A chuva havia passado já fazia algum tempo então saí da toca onde havia me escondido e comecei a caminhar novamente, o chão estava um pouco íngreme nessa parte do pântano e como estava molhado eu escorreguei e desci rolando até a beira de um rio cheio de lama. Quando estava quase saindo do rio, vi minha tia que não falou só acenou para mim a seguir.
Eu obedeci ela mesmo sem saber para onde estava me levando ou o que ia fazer comigo, mas qualquer coisa era melhor do que ficar aqui só. Caminhamos um pouco ainda e ela totalmente calada não dizia uma palavra, na minha cabeça a pergunta como ela sabia onde eu estava?
- Tia como me achou? - resolvi quebrar o silêncio.
- Quem lhe disse que estava perdida? Sempre soube de cada passo seu. - foi ouvindo isso que lembrei de Fred, será que ela nos viu juntos?
Ao chegar na frente da cabana ela parou e eu também ficando de frente para ela, estava com muito frio e com medo dela não vou mentir, senti medo pela primeira vez dela me maltratar.
- Está vendo? Tentou fugir, tentou ficar longe de mim, mas na hora que está sozinha e sofrendo só eu venho em seu socorro. Ainda é ingrata e não quer me obedecer.
Baixei minha cabeça e a felicidade que estava molhada ela não iria perceber que eu estava chorando.
- Entre, tome um banho e a sopa que lhe preparei depois nós vamos conversar.
Não esperei ela dizer mais nada assim eu fiz, tomei um banho, tirei a lama, joguei o vestido fora pois estava todo rasgado e não iria prestar pra nada mesmo, vesti um outro vestido e fui tomar a sopa, vi que ela estava em um outro cômodo e então sentei para me alimentar.
- Acho que teve alguém aqui. - ela entra na sala dizendo.
- Como sabe? - perguntei colocando a colher no prato.
- Eu sei de tudo. Meus guias não me deixam leiga em nada. - disse me olhando e eu acho que corei lembrando que conversei com Fred.
- A senhora vai passar a noite aqui? - tentei fugir do assunto.
- Não o Glauco virá me buscar. Mas você ficará aqui e o Glauco vai voltar para lhe vigiar.
- Não vou mais sair tia, percebi que não tenho para onde ir minha única família é a senhora. Eu só não queria ser feiticeira.
- Sabe o que significa não seguir a minha vida? Que precisarei sacrificar você aos guias. Pois foi escolhida e treinada até hoje para ser minha sucessora e eles não vão aceitar o contrário. Não diga nada, pense no que quer para seu futuro. - dito isso ela saiu batendo a porta e ouvi quando a trancou, como só havia essa entrada e as janelas eram gradeadas, eu estava novamente presa.
Fui para o quarto, deitei e chorei tudo que tinha e não tinha para chorar, não vi a hora que adormeci, só sei que dormi e sonhei com um lugar lindo, um gramado verdinho, flores tão bonitas que pareciam que sorriam para mim. E o menino que eu sempre sonhava, ele era gêmeo nesse sonho e os dois corriam para mim me chamando de titia. Acordei um pouco aérea e não pude deixar de gritar ao cair da cama.
- Aiii! Nossa que coisa, eu caí da cama. - disse me levantando e indo fazer a minha higiene ainda sentindo dor da queda.
- Liza? - ouço Glauco me chamar e lembro onde estou.
- Pode abrir estou aqui e bem.
- Eu sei que está aqui, só ouvi uma pancada, vim ver se estava tudo bem mesmo.
- Acho que eu caí da cama. - fechei os olhos e ouvi ele rindo.
- Desculpa eu não queria rir.
- Tudo bem até eu ri de mim mesma.
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Escolhida
روحانياتLivro 7 Beatriz nasceu em berço de ouro, mas foi tirada dos seus pais ainda bebezinha e cresceu no meio de uma floresta sendo criada por uma velha viúva má que praticava um pouco de feitiçaria. Beatriz tinha tudo para se tornar uma sucessora da mulh...