Capítulo 11 - Enganada

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Eu entrei na casa e fui preparar algo para comer com o senhor Glauco, ele havia pensado em tudo pois na mochila que colocou na mesa em cima da mesa da cozinha havia comida para uma semana.

- O jantar está pronto senhor Glauco. - gritei ainda da cozinha para ele que estava na pequena sala da cabana mas bem decorada com sofá e uma mesinha de centro muito bonita na cor branca. Certo estava tudo um tanto cheio de poeira e os móveis cobertos com panos brancos, mas nada que uma ajeitada não resolvesse.

- Pelo cheiro acho que você é uma grande cozinheira.

- Acredito que sua fome não me deixa acreditar nas suas palavras senhor.

Rimos e nos sentamos para comer e ele começou a me explicar o que tinha em mente para a tia não me encontrar.

- Amanhã de manhã vou te deixar aqui e vou tentar falar com Estrela, ver o que dá para ela fazer em ir embora com você para outro país. Cuidado não saia e se sair não se afaste da casa, aqui dentro está segura, por tudo no mundo não entre na floresta para os vigias da rainha não a ver e não dizer onde está.

- Sim senhor, eu não tenho por que sair.

- Vamos fazer tudo certinho para não haver erros pois eu também cansei de fingir amor a ela, meu coração já tem dona e com certeza aquela bruxa velha não é.

- Senhor Glauco, sabe dizer se eu tenho algum parente?

- Eu não sei dizer menina pois não fui na expedição que lhe pegou no lugar onde foi tirada, mas estou investigando e se tiver é melhor por enquanto que não lhe vejam para a bruxa não lhe encontrar.

- Tudo bem, só estava curiosa mesmo.

- Mas se alegre, amanhã eu lhe trarei uma Bíblia e uma data para você ver a Clotilde e a Estrela.

- Dona Clotilde não está mas no castelo?

- Não sem você lá a nossa missão terminou e o imperador a dispensou ela que voltou para sua família e eu estou tentando te ajudar para ver se consigo o amor de uma jovem mulata que amo muito.

- Estrela?

- Não diga a ela, pois temo que se souber não me queira.

- Posso lhe ajudar com ela se quiser.

- Veremos no futuro como ficará. Vá se deitar eu arrumo a cozinha e logo também irei deitar.

- Boa noite senhor Glauco.

- Boa noite menina.

Me direcionei a um dos dois quartos que havia ali na casa e após bater os lençóis e me trocar fiquei deitada agradecendo ao Papai do céu por esse livramento de não estar na cabana do pântano e aproveitei para pedir que o senhor Glauco consiga o amor de Estrela pois ele está sendo muito bom comigo.

Na manhã seguinte ao acordar eu não vi mais o senhor Glauco dentro da casa ainda olhei nos arredores e então lembrei que ele disse que iria cedo para voltar logo. Fui tomar café que o mesmo já havia deixado pronto e passei a limpar a casa, tirar todo aquele pó foi tarefa difícil, então decidi colher flores para colocar nos jarros e enfeitar um pouco aquele ambiente de refúgio que encontramos.

Coloquei a capa, peguei uma cesta que encontrei na cozinha e sai para o jardim da casa em busca das flores. Foi quando eu ouvi vindo de dentro da floresta a voz de Fred me chamando, lembrei que Glauco me disse que ele estava a minha procura então imaginei ser ele ainda pensando que eu esteja perdida. Soltei a cesta no chão e segui para dentro da floresta me esquecendo das recomendações de não entrar nela.

- Beatriiiizzzz. - eu o ouvia gritar meu nome.

- Estou aqui! - gritei de volta.

Eu seguia para dentro da floresta gritando por ele e o ouvia gritar por mim, até que em dado momento já estava um pouco escuro pois com o acúmulo das árvores a luz do sol não penetrava direito eu não consegui mais ouvir a voz de Fred.

- Fred? Freeeed? Está perto?

Foi quando eu vi aparecer minha tia na minha frente.

- Tia?

- Não me chame assim, é rainha Renata para você.

- Mas... mas...

- Mas nada sua garota ingrata e insolente.

Ela caminhava lentamente em minha direção e eu dava passos para trás com medo dela. Me arrependi muito em não ter ouvido senhor Glauco e ter entrado na floresta.

- Onde está Fred? - pergunte para ela com medo que ela tivesse feito nenhum mal para ele.

- Acho que no castelo com o pai dele. Seu namoradinho é um covarde que não veio atrás de você, agora você? É uma boba inútil que não serve para nada, pensei em te fazer poderosa, te dar tudo do bom e do melhor, deixar o mundo inteiro aos seus pés e me negou. Mas não tem problema não eu arranjo facilmente outra e coloco em seu lugar. - nisso ela vinha cada vez mais para cima de mim lentamente. - O que faço com você? Não sabe? Perdeu a voz? Vou me livrar de você depois do mentiroso do Glauco e todos que estão me traindo junto com você sua sua - ela não terminou a frase e eu caí num barranco que havia por trás de mim e não tinha visto.

- Naaaaaaaãooooooooooooooooo! - eu gritava enquanto caía em alta velocidade, foi quando eu bati em algo que não sei o dizer se foi no chão no meio das rochas só sei que o mundo escureceu e minha voz não saia mais e lentamente fui caindo em uma escuridão sem fim.

Renata Narrando:

Eu não queria fazer mal a menina, eu gostava dela, quando tive a ideia de usar um feitiço imitando a voz de meu neto para atrair ela até mim foi apenas para amedrontar ela e levar ela de volta ao castelo, estava até disposta de perdoar ela, os olhos dela sempre desde a primeira vez que eu vi foram suaves e sorriam para mim. Agora eu olho para baixo dentro desse barranco profundo e não vejo sinal dela.

- O que será de mim? - eu chorava ajoelhada na beira do barranco sem saber o que fazer.


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