Capítulo 15 - A seleção

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Eu já estava melhor e então fiz questão de descer e ir dormir no quarto de Estrela com ela e contra a vontade de Fred que insistia em que eu ocupasse um dos quartos do andar de convidados do palácio.

- Você é muito tola vir dormir aqui comigo na simplicidade, rejeitar o conforto que o príncipe te ofereceu. - diz Estrela abrindo a porta do quarto dela.

- Não seja boba, eu não sou de gostar mais de luxo você me conhece. - falo olhando para o quarto de empregados que ela ocupa e vendo que não é tão ruim assim, tem duas camas de solteiro, uma mesa, armário e até banheiro. O quarto é todo pintado de bege com móveis de madeira que dão um caimento lindo ao cômodo. - Amei isso aqui. - digo a ela e a mesma revira os olhos.

Arrumamos minhas coisas e então eu pergunto se posso ajudar, ela diz que o rei falou que eu era visita, esse ainda não conheci mais pelo visto acho que vou me demorar aqui, Estrela não está podendo pedir demissão pois tem umas contas para pagar e precisa do dinheiro. E Glauco viajou a mando do imperador e não voltou ainda, nem sabe que eu acordei.

- Vou andar por aí então já que não posso ajudar.

- Vá mas não se perca isso aqui parece um labirinto.

Sai pelas portas dos fundos do palácio e dou de cara com um jardim muito lindo que logo começo a caminhar por ele e agradecendo a Deus eu poder estar vendo a luz do sol novamente. Estou sentada no jardim quando Estrela chega perto de mim eufórica.

- Você não vai acreditar no que eu ouvi. - ela diz chegando perto de mim.

- Se você me disser eu acredito. - falo sorrindo.

- O príncipe Frederich vai fazer uma seleção para escolher entre elas uma esposa para ele.

- Sério? E porque isso é bom? - falei desmanchando o meu sorriso.

- Eu pensei em te inscrever. Aiii já estou imaginando você no meio daquelas riquinhas.

- Está louca? Onde posso concorrer com uma princesa?

- Talvez por ser uma princesa também? - ouço a voz que vem em nossa direção e é do rei Uzias.

- Ma...ma...majestade? - Estrela fala gaguejando do susto que ele nos deu.

- Alteza. - digo fazendo uma reverência.

- Você não lembra de mim, pois era muito pequena quando fui visitar minha mãe, mas sou filho de Renata.

- Um prazer lhe conhecer vossa majestade. - disse.

- Era uma menina linda e se tornou uma jovem mais linda ainda, por isso tem pessoas suspirando seu nome por aí.

- Não entendi. - disse a ele.

- Deixe para lá, vi lhe dizer que se quiser pode ficar morando conosco, vou ver um jeito de avisar sua tia verdadeira que está aqui, até lá é nossa convidada. - ele abriu um sorriso para mim.

- O senhor conhece minha tia?

- Sim, se quiser saber sobre ela aceite tomar um chá comigo e lhe conto tudo que sei dela.

- Eu aceito sim, quero saber de meus parentes. - nos despedimos de Estrela e fomos em direção a entrada do palácio onde tinha um jardim um pouco recuado com mesa já preparada para um chá.

Ele puxou a cadeira para que eu sentasse, circulou a mesa e sentou, tudo isso numa classe e numa diplomacia que dá inveja.

- Pode se servi do chá, princesa Beatriz. - ele disse com um leve sorriso nos lábios.

- Porque o senhor me chama de princesa?

- É o que a senhorita é só não sabia ainda. - diz se servindo do chá.

- Não entendo tia Renata nunca me falou nada a respeito. Se bem que... - paro de falar quando lembro que iria falar mal da própria mãe dele.

- Se bem que ela nunca lhe tratou com a verdade? Pode dizer é minha mãe mas não era nenhuma santa.

- Sinto muito. - disse e comecei a me servir do chá.

Instaurou-se um silêncio enorme em nosso meio e foi quebrado por mim quando perguntei:

- O que sabe sobre minha família?

- Quase tudo se não souber tudo. - ele diz terminando de comer um pãozinho de queijo.

- Pode me contar qualquer coisa já que não sei nada?

- Claro o que deseja saber?

- Meus pais.

- Seu pai era um príncipe, estudou comigo na escola real, era um jovem corajoso e respeitoso também, sofreu muito na vida do seu avô que não passava de um pinguço jogador de poker. Casou-se com sua mãe que era uma princesa e filha de um amigo do meu pai, tiveram você e infelizmente o resto da vida deles você sabe.

Eu estava muito curiosa para perguntar mais sobre minha família.

- Eu sou de uma cidade chamada Lusoc?

- Sim a rainha de lá é sua tia. - percebo os olhos dele mudar quando fala de minha tia. - Ela é uma mulher incrível, forte, lutadora, também sofrida como seu pai, mas que aprendeu a superar a dor e as percas e levantou o país do lodo o transformando numa grande potência.

- Nossa o senhor fala com tanta admiração dela. Como é o nome dela mesmo?

- Eloísa. - vejo ele corar quando se refere de minha tia.

- É casada? Tem filhos? É longe daqui?

- Calma princesa. - ele diz rindo. - Sua tia casou com um pas.. um príncipe que também estudou comigo mas não somos muito chegados não. Tem dois filhos gêmeos Bruno e Breno.

- Nossa que lindo! - digo admirada por eles já.

- Eles estão longe pois o imperador César está doente e como o marido de Eloísa é irmão dele está substituindo o irmão.

- Hum, mas ela sabe que estou viva?

- Não tem certeza, só quem sabe sou eu e César, mas como ele está em coma não pode contar e acredito que minha carta não chegou nem na metade do caminho ainda. Teremos que ter paciência para esperar a resposta dela.

- O senhor é amigo de minha tia?

- Não isso é uma outra história que não quero contar agora tudo bem?

- Tudo bem, desculpa.

- Com licença que o dever me chama. - ele diz se retirando da mesa.

- Eu tenho uma família. - digo para mim mesma sorrindo.



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