Capítulo 8

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POV Patrícia

Convido Rodrigo para o terço na casa de Edmilson. Ele havia me chamado para um sorvete, mas já havia combinado com minha mãe. Ele aceita de pronto e sei que é porque quer ficar o máximo de tempo junto comigo. Estou pensando seriamente em dar uma chance para ele. Ainda sou apaixonada pelo Ed e acho que sempre serei, mas ele não me ama assim e esse meu novo amigo mostra grande interesse em mim e é um amor.

Sei que Ed não gosta dele, talvez até esteja enciumado, mas não acredito que seja pelo motivo que eu gostaria. Só tem a mim como amiga e é normal que não goste da concorrência. Porém, pelo jeito decidiu expandir sua roda de amigos, já que anda de conversa com a Karen. Vi como ela olhou e sorriu hoje para ele e tive que me segurar para não chorar, ao vê-lo sorrir de volta.

Quando ele começou a falar dela na saída, precisei correr para dentro antes que ele visse minhas lágrimas. Foi quando convidei o Rodrigo para vir até sua casa hoje.

Agora, estamos aqui em sua casa, mas ele se afastou. Provavelmente está em seu ateliê pintando. Suspiro e volto minha atenção para o que meu novo amigo está dizendo.

- José, deixa de gulodice. Sabe que não pode abusá de doces – vovó briga com seu pobre amigo, quando ele tenta pegar mais uma fatia de bolo de chocolate.

- Mas Severina querida, está tudo tão saboroso. Tenho culpa se as mulheres desta família têm mãos de fada para cozinhar?

- Eu que não vou ficá fazendo chazinho para você se passá mal. Homem abestado.

Estou rindo do casal quando minha mãe se aproxima.

- Filha, vamos embora? – ela fala, pegando meu braço e noto sua palidez.

- Está tudo bem?

- Acho que estou com meu fígado atacado. Estou enjoada e até o cheiro do chá está me incomodando, e olha que adoro tudo o que Maria faz – ela fala baixinho, para que ninguém ouça.

- Vamos, só vou chamar o Rodrigo.

Despedimos de todos rapidamente e não procuro Ed, pois minha mãe parece mal.

- Obrigado pelo convite, Patrícia. Fui uma noite muito agradável. Nunca participei de um terço antes, mas gostei do clima de amizade.

- A família do Edmilson é mesmo muito querida. Iremos amanhã às 15h à padaria.

- Passo aqui para irmos juntos – ele se despede com um beijo em meu rosto e entro.

Minha mãe sobe para seu quarto e vou para o meu também. Meu pai já está dormindo, e posso respirar aliviada.

Na escola, Ed senta-se longe novamente e não sei o que está acontecendo. Sinto-o me observando de longe, mas ele quase não fala comigo aqui e, pelo caminho, manteve-se calado o percurso todo. Tenho tanta saudade dele, mas não sei como me aproximar novamente. Ele parece não me querer mais por perto, mas está sempre conversando com aquela Karen.

Após a aula, corro para a casa e não espero Ed. Estou muito magoada e não sei como agir perto dele. Deito em minha cama e choro até meu coração ficar mais leve. Depois almoço, faço minhas tarefas e me arrumo para esperar por Rodrigo.

Passamos na biblioteca para ele retirar outro livro da Agatha Christie, e escolhe O Misterioso Caso de Styles, o primeiro em que Hercule Poirot aparece e está muito animado em começar a leitura. Aproveito para trocar o meu volume também, já que o terminei um pouco antes dele chegar.

Ed está com a Karen em uma mesa de canto, e meu coração contrai dolorido ao ver como ela sorri sedutora, empenhada em conquistá-lo.

Na cafeteria, escolhemos poltronas confortáveis lado a lado e pedimos cappuccinos e bolo de chocolate. Entretenho-me com meu livro Sol e Tormenta e ele com seu romance policial.

Olhando para ele tão compenetrado, penso como ele é legal, bonito e interessante. Por que não posso simplesmente gostar dele, ao invés de ficar sofrendo por causa do Ed?

Rodrigo me pega observando-o e me dá um sorriso tão lindo, que não posso deixar de corresponder.

- Nossa, já está escurecendo! Preciso ir – digo quando olho para fora e vejo que o sol já está se pondo.

- Nem vi o tempo passar.

- Também não – Recolho minhas coisas, e Rodrigo insiste em pagar meus pedidos.

Chego em casa antes de meus pais e preparo o jantar. Estou terminando de colocar a mesa quando minha mãe entra, e percebo como está abatida.

- Mamãe, não melhorou?

- Não, querida. Estou péssima. Não parou nada em meu estômago hoje, nem irei comer.

- Mas não pode ficar sem se alimentar. Quer que faça um chá com torradas?

- Pode ser. Muito obrigada, meu bem.

- Suba então para um banho, que irei preparar e levo para a senhora em seu quarto.

Ela faz como digo, mas dá apenas pequenos golinhos em sua xícara e logo já faz uma expressão enojada.

- Não consigo, Patrícia. Me desculpa.

- Tudo bem, mamãe. Mas acho que precisa procurar um médico.

- Se não melhorar, irei amanhã. Obrigada, minha menina, por cuidar de mim.

Janto, tomo meu banho e meu pai ainda não chegou. Começo a me preocupar, pois sei que provavelmente estará muito alcoolizado.

Ouço seus gritos, logo após ele passar pela porta. Apesar do meu medo, desço para encontrá-lo.

- Pai, a mãe está doente. Eu prepararei seu prato. Por favor, sente-se.

- Que doente que nada. Isso é moleza. Onde ela está?

- Estou aqui, querido – ela diz do alto da escada.

- Vou te ensinar a me respeitar, mulher – ele sobe os degraus de dois em dois e a segura pelos ombros, balançando-a.

- Por favor, Jonas... – Ela pede, mas ela a solta apenas para lhe dar um tapa no rosto.

Com horror, vejo quando ela se desequilibra e rola escada abaixo. Corro até ela gritando seu nome, mas não responde, pois está desmaiada.

- O que o senhor fez?

- Não queria... Ela caiu... – gagueja.

- Corra, chame ajuda.

Ele sai pela porta pedindo socorro, e logo Manoel, irmão mais velho de Edmilson, entra com sua esposa e seu pai. Várias pessoas saem de suas casas para ver o motivo dos gritos.

- O que aconteceu? – Andréia pergunta, assumindo sua posição de médica.

- Ela caiu nas escadas. Não reponde... Ajude, por favor... – minha voz falha e só então percebo que estou chorando.

- Calma, a ambulância já foi chamada – Manoel me diz, e sinto alguém a me abraçar forte. É meu amigo e me permito chorar em seus braços.


Triste a situação da família da Paty...

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Despertando para sonhar - Livro 4 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora