duas folhas com pedaços de tecidos e rendas grampeados nelas e entregou a Marieta que repassou para Vitória novamente.
– Sim, será este! – Disse Vitória, entusiasmada.
– Lori ficará muito feliz que escolheste um modelo dela. – Comentou Cláudia.
– Mas, Vitto, não podes usar um vestido sem mangas na igreja! – Protestou Marieta.
– Eu estarei de luvas!
– Vitto, Marieta tens razão. Precisas encontrar um modelo com mangas. – Acrescentou Helena.
– Por que eu usaria mangas na primavera? – Murmurou Vitória.
– Faça como eu e use dois, um para a cerimônia e outro para a recepção. – Disse Marieta.
– Tudo bem. – revirou os olhos – Quais eram as outras opções? Que não envolvam saias de tule, pelo amor De Deus, eu não quero parecer um bolo.
– Veja este. – Disse Helena, tirando um dos muitos croquis do catálogo de Cláudia e entregando para ela.
– Eu não uso este tipo de mangas desde antes da Guerra. – Reagiu Vitória, fazendo uma cara feia.
– Podemos pedir para Lori fazer algumas modificações. Ficará bonito! – Insistiu Helena.
– Melhor que usar mangas compridas na primavera... – Disse Marieta. – É bem bonito, Vitto.
– Cláudia? – Perguntou Vitória.
– Os designs de Lori são muito modernos e de muito bom gosto. – Disse Cláudia. – É um vestido de noiva tradicional, mas podes pedir para ela desacinturar e deixar as mangas mais simples.
– Será apenas para a cerimônia, Vitto. O que importa mesmo é o vestido da recepção... – Insistiu Helena, sorrindo.
– Está bem! Pode ser. – Concordou Vitória, por fim. As três comemoraram. – Mandem para São Paulo o mais rápido o possível, quero que fiquem prontos com antecedência.
– É pra já, Doutora! – Disse Helena.
– Agora, por favor, sumam do meu escritório e deixem-me trabalhar! A menos que queiram me ver limpando e catalogando crânios pelo resto da tarde.
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Castro e Souza
Ficção HistóricaVENCEDOR #Wattys2018 Em 1925, dois membros da alta burguesia carioca - os belos herdeiros Vitória de Castro e Benício de Souza - tornam-se cúmplices de um crime quase perfeito, mas acabam colocando suas próprias reputações em jogo para ocultar seus...