Capítulo XLII - O Inglês

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Sussex, 1919.

Uma jovem Vitória na flor de seus vinte e quatro anos caminhava pelos belos jardins de Craven Hall, embora os arbustos mal cuidados e as flores escassas tornassem o lugar um pouco triste. Em uma das mãos, tinha o braço de um belo e alto rapaz de cabelos castanhos avermelhados, bonitos olhos verdes e um simpático sorriso largo. Na outra mão, tinha um anel de diamante e uma bengala.

Vitória andava com dificuldade por conta de sua lesão – um ferimento de bala na coxa esquerda causado por uma das Mauser M98G do Exército Alemão. Não sentia mais dores, mas seus movimentos estavam um pouco limitados. Entretanto, os exercícios e terapias estavam dando resultado e, cada vez mais, sentia que seria possível voltar a correr ou abaixar-se normalmente.

– Why do they insist in calling me Miss Carter and not Castro? Is it really that hard? I mean, during the War I wouldn't mind my superiors calling me Carter, the climate was a bit tense for such corrections. – riu – But even now they mispronounce my name and don't like when I correct them. – Disse Vitória.

– Well don't worry, darling, soon you'll be Lady Victoria Atwood, the Countess of St. Claire. I don't think anyone will ever mispronounce your name, my love. – Respondeu o rapaz ao lado dela.

– My name doesn't have a "c"... – Murmurou Vitória.

Os dois permaneceram passeando pelo jardim até Vitória reclamar da perna e os dois sentarem em um pequeno banquinho de pedra cercado por árvores mal podadas e grama precisando ser cortada. Continuaram conversando tranquilamente enquanto apreciavam o dia ensolarado de verão. Uma empregada aproximou-se deles.

– Your Lordship, Miss Castro. – Disse a garota, um pouco agitada, fazendo duas breves reverências com a cabeça.

– Yes, Gerda? – Perguntou Vitória.

– Miss Castro, your father is here. He's waiting for you in the hall right now.

Um sorriso enorme brotara no rosto e Vitória e prontamente ela se apressou em voltar o mais rápido o possível para a mansão, esquecendo dores, incômodos ou cansaços. Quando entrou na sala, sentiu forças para correr – mancar rápido – até seu pai e voar em seu pescoço, envolvendo-o em um abraço apertado.

– Meu Deus, como estás enorme! – Disse Constantin ao olhar para a filha.

– Pai, eu provavelmente parei de crescer há mais de dez anos. – riu.

– Posso jurar que cada vez que lhe vejo estás maior!

Enquanto Vitória matava a saudade do pai, o jovem de olhos esmeralda permanecia parado atrás dela, sereno como uma estátua.

– Darling, this is my father, Doctor Constantin de Castro. Pai, este é meu noivo, Blake.

Blake lançou um olhar estranho para Vitória e prontamente ela prosseguiu:

– Lord Blake Atwood, the Earl of St. Claire. – sorriu.

– Claro. – Disse Constantin, com um sorriso breve. – It's a pleasure to meet you, milord.

– It's a pleasure to meet you too, Mr. Castro. – Respondeu Blake, apertando a mão do pai de Vitória.

– Por que vieste tão cedo? – Perguntou Vitória, em português, para o pai. – Quero dizer, estou tão feliz que estás aqui! – riu – Mas pensei que fosses chegar apenas na semana que vem.

– Decidi embarcar mais cedo, querida. – lançou um olhar para Blake – Vim convencer-lhe a desistir desta encrenca. – Disse Constantin, em alto e bom português, sabendo que só seria entendido pela filha.

Castro e SouzaOnde histórias criam vida. Descubra agora