Capítulo 10 - Voltando para a cabana

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A chuva havia passado já fazia algum tempo então saí da toca onde havia me escondido e comecei a caminhar novamente, o chão estava um pouco íngreme nessa parte do pântano e como estava molhado eu escorreguei e desci rolando até a beira de um rio cheio de lama. Quando estava quase saindo do rio, vi minha tia que não falou só acenou para mim a seguir.

Eu obedeci ela mesmo sem saber para onde estava me levando ou o que ia fazer comigo, mas qualquer coisa era melhor do que ficar aqui só. Caminhamos um pouco ainda e ela totalmente calada não dizia uma palavra, na minha cabeça a pergunta como ela sabia onde eu estava?

- Tia como me achou? - resolvi quebrar o silêncio.

- Quem lhe disse que estava perdida? Sempre soube de cada passo seu. - foi ouvindo isso que lembrei de Fred, será que ela nos viu juntos?

Ao chegar na frente da cabana ela parou e eu também ficando de frente para ela, estava com muito frio e com medo dela não vou mentir, senti medo pela primeira vez dela me maltratar.

- Está vendo? Tentou fugir, tentou ficar longe de mim, mas na hora que está sozinha e sofrendo só eu venho em seu socorro. Ainda é ingrata e não quer me obedecer.

Baixei minha cabeça e a felicidade que estava molhada ela não iria perceber que eu estava chorando.

- Entre, tome um banho e a sopa que lhe preparei depois nós vamos conversar.

Não esperei ela dizer mais nada assim eu fiz, tomei um banho, tirei a lama, joguei o vestido fora pois estava todo rasgado e não iria prestar pra nada mesmo, vesti um outro vestido e fui tomar a sopa, vi que ela estava em um outro cômodo e então sentei para me alimentar.

- Acho que teve alguém aqui. - ela entra na sala dizendo.

- Como sabe? - perguntei colocando a colher no prato.

- Eu sei de tudo. Meus guias não me deixam leiga em nada. - disse me olhando e eu acho que corei lembrando que conversei com Fred.

- A senhora vai passar a noite aqui? - tentei fugir do assunto.

- Não o Glauco virá me buscar. Mas você ficará aqui e o Glauco vai voltar para lhe vigiar.

- Não vou mais sair tia, percebi que não tenho para onde ir minha única família é a senhora. Eu só não queria ser feiticeira.

- Sabe o que significa não seguir a minha vida? Que precisarei sacrificar você aos guias. Pois foi escolhida e treinada até hoje para ser minha sucessora e eles não vão aceitar o contrário. Não diga nada, pense no que quer para seu futuro. - dito isso ela saiu batendo a porta e ouvi quando a trancou, como só havia essa entrada e as janelas eram gradeadas, eu estava novamente presa.

Fui para o quarto, deitei e chorei tudo que tinha e não tinha para chorar, não vi a hora que adormeci, só sei que dormi e sonhei com um lugar lindo, um gramado verdinho, flores tão bonitas que pareciam que sorriam para mim. E o menino que eu sempre sonhava, ele era gêmeo nesse sonho e os dois corriam para mim me chamando de titia. Acordei um pouco aérea e não pude deixar de gritar ao cair da cama.

- Aiii! Nossa que coisa, eu caí da cama. - disse me levantando e indo fazer a minha higiene ainda sentindo dor da queda.

- Liza? - ouço Glauco me chamar e lembro onde estou.

- Pode abrir estou aqui e bem.

- Eu sei que está aqui, só ouvi uma pancada, vim ver se estava tudo bem mesmo.

- Acho que eu caí da cama. - fechei os olhos e ouvi ele rindo.

- Desculpa eu não queria rir.

- Tudo bem até eu ri de mim mesma.

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