Heart Of Kaleidoscope [Victuuri/ Otayurio]

Uma moto e Um quarto

Não sabia como o alfa o havia convencido a aceitar sua jaqueta, muito menos de como havia ido parar em sua moto, abraçado as costas largas enquanto este pilotava em direção a algum lugar que não conhecia. Era loucura, sim, loucura. Não o conhecia, trocou apenas algumas palavras com este e sabia apenas que ele apesar da seriedade, era um imenso cara-de-pau. Mas o moreno não o assustava como os demais alfas, pelo contrario, seu cheiro amadeirado e picante o trazia uma certa segurança e era atraente ao seu olfato.

Sentia um certo frio nas pernas por culpa da velocidade, mas o calor em seus braços e tronco compensava. Nunca havia andado de moto em sua vida, mas sua primeira experiência estava sendo demasiada confortável, apesar de não ter gostado muito de ter que usar capacete. Velocidade foi diminuindo consideravelmente até estar dentro de uma espaçosa garagem, onde jaziam outros veículos _ mais duas motos e três carros de luxo. Desceu da moto um pouco manco, aquele maldito alfa o tinha machucado pra valer! Iria levar bronca de Yakov por ter saído e de quebra mais uma por ter se machucado pouco antes das gravações acontecerem.

Otabeck o auxiliou na subida das escadas e o quitou pelos corredores do que parecia ser uma grande e rica mansão. Entraram num quarto espaçoso e o moreno o sentou em algo macio, que deduziu ser uma cama pois tudo estava escuro. Quando sentiu o calor dos braços do alfa se afastar, sentiu falta, as luzes se acenderam e revelaram um quarto neutro e de poucas cores, assim como o dono. Os móveis eram de madeira escura e metal, havia um sofá grande de couro negro, uma pequena mesa de vidro e metal, uma TV enorme que sequer se daria o trabalho de tentar saber quantas polegadas possuía, vários consoles de videogame e um computador de última geração com três monitores, sem contar a cama king size que estava sentado e a decoração. Estava embasbacado. O moreno surgiu de uma das três portas do cômodo _ uma de saída, banheiro e closet _ com uma caixinha em mãos. Agachou-se à frente do loiro e levou uma das mãos ao queixo deste, virando seu rosto de um lado a outro.

Um lado estava um pouco avermelhado, provavelmente por culpa da porosidade da parede da boate. Levantou-se e mexeu na caixa que trouxe com sigo e pegou uma pomada.

–não machucou, mas vai ficar vermelho por um tempo– se afastou um pouco– tome um banho, depois passarei o remédio e te levarei de volta ao seu hotel. Se quiser, é claro – havia uma certa frieza em sua voz, mas Yuri conseguiu, de alguma maneira, saber que aquilo não era proposital e sim força de hábito. Agarrou o braço do moreno, o forçando a encará-lo, estava um pouco irritado e a curiosidade despontava no brilho dos olhos verde-azulados.

– por que está fazendo isso?– Soltou-o – não tem nada haver com o que aconteceu, então por que está me ajudando?– o moreno pareceu pensar um pouco antes de virar-se e despejar um olhar intenso sobre o loiro, que não pode evitar um arrepio que subiu-lhe pela coluna.

– por que você me desperta o Interesse, Plisetsky, mesmo em perigo, não deixou de manter o olhar firme, como o de um soldado.– a intensidade de seu olhar desconcertava o loiro que já sentia as bochechas queimarem sob a pele– e isto me fascina.

Não sabiam quem avançou sobre quem, mas de uma troca de olhares foram para um beijo ardente e libertador. Devastador. O desejo era tanto que seus lábios doíam e as mãos exploravam o que podiam sobre os panos, apertando as generosas curvas e delineados do corpo um do outro. Deus, como aquilo estava bom! Otabeck tinha uma pegada tão firme que sentia que iria derreter sob o toque quente de seus dedos. Seus pulmões pediram por ar, mas o elemento da vida não parecia importante para ambos, o gosto único e almiscarado dos lábios unidos era mais importante. Uma necessidade!

Só percebeu que estava sendo forçado para trás quando sentiu o tecido da cama e o macio do colchão contra suas costas e mãos agarrarem sua coxas, erguendo seu quadril e colando os corpos. Estavam fervendo sob as peles, em combustão. Otabeck subiu mais as mãos, apertando até alcançar os quadris,  mas quando chegou a essa área o loiro deixou um gemido dolorido escapar. Separou-se de imediato, deixando o corpo embaixo de si e retirando as mãos que o exploravam, as apoiando no colchão. Yuri sentiu falta desse calor e tentava entender porque diabos o alfa havia parado o que estava fazendo.

– por que parou?– tinha vontade de completar com um belo e elegante palavrão, mas conteve-se, não queria estragar o momento. O alfa sentou-se sobre suas pernas e ergueu apenas seu tronco, prendendo seus lábios nos dele num beijo calmo e diferente dos outros trocado, não carregava um desejo desmedido, apenas um carinho incompreensível.

– Você está machucado, não seria correto continuarmos assim– deu mais um selinho nos lábios já avermelhados do loiro e se afastando em seguida– talvez, quando estiver recuperado, possamos continuar.– sua voz estava tão sensual que nem parecia que ele queria mesmo parar por ali, e sim atiçar mais ainda o outro.

O loiro corou e se levantou, andando tão rápido até o banheiro que arrancou uma risada do moreno. Retirou suas roupas rapidamente e constatando um grande roxo em seu quadril, bem perto de sua tatuagem, xingou mentalmente quem quer que seja aquele alfa desprovido de massa encefálica que o atacou. Submergiu na banheira grande e espaçosa que ficava no meio do banheiro, esta estava enchendo ainda mas só metade do que ela comportava era o suficiente para cobri-lo até o peito e o ajudar a relaxar, suspirou longamente, não era a primeira vez que isto lhe acontecia.

Mas era primeira vez que alguém o defendia.

***

Se virou na cama macia com cuidado e silenciosamente para não acordar sua companhia. No fim, o ator não quis retornar ao hotel e acabou dormindo em seu quarto mesmo, após o alfa ter cuidado do hematoma em seu quadril. Otabeck observava minuciosamente a face adormecida do outro, seus traços se tornaram tão mais delicados e adoráveis quando mais relaxado, deixava de parecer tão desconfiado e irritado com tudo. Não negava a beleza deste e agora, com os cabelos longos espalhados pelo travesseiro, parecia ainda mais belo e irresistível. Quase angelical.

Quando retornava a pensar sobre a noite anterior, seus nervos serviam ao imaginar o que aconteceria se não tivesse o encontrado na boate. Naquela noite, havia ido conferir como estavam o funcionamento das novas instalações do palanque de sua boate e como estava indo o trabalho de seu mais novo DJ quando reconheceu o loiro em meio a multidão. Tão suado e selvagem que fez seu corpo entrar em combustão, mas alguém se aproximou dele primeiro, e pelo olhar que aquele loiro direciona ao ator, sabia que não era uma boa pessoa e que tinha que afastá-lo dele. Os seguiu até a porta que dava para o estacionamento, confirmando seu mau presságio quando ouviu o de olhos verdes gritar e as batidas.

Sabia que tinha feito errado ao bater no sujeito até que este desmaiasse, mas não conseguiu conter-se perante aquela cena repugnante!

Cortou-se em pensamentos quando o loiro se remexeu em seus braços, acordando. Os olhos claros abriram-se de forma tão delicada que pareciam asas de borboleta. Demorou um pouco até o outro situar-se e se dar conta de que não estava em seu quarto. Abraçou o pescoço de Otabeck, o trazendo mais para junto de si e lhe dando um leve e curto selinho.

– bom dia– sorriu, sua voz embriagada e encoberta pela rouquidão matinal encantou o moreno, que uniu seus lábios novamente.

– bom dia, gatinho– os lábios se uniram novamente, mais demorados e com mais pressão.

– Otabeck, você viu meus…!– a porta do quarto foi repentinamente escancarada, dando entrada para um moreno de olhos castanhos e cabelos negros. Os dois se separaram imediatamente pelo susto e o sangue de Yuri fugiu de sua face por um instante, para depois assumir um tom escarlate. Os três ficaram se encarando, sem saber em que buarco enfiar a cabeça!