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Olhei ao redor reparando nas plantas ao nosso redor, devia ser por volta de cinco horas pois já sentia as milhares de picadas de mosquitos, na certa que iria pegar Zika.

Caminhamos uns cinco minutos até alcançarmos uma caverna, Mayã nos aguardava lá dentro e quando nos viu sorriu se levantando e abrindo os braços.

- Bem vindos ao nosso QG temporário. Esse é o soldado Eneas - se virou apontando para Eneas sentado em cima de uma pedra revirando uma folha de bananeira com algumas bananas cortadas.

- Eu quero comida de verdade, isso aqui não alimenta nem um peixe.

- Isso, peixe, S/n, venha me ajudar - Mayã me puxou pro lado de fora da caverna.

Quando chegamos em uma distância considerável dos outros eu me soltei começando a o estapear.

- Que merda é essa, Frota? - se virou pra mim e passou a mão pelos cabelos respirando fundo antes de me responder.

- Você não iria fazer nada, então eu fiz.

- E tinha que envolver o Eneas nisso? Ele me humilhou, Mayã.

- Ah, qual é?! Nem foi tão ruim assim. Ele jogou umas verdades na sua cara e só.

O encarei boquiaberta.

- Verdades?

- O que eu disse de errado?

Revirei os olhos e comecei a caminhar na sua frente, irritada. Eu queria mesmo era jogar a cara dele na lama e deixar ele morrer com uma pedra presa na sua garganta.

Chegamos até o rio e o olhei.

- Como você planeja pegar pescar?

- Igual aos ursos.

- Com a boca? - assentiu com a cabeça. - Mas anda logo, irmão urso, não podemos ficar separados por tanto tempo.

- Você precisa relaxar, S/n, a aventura ainda nem começou - olhou para a água a analisando e se jogou nela subitamente.

Quando ele voltou carregava um peixe na mão e cuspia areia. Sua camiseta verde musgo estava molhada e seu cabelo desgrenhado. Não aguentei e me pus a gargalhar da cena a minha frente.

Mayã jogou o peixe pra fora d'água após o matar com um canivete e me olhou sorrindo com a sobrancelha arqueada.

- Vejo que ainda sabe se divertir.

A militanteOnde histórias criam vida. Descubra agora