A noite petropolitana estava quente e estrelada. Em sua casa, Helena e Sebastian ofereciam um jantar para mais ou menos trinta convidados - suas famílias e amigos mais próximos. A noite estava animada e descontraída, as pessoas pareciam se divertir e o champanhe, obviamente, era suficiente para uma gala inteira.
- Lili, venha cá! - Chamou Helena pela amiga. Lili foi até ela, que estava com Vitória.
- O que foi, queridas? - sorriu.
- Que tu achas que pode ser o amante de Marieta? - Perguntou Vitória, baixo, mas eufórica, com uma taça de champanhe em mãos.
- Amante!?
- Sim! - Exclamou Helena.
- Eu não estava ciente de que ela tinha um amante... - riu.
- Ela tem! Ela mesma contou-me há umas semanas, mas não quer revelar quem é de forma alguma. - Disse Vitória.
- Bem, talvez ela tenha suas razões para tal. - riu.
- Pare de ser chata! - Exclamou Helena. - Sei muito bem que estás tão curiosa quanto nós estamos.
- Surpreenderia-se como não estou. Parem de implicar com ela!
- Está bem, está bem. - Disse Helena.
- Então, Vitto, como vai o casamento?
- Jesus Cristo, estou casada há menos de dois meses. Quando as pessoas irão parar de perguntar isso?
- Depois de um ano. - Disseram Helena e Lili em uníssono. As três riram.
- Bem, respondendo à tua pergunta, vai muito bem. - Concluiu Vitória.
- Traduzindo, eles brigam e transam. - Disse Helena.
- E qual é o problema!? - Questinou Vitória.
- É sério isso, Vitto? - Perguntou Lili, preocupada. - Achei que estivessem tão apaixonados...
- Bem, querida, paixão acaba e, ou ela vira amor, ou ela vira ódio. No nosso caso, uma volúpia raivosa ou algo do tipo. Não te preocupes, logo passa e voltamos a nos ignorar por completo. Ele irá me trair com uma loirinha dez anos mais jovem, iremos nos separar para que ele case com ela ou algo assim e eu viverei o resto da minha vida como uma divorciada de sucesso
- O que eu faço com ela? - Murmurou Helena para Lili.
A recepção acabou e Helena anunciou que o jantar seria servido. Estavam todos rindo, conversando e aproveitando a comida sem pensar muito em compostura ou elegância. Metade da mesa era composta pelo falatório em espanhol dos parentes de Sebastián e a outra metade era um falatório em português da família de Helena e amigos do casal. Na hora da sobremesa, os anfitriões levantaram-se e Helena bateu levemente com o garfo em uma taça para chamar a atenção de seus convidados.
- Bem, há uma razão para esse jantar maravilhoso estar acontecendo esta noite. - Disse Sebastián, um pouco nervoso por conta da timidez. - Nós queríamos que estivessem todos reunidos porque temos uma notícia para dar. Helena, querida...
- Nós vamos ter outro bebê. - Anunciou Helena, com um largo sorriso.
Todos na mesa suspiraram de alegria e congratularam o casal pelo quarto filho que estava a caminho. Ao acabarem de comer, os convidados competiam pela atenção de Helena e Sebastián para parabenizá-los pessoalmente. Os homens retornaram para a sala de jantar para fumar, alguns convidados foram embora e Vitória, Marieta e Lili cercaram Helena para comemorarem com ela.
- Um brinde a Helena de Castro González, que sabe exatamente o que acontece durante um parto e, mesmo assim, está disposta a passar por isso pela quarta vez. - Propôs Vitória. As outras riram.
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Castro e Souza
Fiksi SejarahVENCEDOR #Wattys2018 Em 1925, dois membros da alta burguesia carioca - os belos herdeiros Vitória de Castro e Benício de Souza - tornam-se cúmplices de um crime quase perfeito, mas acabam colocando suas próprias reputações em jogo para ocultar seus...