Capítulo 34 - Viagem de volta

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Seguimos nossa viagem com três cocheiros e dez soldados, mesmo assim eu estava apreensivo com o surgimento de algum grupo rebelde aparecer, não podemos garantir que eles tenham realmente ficados satisfeitos com o acordo da unificação. Temo pela segurança de Beatriz.

- Está tenso? - ela pergunta fechando o livro e me olhando. - Faz umas cinco horas que partimos e você continua tenso o que está errado?

- Não é nada demais, apenas tenho medo que os rebeldes façam uma emboscada.

- Acha que eles não vão ceder?

- Não posso garantir que vão. digo. - O que está lendo?

- A Bíblia. - ela responde passando a mão por cima da capa. - Quer ler?

- Posso ouvir você lendo não me importo.

- Quer mesmo ouvir a leitura? - ela se surpreende.

- Se não se importa de ler para mim quero. - vejo ela dar um sorriso e folhear a Bíblia.

- Vou ler a história da rainha Ester tudo bem?

- Sim e se for possível a parte onde ela faz o banquete. - ela arregala os olhos para mim desconhecendo que eu conheço a Bíblia.

"Quando Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, e vestiu-se de saco e de cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;

E chegou até diante da porta do rei, porque ninguém vestido de saco podia entrar pelas portas do rei.
E em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em saco e em cinza.
Então vieram as servas de Ester, e os seus camareiros, e fizeram-na saber, do que a rainha muito se doeu; e mandou roupas para vestir a Mardoqueu, e tirar-lhe o pano de saco; porém ele não as aceitou.
Então Ester chamou a Hatá (um dos camareiros do rei, que este tinha posto para servi-la), e deu-lhe ordem para ir a Mardoqueu, para saber que era aquilo, e porquê.
E, saindo Hatá a Mardoqueu, à praça da cidade, que estava diante da porta do rei,
Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido; como também a soma exata do dinheiro, que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei, pelos judeus, para destruí-los.
Também lhe deu a cópia da lei escrita, que se publicara em Susã, para os destruir, para que a mostrasse a Ester, e a fizesse saber; e para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e lhe pedisse e suplicasse na sua presença pelo seu povo.
Veio, pois, Hatá, e fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.
Então falou Ester a Hatá, mandando-o dizer a Mardoqueu:
Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que todo o homem ou mulher que chegar ao rei no pátio interior, sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu nestes trinta dias não tenho sido chamada para ir ao rei.
E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de Ester.
Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.
Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
Então disse Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu:
Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.
Então Mardoqueu foi, e fez conforme a tudo quanto Ester lhe ordenou.

  Sucedeu, pois, que ao terceiro dia Ester se vestiu com trajes reais, e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do aposento.
E sucedeu que, vendo o rei a rainha Ester, que estava no pátio, ela alcançou graça aos seus olhos; e o rei estendeu para Ester o cetro de ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou, e tocou a ponta do cetro.
Então o rei lhe disse: Que é que queres, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.
E disse Ester: Se parecer bem ao rei, venha hoje com Hamã ao banquete que lhe tenho preparado.
Então disse o rei: Fazei apressar a Hamã, para que se atenda ao desejo de Ester. Vindo, pois, o rei e Hamã ao banquete, que Ester tinha preparado,
Disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? E ser-te-á concedida, e qual é o teu desejo? E se fará, ainda até metade do reino.
Então respondeu Ester, e disse: Minha petição e desejo é:
Se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha petição, e cumprir o meu desejo, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme a palavra do rei.
Então saiu Hamã naquele dia alegre e de bom ânimo; porém, vendo Mardoqueu à porta do rei, e que ele não se levantara nem se movera diante dele, então Hamã se encheu de furor contra Mardoqueu.
Hamã, porém, se refreou, e foi para sua casa; e enviou, e mandou vir os seus amigos, e Zeres, sua mulher.
E contou-lhes Hamã a glória das suas riquezas, a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o tinha exaltado sobre os príncipes e servos do rei.
Disse mais Hamã: Tampouco a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que tinha preparado, senão a mim; e também para amanhã estou convidado por ela juntamente com o rei.
Porém tudo isto não me satisfaz, enquanto eu vir o judeu Mardoqueu assentado à porta do rei.
Então lhe disseram Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinqüenta côvados de altura, e amanhã dize ao rei que nela seja enforcado Mardoqueu; e então entra alegre com o rei ao banquete. E este conselho bem pareceu a Hamã, que mandou fazer a forca."

Sou desperto do meu cochilo quando a voz dela dizendo:

- Frederich você adormeceu ouvindo a Palavra de Deus. - ela diz um pouco brava.

- Me perdoe, estava um pouco cansado, se quiser continuar eu não dormirei mais. - passo as mãos no rosto para despertar.

- Não estou com vontade. - diz fechando a Bíblia e guardando.

- Se é assim então vamos conversar? - pergunto.

- Conversar? Hum então tá bom, me conte o que faz fora dos portões do castelo todas as noites.

Eu vou a igreja, mas não quero que ela descubra assim que me converti vai parecer que estou mentindo, então eu sem opção de resposta digo:

- Isso eu não posso falar pelo menos agora. Como sabe que saio? Anda me vigiando?

- Eu? é hum... N-não apenas ouvi uns comentários. E se eu tivesse visto você sair? Qual o problema se o quarto onde fiquei da de frente para os portões? Mas eu ouvi os criados comentando só isso.

- Comentários? Está me fazendo perguntas baseado em comentários? Por favor eu já passei dessa fase.

- Que fase?

- De ir na conversa dos outros.

- O que quer dizer com isso? Me chama de fofoqueira?

- Não falei nada Beatriz, por favor não vamos brigar sim?

- Não precisa estar tão bonzinho estamos só não lembra?

Vejo que chegamos na estalagem onde iremos passar a noite e então desconverso.

- Veja chegamos na nossa primeira hospedaria. - nem dou chance dela falar desço e ofereço a mão para ela descer que pela graça Divina não me nega.

Ao entrarmos na estalagem vou com ela até o quarto onde iremos pernoitar e no corredor uma serviçal nos vê e me cumprimenta.

- Boa noite Rei Fred, quanto tempo não o vejo por aqui. - estou frito agora ela está se insinuando e eu vou apanhar de Bia.

- B-boa noite, qual o quarto para casal? - pergunto sério.

- É aquele Fred o de sempre. - ela diz piscando e eu gelo na hora.

Vejo Beatriz ficar com a cara feia e seguir para o quarto onde nos foi apontado então sigo atrás dela e fecho a porta esperando a chuva de acusações.

- O que faz aqui? - ela pergunta.

- Vim para o nosso quarto.

- Nosso? Não Frederich eu não vou dormir com você nesse quarto.

- Mas Beatriz onde quer que eu durma se somos casados e todos pensam que somos felizes?

- Todos pelo que vi nem todos.

- Faz assim eu vou sair você se troca e eu volto não se preocupe que fico no sofá e como tem essa porta que divide é como se fosse dois quartos, mas vamos evitar um escândalo?

- Tudo bem tem razão, não tenho nada a ver com sua vida privada. Mas não traga a empregada para o sofá lembre-se que estarei aqui.

- Nunca irá me ver com outra Beatriz não se preocupe pois eu...

- Não me interessa, só me respeite por favor. - diz batendo a porta do banheiro e me deixando só.

Mas o que deu nela? Será que ela pensa que sou um libertino igual Will? Não acredito nisso agora vou ter que me defender da má fama de meu amigo que recai sobre mim?


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