Capítulo 8 - Vozes

133 22 2
                                    

Não sei quantos dias faz que estou aqui nesse lugar, a rainha má não veio aqui como eu pensei que viria, talvez ela esteja pensando ainda o que fazer comigo, bom e talvez seja depois que voltar da convenção.

Estou sem a Bíblia aqui mas eu lembro de algumas passagens que li e outras que ouvi de Estrela. Não sei como ocorreu isso mas a floresta de espinhos que existe aqui no pântano parece que se multiplicou muito e tem cercado a cabana como se quisesse esconder ela. Não duvido ser coisa das bruxarias da rainha, lembro que uma vez ela pingou algo numa semente de feijão e a semente logo brotou.

Eu ouvi vozes como ela disse que eu ouvira, mas não temi a voz chamava por Beatriz e eu comecei a seguir a voz e parece que os espinhos estavam me olhando eu me sentia sendo seguida e a todo momento eu parava para olhar se alguém vinha atrás de mim.

- Beatriz, não tenha medo venha. - a voz que eu ouvia dizia e era uma voz calma e mansa eu não tinha medo.

Eu seguia o som da voz me perguntando onde eu iria chegar. Não demoro muito andando a voz para de falar meu nome e de me chamar eu paro e fico olhando em volta pensando para qual direção seguir.

- O que faz aqui? - perguntou a voz de um garoto.

- Acho que me perdi. - eu disse.

- Onde você mora? Como chegou até aqui?

- Eu temo lhe dizer a verdade e você fugir achando que sou louca. - disse sendo sincera.

- Vem vamos sentar naquele tronco, eu tenho comida aqui, podemos conversar enquanto comemos.

Eu me permiti olhar o garoto a minha frente, era um menino do meu tamanho, com roupa bonita, cabelo bagunçado e um jeito simples, tinha um belo sorriso no rosto e senti minhas bochechas corarem ao perceber que o menino era lindo.

- Parece que adivinhou que estou faminta.

- Pode comer tudo se quiser não tenho muita fome. - ele disse me dando o embrulho com comida.

- Mas isso aqui dá para nós dois dividir tranquilo. - eu disse partindo um pão ao meio.

- Me conta tudo que te aconteceu eu não vou te chamar de louca.

- Eu fui deixada numa cabana dentro do pântano por minha tia, mas ouvi uma voz chamar meu nome e dizer que eu não temesse e fosse ao encontro da voz, então eu comecei caminhar seguindo a voz, as vezes eu tinha a impressão de estar sendo seguida e olhava para trás mas não via ninguém e a voz só parou no lugar onde você me encontrou. Sou louca?

- Não eu acho que você é uma escolhida.

- Como assim?

- Meu pai disse que meu avô dizia que as pessoas escolhidas por Deus para uma obra ele as direciona mesmo se estiver no fundo do oceano.

- Oceano? 

- Sim o mar a praia, um monte de água junta onde as pessoas andam em cima num barco.

- Sim já sei é que não conhecia por oceano e sim por mar. Jesus abriu o mar vermelho.

- Agora quem não entendeu fui eu, nunca vi um mar vermelho.

- Deixa pra lá. Como se chama?

- Frederich mas pode me chamar de Fred. E você?

- Eu sou Li...Beatriz.

- Porque sua tia lhe deixou só na cabana?

- Acho que ela estava de cabeça quente. - eu tinha medo de falar para ele que ela era bruxa e ele pensar que eu sou também. - E você o que faz aqui só?

- Eu gosto de conhecer lugares diferentes, as vezes passo dias explorando a floresta ou pântano.

- Então você sabe sair daqui?

- Sim sei, para onde quer ir?

- O que tem além do pântano?

Antes dele responder começou a chover forte e raios e trovoadas eram ouvidos por nós e um raio bateu na árvore onde nós estávamos sentados e tivemos que sair as pressas dali por causa do fogo. A confusão foi tanta que acabei me perdendo de Fred eu gritava por ele mas ele não me ouvia então eu vi uma caverna e pensei em ir me proteger ali.

- Deus não me deixe morrer aqui nesse pântano. - eu dizia tremendo de frio. - Por favor me tire daqui.

Eu ficava pensando como seria isso, eu iria para onde? Viver com quem? Eu nunca havia ido na cidade, nunca havia convivido com pessoas, talvez fosse melhor não sair do pântano. A chuva parou e eu fui fazendo um caminho que eu achei que seria de volta para a cabana.

Para onde estará indo Beatriz?

EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora