Boate e Olhos âmbar

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A música eletrônica tocava alto, acelerando seu coração ao máximo, quase dilatando suas artérias. O álcool das bebidas coloridas e doces já o faziam dançar como um louco em meio a tantas pessoas, as pupilas dilatadas e cabeça solta, não queria saber de seus problemas naquela noite, queria jogar tudo pela primeira janela que aparecesse e, com certeza, queria alguém em sua cama aquela noite. Até o amanhecer.

Os cabelos loiros tinham a tempos se soltado das amarras, descendo revoltosos por seus ombros e já se encontrava corado e ofegante, sua jaqueta já não estava em seu corpo e nem sabia onde tinha a jogado, mas não queria saber. Perdera a conta de quantas pessoas beijara aquela noite e sequer lembrava dos rostos destas. Alguém o agarrou por traz enquanto rebolava ao som de uma música mais sensual, arrebitou mais o quadril para trás, encaixando a bunda no quadril de quem quer que fosse e sentindo que este já se encontrava duro. Sorriu e pôs uma mão para trás, arranhando a nuca do desconhecido e constatando e este era apenas um pouco mais alto que si.

Quando o ritmo das batidas variou um pouco e o aperto em seu quadril diminuiu um pouco,virou-se para o cara que o agarrava. Este era bonito, admitiu, malhado, com roupas que não deviam ser baratas e estiloso, cabelos loiros raspados de um lado e totalmente jogados para outro, rosto de traços fortes e olhos âmbar, que com as luzes coloridas da boate pareciam mais intensos. Os lábios cheios do outro logo alcançaram os seus, ao mesmo tempo que as mãos deste também alcançaram sua bunda, apertando e o colando a si. Ele beijava bem e sua pegada era forte, o cheiro dele era gostoso e a pele quente. Sentiu que estava sendo arrastado para algum lugar, mas no momento sequer ligou, ouviu uma porta abrir e música diminuir o tom, uma lufada fria de ar cortou sua pele esfriando o suor presente ali. Estavam do lado de fora da boate, num lugar um pouco mais reservado mas longe de ser discreto. Abriu os olhos e sentiu os lábios do outro descerem por sua garganta e as mãos deste adentrarem sua calça e apertarem suas nádegas. Gemeu excitado, mas este mesmo morreu em sua garganta quando foi pesado com demasiada força contra a parede e a língua do outro loiro se fez presente em sua pele, assim como o cheiro de alfa excitado que tanto odiava.

– para– falou, afastando o outro com força e brutalidade, o fazendo cambalear para trás, apoiou-se na parede e tentou recuperar o fôlego. A expressão do alfa pareceu mudar da água para o vinho, de excitado a raiva e avançou sobre Yuri, o prendendo contra a parede com brutalidade e escutando um ganido vindo deste.

–o que foi? Estava se esfregando em mim feito uma vadia à um minuto atrás, e agora que me dar um toco?– agarrou com força o quadril do outro, o apertando mais e seus dedos com certeza deixaria marcas roxas na tez pálida do russo.– Não brinque comigo, vadiazinha!– Yuri chutou a lateral da coxa do de olhos âmbar e se desvencilhou deste. Mas antes de conseguir correr para dentro da boate, teve seus cabelos agarrado e o rosto forçado contra a parede áspera junto aos braços que foram rendidos em cima de sua cabeça– não tente fugir – o loiro mais baixo se debatia, e, apesar da força anormal que este possuía, não conseguia se desvencilhar do alfa, as mãos dele pareciam algemas!

O membro duro do loiro de olhos âmbar acomodou-se por entre as nádegas redondas de Yuri, e mesmo coberto pelos tecidos de suas calças e cuecas, o ator conseguia sentir o calor que emanava do membro. Um arrepio horrendo e frio desceu por sua coluna, junto a mão que segurava seus cabelos. Seu cinto fora arrancado com força, provavelmente a fivela tinha sido arrebentada, e suas calças foram invadidas pela mão alheia. Queria gritar, mas cenas grotescas vinham a sua cabeça o impedindo de fazê-lo. O cheiro de excitação atingiu suas narinas ainda mais forte o deixando com vontade de vomitar.

Sua mente já se preparava para o pior; a violação forçada e dolorosa, quando o calor e o aperto do alfa sumiram de sua pele, gravidade o jogou para baixo e não parava de tremer. Ouviu um gemido de dor e o som de algo caindo violentamente contra o chão. Virou-se para ver o que ocorria trás de si, mas seu cabelos desgrenhados impediam tão façanha, lhe tapando boa parte da visão, mas conseguiu identificar uma briga. Essa em que aquele que tentou o violar era brutalmente espancado por um estranho com roupas neutras e jaqueta de couro.

Tentou levantar, mas seus joelhos cederam novamente, o medo circulava por sua corrente sanguínea e seu cheiro acusava isso. Os sons pararam, deixando apenas as batidas abafadas da música da boate que escapava por debaixo da porta importunar seus ouvidos, logo o som de sapatos se aproximou de si, e o estranho se agachou a sua frente. Ainda tremia, uma mão tentou afastar sua franja, mas reagiu quase instantaneamente para afastá-la, desferindo um tapa.

– Você está bem? – uma voz forte se fez presente e seu cérebro demorou para processá-la e ligar a uma pessoa que havia conhecido mais cedo no mesmo dia. Conseguiu afastar a franja loira para o lado, mesmo com a mão trémula, e reconheceu aqueles olhos escuros e expressão neutra, mas que conseguia encontrar traços de preocupação e zelo misturados a cansaço. Otabeck parecia tê-lo reconhecido muito antes de ver seu rosto, pois não demonstrava surpresa ou confusão em seu olhar.

– acho que sim...– por algum milagre não gaguejou, mas a voz saiu um pouco baixa demais. O moreno lhe estendeu a mão e hesitou um pouco antes de aceitá-la e ser auxiliado a levantar. Apoiou-se na parede e conseguiu respirar mais aliviado, viu o outro loiro caído a poucos metros a frente desmaiado e com o rosto quase desfigurado. Surpreendeu-se com força do moreno, bom, ele era um alfa afinal.

Heart Of Kaleidoscope [Victuuri/ Otayurio]Onde histórias criam vida. Descubra agora