Capítulo 18 - Lusoc e Tia Eloísa

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Não sei dizer o que senti quando a carruagem saiu dos portões do castelo deixando Fred para trás. Eu queria voltar mas eu sei que não poderia, primeiro por que talvez ele não me receberia e segundo por que eu precisava conhecer minha tia e meus primos Bruno e Breno que eu já amava.

Passei dias na estrada e minha única companhia agradável era a Bíblia pois Glauco vivia tentando me convence a dar uma segunda chance a Fred e não dava, ele deixou eu partir sem diminuir a distância entre nós, ele me deu as costas quando eu queria seu apoio. Estava orando para Deus tirar ele do meu coração isso sim.

Quando eu cheguei em Lusoc minha cabeça estava a mil, a adrenalina por finalmente conhecer minha terra, eu rodava a cabeça fora da carruagem olhando tudo e era engraçado as pessoas viam a carruagem real e já acenavam para mim e eu retribuía.

- Eloísa está lhe esperando no palácio na porta da frente. - diz Glauco aproximando o cavalo da janela onde eu estava.

- Estou bem Glauco? Digo apresentável? - pergunto a ele pela quinta vez nesse dia eu acho.

- Pela milésima vez está linda, sua tia não olhará para sua aparência e sim para a pessoa que és.

- Estou nervosa só isso.

Passamos pelos portões do castelo e a carruagem ainda seguiu um tempinho até finalmente parar. Eu desci e fui guiada por Glauco até chegar em frente a tia Eloísa.

- Minha nossa como você é linda! - ela diz emocionada e eu sorrio.

Nos abraçamos e começamos a chorar de felicidade, quando vejo os meninos vindo em nossa direção correndo eu reconheço um deles como sendo o garotinho que eu sonhava com ele quando estava trancada.

- Eles são lindos tia. - digo para ela abraçando eles.

- Linda é você, vem vamos entrar e te mostrarei seu quarto, temos tanto para conversar.

- Onde está seu marido? - pergunto lembrando que não fui apresentada a ele onde até os criados estavam na frente me esperando.

- Ele ficou em Roma, não está dando para se ausentar de lá como é uma metrópole precisam de um soberano e acredito que César não escapará.

- Sinto muito.

- Todos nós sentimos ele é um homem de Deus e ajudou muito a todo mundo.

- Até a mim enviando Clotilde.

- Como?

- Esse César, colocou uma senhora para trabalhar na cozinha da rainha Renata mas na verdade a mulher é uma espiã dele que o informava como eu estava e cuidava de mim.

- Eu nem sonhava com isso. - ela diz me abraçando mais uma vez.

Ela fez questão de pessoalmente me mostrar todo o castelo e explicando os detalhes de tudo.

- Essa porta aqui dá para seu quarto antigo. Foi daqui que você foi tirada e nunca mexemos nele, pode entrar se quiser ou não.

Eu abri a porta e fiquei ali na porta paralisada olhando tudo que foi meu um dia e que nunca sonhei que tivesse. Comecei a caminhar no quarto e ouvi a porta se fechando, ao olhar percebi que minha tia havia saído.

- Deus é tão bom estar aqui, saber de onde sou, que existe pessoas que são sangue do meu sangue, obrigada Pai. - eu digo em voz alta alisando o meu berço.

Mexendo nas coisas que tem no quarto encontro um diário, não espero duas vezes e o abro era de minha mãe, começo a folhear e vejo que ela conta tudo que acontecia comigo como se estivesse conversando comigo. Não aguento ler começo a chorar.

- Faz bem chorar minha linda, coloque tudo para fora, mas não se sinta uma pobrezinha, pois você não é, és especial e muito querida por todos e pode ter certeza que é escolhida de Deus para guiar o povo de Lusoc.

- Não sei tia Eloísa, nunca convivi com pessoas além de Estrela e a rainha, talvez eu seja uma negação.

- Que tal deixar Deus trabalhar?

- Esse pode ser meu quarto? Se não se importar?

- Ele já é seu minha menina, só mude o que achar conveniente tudo bem?

- Obrigada, estou feliz de estar aqui.

- Nós também estamos felizes de tê-la aqui filha minha. - disse e me abraçou novamente.

- Vamos descer que o senhor Glauco está esperando para jantarmos juntos.

- Eu havia me esquecido dele. - digo colocando a mão na boca.

- Compreensível. - ela ri e saímos juntas do quarto.

O jantar se deu em torno de Glauco contando histórias engraçadas para os meninos e eles fazendo muitas perguntas para ele. Eu lembrei de Fred e queria ficar triste mas ao olhar o olhar de amor da minha tia o meu coração se aqueceu novamente.

Eu estava amando cada minuto e cada segundo aqui, mas sinto que falta algo como se uma pedrinha do quebra cabeça não se encaixasse e essa pedra tem nome e endereço e é dono de uma cabeça dura que não teve jeito de amolecer.

Já era muito tarde da noite quando os meninos finalmente se aquietaram, estavam eufóricos com a minha presença e tive que ir para o quarto deles colocar eles para dormir. Contando a história da rainha Ester para eles.

- Você tem um rei Assuero como Ester, Beatriz?

- Não eu não tenho, eu achei que eu teria um príncipe encantado mas ele virou sapo.

- Eca, eu não quelo vilar sapo não Beatliz. - disse Bruno com cara de nojo.

- Eu prometo que não virará. Agora durmam se não amanhã não brinco com vocês.

- Boa noite. - disseram igual.

- Boa noite. - respondi dando um beijo em cada um.

- Beatliz?

- Oi Bruno.

- Se você beijar ele, vai deixar de ser um sapo?

- Talvez não, nem todos os príncipes deixam de ser sapos após virar um.

Foi pensando nisso que também adormeci e sonhei com meu sapo lindo que amo.

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