Capítulo 7 - Verdades

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Ao acordar cedo, desci e vi que Glauco e minha tia já tomavam café, os cumprimentei e sentei para me alimentar, estava magoada com tia Renata que me deixou ir dormir sem jantar, mas eu não iria demonstrar a ela não.

- Bom dia menina. - Glauco respondeu e olhou para minha tia que não respondeu só comia.

- Assim que comer partiremos. - ela disse isso apenas.

Eu não me dei ao trabalho de responder, apenas comi e vi quando ela se retirou da mesa nos deixando só.

- Liza, não se preocupe eu estou aqui e sempre vou te ajudar. - Glauco falou sussurrando para mim apenas ri para ele e continuei comer.

Não vi Clotilde, talvez estivesse ocupada com algum mandado dela, fui para fora e olhando para os lados não vi nenhuma carruagem.

- Vamos logo pegue sua mala. - ela disse olhando para mim.

- Vamos a pé? E ainda vou levar minha mala? - indaguei.

- Claro que vamos. Você pensa que é uma princesa para andar de carruagem? Se não quiser carregar mala não leve roupas.

Mas eu lembrei que na mala tinha minha Bíblia e que não importa o peso que ela tivesse eu não deixaria minha mala para trás.

- Estou pronta. - disse já começando a caminhar com uma certa dificuldade por causa da mala pesada. Nossas malas eram uma espécie de baú de madeira e eu só uma menina para carregar.

Já estava caminhando a alguns minutos quando vejo que ela só agora se aproxima de mim dizendo:

- Desse jeito vamos chegar lá amanhã. Me dá isso aqui. - ela puxa a mala de mim com força que a faz cair e revelar o que havia dentro dela.

- Olha o que a senhora fez. - eu disse me baixando para pegar as coisas de dentro.

- O que significa isso? - ela apontou para a Bíblia que estava bem nos pés dela.

- Isso é meu. - disse pegando a mesma.

Minha tia me pegou pelos braços me colocando de pé bem em frente a ela.

- Você tem lido esse livro? - ela perguntou e eu calada olhando para ela já querendo chorar. - Me diga MENINA!

- Sim tia. - baixei a cabeça deixando as lágrimas correrem dos meus olhos.

Ela me solta sem se afastar de mim e diz:

- Quem lhe deu esse livro? Quero o nome.

- Eu achei, porque a senhora ficou tão brava?

- Porque? Ora porque, eu não tive todo o trabalho de cuidar e criar você para ser minha sucessora para lendo esse livro desfazer tudo. Foi por isso que não sentiu os espíritos ontem. Está lendo esse livro. - Ela pegou meu livro das minhas mãos e jogou longe, eu vi quando as folhas se separavam pois ele já era bem velhinho.

- Não tia, minha Bíblia. - quando eu falei essa palavra ela me bateu no rosto.

- Nunca mais chame esse nome perto de mim. Eu disse a Glauco que era uma imprestável. Você só me dá desgosto.

- Me mande para meus parentes se livre de mim. - eu tomei coragem de dizer.

- Que parentes? Você não tem ninguém por você foram todos mortos e pensam que você também está.

- Então é verdade, aquela corrente com o nome Beatriz é minha? Eu sou Beatriz tia?

- Você mexeu nas minhas coisas sua curiosa? - outro tapa e eu chorava.

- O que foi Renata? - Glauco se aproxima me olhando confuso.

- Eu não lhe disse que estava estranho ela não se interessar pela feitiçaria? Na mala dela tinha um livro da capa preta.

- Onde ela conseguiu o livro? - aí ele olhou para mim com uma cara de quem pedia socorro. - O que vai fazer com ela agora? - ele olhava para a mão dela que segurava meu braço com força.

- Tome essa imprestável tranque ela na cabana que vou decidir o que fazer. - disse e me jogou nos pés de Glauco e saiu furiosa.

- Venha Liza, vou lhe deixar na cabana.

- E se ela fizer mal a Clotilde pensando que foi ela quem me deu?

- Fará não a senhorita Clotilde não se encontra no castelo. Preciso lhe deixar lá não sei se ela vai atrás de nós. 

Eu me levantei, juntamos minhas coisas jogadas no chão, eu chorava muito, fui atrás da Bíblia mas Glauco pediu que eu deixasse ela lá e me daria uma outra.

- Como assim me dar uma outra? - eu perguntei achando estranho o namorado da minha tia dizer isso.

- Eu não sou quem pensa que é. - ele disse fechando a mala novamente.

- Quem devo pensar que é?

- Eu sou um protetor seu menina.

- Como disse?

- Vamos caminhando e te conto tudo no caminho.

- Por favor me afirme uma coisa eu sou a Beatriz a criança que sumiu?

- Sim.

- Mas quem me trouxe para cá?

- Deixa eu te contar do começo.

Fomos caminhando e ele me contando tudo que aconteceu comigo e como eu fui parar nas mãos da bruxa e o que ele tem passado para tentar me ajudar. Inclusive o plano dele de tentar fazer eu fugir.

- Então é isso, eu deixo você na cabana vou tentar contar com a ajuda de Frederich para lhe tirar do pântano e ver se conseguiremos te livrar dessa prisão que vive.

- Resumindo você me trouxe e quer me tirar.

- Me perdoe, eu temi deixar um dos piratas te trazer e lhe fazer algum mal.

- Eu sei que não teve outro jeito. Obrigada por ter se arriscado e sacrificado por mim. Mas onde está dona Clotilde?

- Eu a mandei fazer umas compras para o castelo, parece que estava adivinhando o que ia acontecer.

- Acha que ela vai tentar me fazer algum mal?

- Não acredito pois vejo que ela gosta da senhorita, mas não podemos confiar piamente.

Quando chegamos na cabana ele não me trancou como ela mandou, pegou as chaves me deu uma e levou uma cópia da mesma, disse que se eu ouvisse barulho de quem quer que seja eu me trancasse rapidamente. Então partiu subindo no cavalo e voltando para o castelo.

A cabana estava mais escura do que me lembrava, suja e cheia de teias de aranha, fui tentar limpar para deixar agradável. Agora eu sabia quem eu era, uma princesa de uma terra chamada Lusoc e me chamava Beatriz, pena que meus pais morreram, mas um dia eu irei conhecer minha terra eu creio.

"Obrigada Senhor, pois agora não preciso mais fingir que gosto de bruxaria, agora eu posso contestar com ela e me negar seguir os passos dela, também te agradeço por eu descobrir a verdade sobre minha vida. Ah e obrigada por ter me colocado pessoas boas para cuidar de mim."

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