Surpresas e Bola de pelos

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Victor chegou em casa após de uma reunião com algum estilista que não lembrava bem o nome _ só sabia que era coreano e que o acordo já estava firmado entre ele e Yakov antes do platinado chegar _ carregava uma caixinha de tamanho considerável e algumas sacolas com o máximo de cuidado que sua coordenação permitia. Estava tão contente, parecia uma criança sapeca preparando uma surpresa. Deixou a caixa e as sacolas perto da porta e se pôs a procurar o parceiro. Não demorou muito e o encontrou no sofá mimando um Yurio com cara de bobo e acariciando a barriga redondinha.

– o que estão aprontando aí?– ambos se assustaram, mas não pararam de sorrir, apenas puxaram o outro por cima das costas do sofá mesmo, não ligando muito para a posição desconfortável que teve que assumir.

– ela chutou, Victor! – quem tomou a fala foi Yuuri, animado e com um sorriso de orelha a orelha, tão radiante quanto o outro ômega. Se juntou a eles na felicidade, só puxando o outro dali quando Yurio ligou para o noivo para falar a novidade, os olhos verdes quase derramando de novo. O deixou parado e de pé enquanto pegava a caixinha branca com fita azul celeste, esta tinha alguns buraquinhos redondos dos lados e na tampa, escutou uns barulhinhos semelhantes a arranhões e um gemidinho baixo. Já desconfiando do que teria ali dentro, levou uma das mãos aos lábios, desacreditado.

– uma vez Otabeck me disse que você já teve um amiguinho de quatro patas, mas que esse se foi por causa de uma doença respiratória.– apoio a embalagem numa mesinha por ali e retirou um filhotinhos de poodle marrom de dentro, este tinha os pelos encaracolado e a língua vermelhinha estava pra fora de uma forma fofa e as patinhas dobravam-se sobre os dedos do platinado. – eu vi ele com uma senhora que estava dando os filhotes, esse era o último, lembrei da foto que tem no seu quarto. Não resisti– riu e entregou a coisinha fofa no colo do outro, que o aninhou com cuidado e recebeu lambidinhas frenéticas no rosto.

– obrigado, Victor – foi o que pode falar entre as risadas infantis e gostosas que dava com as estripulias do filhote em seu colo– mas qual vai ser o no- ei!– reclamou quando seu óculos foi jogado ao chão. Colocou o serzinho agitado no chão quando abaixou para pegar o objeto e o cão saiu correndo como um louco até a cadeira em que o loiro estava sentado, levantou uma perna e se aliviou ali, molhando o banco e de quebra o pé do russo.

– eu limpo...– Victor levantou uma das mãos e, ouvindo uma infinidade de palavrões em todas as línguas conhecidas por Yuri, deu um selinho no namorado e saiu em busca de material de limpeza.

Um filhote era uma alegria, mas um problema ao mesmo tempo. Um probleminha gostoso, digamos!

***

Acabou que teve que participar da sessão de fotos também _ por insistência de Minako e do próprio estilista _ se incomodou um pouco com a maquiagem diferente do usual, as técnicas coreanas era diferentes a maquiagem ocidental que costumava usar, o deixando parecendo bem mais novo do que realmente era. As roupas folgadas eram bonitas e confortáveis, misturando a modernidade com o usual dos jovens asiáticos. As luzes brancas do estúdio incomodavam seus olhos e as lente de contato coloridas não ajudavam muito, mas tinha que seguir as poses sugeridas pelo fotógrafo animado demais e que fazia perguntas um tanto quanto inconvenientes, insinuações e cantadas que o deixava incomodado e até envergonhado. Mas o ser irritante se calou quando Victor entrou na sala, ajeitando a gola do sobretudo, a o canto da boca do fotógrafo se retorceu quando Victor o agarrou pela cintura e iniciou um beijo digno de cinema e com direito a arfares e apertos, mas não deixou de fazer seu trabalho. Os assessores estavam observando de longe junto a o estilista, este que estava quase babando, a proposta que tinha imposto era “os opostos” um tema até muito usado para muitas coisas, mas que estava se encaixando perfeitamente naqueles dois, eram maravilhosamente opostos e apaixonadamente parecidos.

Quando tudo acabou e foram dar as entrevistas, o fotógrafo saiu pisando duro arrancando uma risadinha do platinado, que desde que o viu percebeu o interesse deste no seu namorado. Este era o lado ruim de suas provisões, pessoas inconvenientes e desrespeitosas com os relacionamentos alheios, falava com os repórteres e blogueiros selecionados e que agiam educadamente com eles. O dia estava bom para eles. Acabaram por se agarrar no camarim mesmo, segurando os gemidos e tomando cuidado com o barulho insistente dos corpos se chocando insistentemente e mordiam o que tinha ao alcance para não gritar muito alto. A adrenalina era deliciosa, junto a sensação de perigo em sem pregos naquela situação constrangedora.

Ao fim de tudo, Yuuri estava tão vermelho que se camuflava na camisa que vestia, não acreditando que cedeu a uma transa rápida ao meio das araras repletas de roupas que deveria utilizar ainda. A próxima sessão de fotografias foi realizada com outro fotógrafo e com outro clima, Victor não deixava de inspirar em seu pescoço e de se esfregar nele a cada pose indicada pela mulher com a camêra e dedos frenéticos para capturar cada expressão mínima deles.

Quase todas saíram com um ar de naturalidade, romance e pintadas com o rubor de suas bochechas.

***

– calminha, gatinho– empurrava o loiro pela cintura enquanto tinha cuidado para não esbarrar em nada.

– calma o caralho, Beka! Tira essa merda da minha cara!– o loiro esperneava tentando tirar a venda _ gravata _ que lhe tapava completamente a visão. O alfa riu alto já parando e o deixando ali– cadê você?

– calma!– abriu a porta silenciosamente e voltou a guiar um loiro reclamão para dentro da residência – já pode tirar.– o loiro rosnou e tirou a venda, apertando os olhos com a claridade e depois se deslumbrou com o ambiente. Estavam numa sala ampla e arejada, que dava para uma cozinha com copa americana e granito preto, o ambiente era limpo, sem móveis e nas cores bege e marfim com uma parede coberta com uma cerâmica que imita madeira. Uma das paredes era inteiramente de vidro, imitando uma porta shoji que dava para um jardim bem cuidado e quintal pequeno e gramado.– gostou?

– amei…

– Você disse que guerra se mudar, minha secretária fez uma lista de casas legais, mas eu me apaixonei por essa daqui, tem quatro quarto, duas suítes e um espaço que posso transformar em um escritório aqui em baixo. E ainda fica a apenas algumas guardas da casa dos meus pais.– disse o abraçando e o beijou.

– vamos ver o resto!– o loiro correu pelo local, subindo as escadas como se não carregasse uma barriga de quase cinco quilos. O moreno subiu desesperado atrás dele.

– Não corra nas escadas, Yura!– a assim que subiram as escadas deram de cara um um pequeno espaço aberto, parecia maior graças a janela de vidro e a um corredor muito bem iluminado. A suíte principal era grande, também com portas de vidro, closet e banheiro com cerâmica texturizada em madeira, banheira e box. Os outros quadros seguiam o mesmo modelo, mas ao invés de ter o closet tinham uma varanda que dava vista ao quintal de trás _ que tinha uma piscina média e uma área para churrasco.– eu gostei dela, principalmente porque não segue o modelo de uma casa japonesa, os donos são alemães. Ainda tem um sótão e um porão, onde fica uma lavandaria, um quarto e uma sala que podemos transformar em outro quarto ou sala de jogos. Mas se você quiser, podemos ver outras casas e comparar.

– não precisa, eu quero essa. Quanto vai custar?– estava maravilhado como o ambiente, mas conhecendo os padrões de residências daquele país, aquela casa deveria sair por uma pequena fortuna.

– Não precisa se preocupar– selou seus lábios – Chris disse que metade do valor vai ser um presente de casamento. Ele queria pagar tudo, mas ele nos conhece.

– eu não ia aceitar, seria abuso.

– ele disse que diria isso– riu–quer começar a planejar tudo? Mesmo que iremos ficar na casa dos meus pais nos primeiros três meses da Verônica à pedido deles, mas é bom ter tudo preparado, não?

– vamos começar então– beijou a mão grande do noivo, os olhares doces se trocando com carinho – obrigado Otabeck Altin.

– Pelo que?

–por me aceitar, por me dar algo que nunca soube que desejava tanto e tão desesperadamente, obrigado por me dar uma família. Por me devolver a vida que acreditei ter perdido a muito tempo, o-brigado– chorava ao final da declaração, os lábios cheios daquele que logo poderia chamar de marido capturaram cada uma delas com carinho. Sentiu o gosto salgado do líquido quando teve os lábios tomados com amor, tão diferente dos selinhos trocados anteriormente, este tinha mais paixão de devoção ao parceiro.

Beijos que apenas Otabeck Altin sabia dar!

Heart Of Kaleidoscope [Victuuri/ Otayurio]Onde histórias criam vida. Descubra agora