Capítulo 4 - Primeiras aulas de bruxaria

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Renata narrando:

Estou sentada no meio do bosque olhando Liza correr de um lado para outro. Ela não para tem muita energia e tem uma obsessão por borboletas desde pequena vive correndo atrás delas.

- Estrela, quero que vá na cidade com Glauco comprar mais coisas para Liza perceba que essa roupa que ela usa agora é inapropriada pois já está muito curta.

- Senhora, e quem cuidará da menina?

- Eu cuido, mas vá e não se apresse a voltar pois ela ficará bem.

Eu ia hoje começar dar aulas para Liza e não queria a mexeriqueira da babá perto. Eu já peguei ela várias vezes contando histórias de princesa e do Homem lá de cima para ela e sei que não vai gostar de me ver iniciando Liza na magia negra.

Esperei Estrela sair com Glauco, para chamar Liza para perto de mim. Recomendei a Glauco que se atrasasse na viagem, geralmente eram dois a três dias para ir na cidade e voltar de carruagem, mas eu queria que ele demorasse mais.

- Liza querida, quer ir dar uma  volta com tia?

- Quero titia. - ela estava agora com quatro aninhos e falando tudo muito explicado ou quase tudo.

Saímos caminhando em direção ao pântano.

- Tia onde estamos indo?

- Liza, tia vai ensinar a você ser uma mulher forte e corajosa e que não sente medo de nada nem de ninguém.

- Tá certo titia.

A medida que íamos chegando ao pântano eu via que ela ficava com aquela expressão no rosto de quem estava curiosa.

- O nome desse lugar é pântano e aqui é um lugar onde só corajosos conseguem vir.

- Eu sou corajosa. - ela disse e olhou para mim com um sorriso.

- Quando peguei você que estava sozinha no mundo sem ninguém para cuidar, prometi que faria de você o que sou hoje e vamos hoje começar seu treinamento.

- Eu vou usar esse chapéu com chifres?

- Não sei vai depender até onde você irá chegar na sua iniciação.

- O que tenho que aprender?

- Hoje só a não ter medo minha pequena.

Estávamos mais perto de chegar até a casa que preparei, nela tinha um porão onde eu coloquei lá todos os insetos que as mulheres geralmente tem medo, vou deixar Liza um tempo lá dentro e ver se ela vai ter medo.

- Liza, se você me provar que tem realmente coragem, mandarei fazer o que quiser comer e lhe darei um presente lindo.

- Eu tenho coragem tia. Estrela disse que por todo lugar somos protegidos. Então não tenho medo de nada.

- Então entre e desça essas escadas, lá em baixo não tem luz só a luz da lua que entrar, você ficará lá até ouvir minha voz lhe chamando. Tudo bem?

- Tudo bem titia. Pode deixar eu vou.

Fiquei observando ela descer muito lento houve um momento que achei que ela iria voltar, mas não ela desceu até o fim e ouvi a porta se abrindo e depois fechando. Essa menina me surpreende muito, com certeza ela é a pessoa certa para ficar no meu lugar.


Beatriz narrando:

Minha tia pediu para eu ser corajosa, eu não sei dizer mas senti que tinha um dever de ser corajosa mesmo, de não temer nada nem ninguém, é como se eu tivesse sido escolhida para uma missão especial.

Descer aquelas escadas escuras e cheias de lodo não foi tarefa fácil, ao abrir a porta dei de cara com um quarto mal iluminado e muito sujo, vi alguns insetos correndo de um lado para outro e outros subindo pelas paredes, a única luz que tinha no quarto era a da lua que naquele dia era cheia.

Ao entrar, girei a cabeça pelo lugar, e fui fazer aquilo que Estrela disse para eu fazer quando eu me sentisse só ou com medo. E com certeza a segunda opção seria a correta naquele momento.

- Papai do Céu, o Senhor que é tão forte e sábio, aquele que é capaz de curar e guardar agente aqui em todos o momentos, venha aqui comigo, não deixe nenhum inseto me picar e nem que eu venha desfalecer nesse lugar, me mostre o que queres de mim e sempre me leve pelo caminho da luz.

Após conversar com Deus eu me senti melhor, até senti sono então deitei na cama que havia ali e dormi, tendo a certeza que Ele me guardaria. No meu cochilo eu sonhei que um homem muito bonito me dizia que havia pessoas querendo me levar para o caminho errado mas que eu não seguisse essas pessoas pois eu havia sido escolhida para uma missão especial.

Acordei sobressaltada sem saber direito onde eu estava, olhei a minha volta e lembrei que estava no quarto que minha tia havia mandado eu ficar, percebi que não havia mais bichos ali e que a lua estava iluminando mais forte o quarto. Então eu olhei para o céu e agradeci.

- Obrigada Papai do Céu, agora eu sei que em tudo me proteges.

Ouço passos na escada e sento-me na cama esperando quem está vindo.

- Liza? Abra a porta Liza. - era a voz de minha tia.

Abri a porta e vi que ela tinha uma bandeja na sua mão.

- Oi tia. - dei passagem a ela.

- Como está aqui? - ela disse olhando em volta.

- Normal.

- Olhe tia está muito orgulhosa com sua coragem, vim para deixar comida para você passar três dias comendo, no final do terceiro dia eu lhe tirarei daqui.

- Tia porque a senhora quer me deixar aqui?

- Como eu disse preciso que aprenda ter coragem e não temer ninguém nem nada. - ela disse isso e saiu trancando a porta por fora.

Eu estava ali novamente sozinha, senti quando lágrimas começaram a descer dos meus olhos, se essa comida era para três dias então eu iria demorar sair dali. Não sabia o propósito de estar passando por isso, mas uma vez ouvi ela dizer que eu sou sua sucessora.

- Senhor do Céu, me livra aqui nesse lugar, se for minha tia que queira me levar para o mal caminho me ensine a tratar com ela, eu não quero ser ruim para ela Deus.

Fui olhar a comida e havia três maçãs, três copos de água e um pão. Eu parti o pão em pedaços e comi a maçã e a água que estava ali guardando os outros para os outros dias.

Eu tenho quatro anos só, mas Estrela sempre diz que sou muito inteligente e decoro rápido tudo que ela me ensina. Então eu começo a contar história para ninguém ali naquele quarto até cansar e adormecer. Eu sonhei com um menino vindo ao meu encontro e rindo para mim.

Ainda bem que só falta um pouco de tempo para eu sair desse quarto, não aguento mais estar aqui, estou com saudades de Estrela e de Clotilde com seus bolos.

- Liza? Posso abrir?

- Pode tia. - falei sem querer mostrar para ela a felicidade que eu estava de ouvir a voz dela.

Ao abrir a porta ela me abraçou e disse que estava orgulhosa de mim. Eu sorri com o elogio e fomos de volta para o castelo onde agente morava.


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