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- Você quer abrir uma banda comigo?

Depois de termos ajudado a pobre criança que agora não tinha dente. Ele terminou de formular a sua pergunta.

- Como cantora? Quero. Quem será Pabllo perto de mim?

- Com certeza alguém com a voz mais afinada... Eu estava pensando...

- Uau, ele pensa...

- Posso terminar? - concordei com a cabeça. - Você é tão boa agredindo as pessoas, talvez seja boa numa bateria. Recebi uma proposta para reviver a banda Putinhas Aborteiras, considerando que todas as antigas integrantes já morreram.

- Mas ué, elas nem são tão antigas assim.

- Elas morreram em clinicas de aborto clandestinas.

- Quem te fez essa proposta?

- Não trabalho com nomes.

- Eu preciso conversar com meus pais antes. Vou ver e te aviso.

Sai dali e fui direto pra casa.

A porta estava aberta, parecia ter sido arrombada. Entrei em casa encontrando cacos de vidro pelo chão.

- Pai? - chamei e segui até a cozinha.

O que vi me fez soltar um berro.

- Berro.

Corri até meus pais que estavam no chão, cada um com uma faca cravada no peito. Peguei meu celular no bolso já tremendo e liguei para a ambulância.

Não importa se meus pais tentaram me prostituir pro filho de um ditador ou não, eles ainda eram meus pais.

Eles me criaram, me deram um teto e amor. Eram escrotos, mas eram meus pais.

O que seria de mim agora? Tenho 18 anos e estou desempregada. Não tenho avós, minha única tia mora em Londres, e eu não quero ir morar com ela.

Vou morar na rua. É isto.

Quando a ambulância chegou. Eu me encostei nela após tomar o calmante que o paramédico gatinho havia me dado. Inclusive ele me deu um número dele também.

Sou muito piranha, não sei se já perceberam.

Observei o movimento, todos os vizinhos saiam pra ver o que estava acontecendo.

Eu vi quando Joir Boloscaro chegou com Renan de carro. Ele foi direto falar com os policiais enquanto Renan procurava por mim. Quando ele finalmente me viu, veio até mim em passos rápidos e me abraçou.

Afundei a minha cabeça em seu peito liberando finalmente as lágrimas.

Eu estava me sentindo uma panela de pressão.

E naquele momento. Naquele abraço. A panela havia explodido.

A militanteOnde histórias criam vida. Descubra agora