POV Andréia
Estou no quartinho de minha bebê, admirando os detalhes, quando uma dor aguda me atinge. É como se eu estivesse sendo torcida por dentro, como uma cólica menstrual, mas muito mais forte. Passa logo e é um alívio imenso. Acompanhei muitas mulheres em seus trabalhos de parto, já que sou médica, mas viver é muito diferente.
Descanso alguns segundos e vou até meu quarto, onde Manoel se encontra.
- Mozinho, está na hora.
- Do que? – ele me pergunta inocentemente.
- A bebê vai nascer – ele se senta tão rápido na cama que acaba caindo no chão.
- E você me diz com esta calma? O que preciso fazer? Quem eu chamo? – sua expressão apavorada é hilária e não resisto a uma gargalhada.
- Não se desespere, temos tempo. Me ajude com um banho rápido e depois iremos para o hospital, as malas já estão no carro.
- Vou ligar para nossos pais e para a vovó também. Ela vai querer estar lá.
Estamos entrando no carro quando outra contração me faz dobrar-me ao meio, de tanta dor. Dura alguns segundos e passa como a outra. O intervalo é de 15 minutos.
- Você está bem, coração? Quer que eu chame uma ambulância, o bombeiro? Ela vai nascer aqui?
- Amor, se você não se acalmar, eu ligarei para meu pai. É assim mesmo, está tudo bem. Agora, dirija.
- Você é tão corajosa, estou tão orgulhoso.
Chegamos ao hospital onde trabalho e sou atendida com presteza. Me levam para um quarto, mas há uma sala do centro cirúrgico pronta para me receber. Já liguei para minha obstetra no caminho para cá e logo ela entra no quanto para me ver.
- Como o plantonista já verificou, ainda está com 5 cm de dilatação. Vou estourar sua bolsa e vamos aguardar a evolução do quadro.
Ela faz o procedimento e sinto um líquido quente jorrar de mim. Uma nova onda de dor me abate, e esta parece mais forte que a anterior.
- Os batimentos da bebê estão ótimos e a sua pressão também. Os enfermeiros já te prepararão. Volto em meia hora, me chame se notar algo diferente ou as dores se tornarem mais próximas.
- Obrigada, doutora. Estou monitorando os intervalos.
As contrações passam a ser cada vez mais frequentes e longas e cerca de 40 minutos depois, estou com a dilatação ideal.
- Amor, tem certeza que não quer uma peridural? – Manoel me pergunta, nervoso por ver meu sofrimento.
- Quero sentir tudo ao natural. Eu vou conseguir, não se preocupe.
- Eu confio em você, querida. Estou aqui, ao seu lado – ele me beija os lábios e segura forte na minha mão.
- Andréia, quando a contração vir, você empurra com força. Já sabe como funciona.
- Sim, vamos lá – faço como ela me pede e após poucas vezes, sinto minha bebê nascer e escuto seu choro.
Um amor sem dimensão me invade quando a olho pela primeira vez. Já a amava quando estava em meu ventre, mas agora é imensurável. Ela é tão linda, perfeitinha...
Olho para Manoel e vejo as lágrimas desceram pelo seu rosto. Ele tem um olhar de adoração pela nossa menina e o amo mais ainda neste momento.
- Nossa bebê, mozinho, nossa princesinha.
- Obrigado, meu amor, por este presente. Me fez o homem mais feliz do mundo. Te amo, querida.
- Também te amo.
A enfermeira leva minha filhinha para tomar banho e vou para a o quarto para esperá-la. A dor que senti, já nem lembro mais. Ela chega vestida com a roupinha que escolhi, a primeira que comprei, assim que soube que seria uma menininha.
Manoel olha apaixonado enquanto a amamento. Ela dorme em seguida e, apesar do cansaço, não quero me separar dela. Deixo, porém, que meu marido a aconchegue em seus braços.
- Onde está minha bisnetinha? – vovó pergunta e entra acompanhada de minha mãe.
- Olha que anjinho mais lindo que Deus me deu.
- Uma benção sim. Me deixa pegá a pequena, Manoel. Quero tirá uma foto bem bonita para enviá para meu neto artista.
Os pais de Manoel são os próximos e é divertido ver como o Sr. Amarildo se emociona. Minha sogra me abraça e sinto todo seu carinho por mim. Meu pai entra em seguida acompanhado por minha avó, que só agora chegou. Ela abençoa minha pequena e a emoção é muito grande.
Meus cunhados todos também querem conhecer a sobrinha e só faltam mesmo o Edmilson e o Eduardo, mas logo eles voltam e a família estará completa.
Manoel não cabe em si de orgulho e amor, e com minha filha nos braços e meu marido ao lado, sou a mulher mais feliz e completa que existe.
POV Edmilson
Recebo mensagens avisando do nascimento de minha nova sobrinha. Vovó não tem celular mais fez questão que eu recebesse uma foto sua com a bisnetinha. Queria estar com eles neste momento, mas meu curso já está no fim, apenas mais uma semana e voltarei para casa.
Em todo nosso tempo livre, Eduardo e eu aproveitamos para conhecer esta cidade maravilhosa onde estamos. Há muitos museus e palácios deslumbrantes. Comparecemos há muitos concertos e apresentações musicais. Gostei particularmente dos museus de história da arte; do Albertina, com obras de Monet, Renoir, Cézanne, entre outros e do Palácio Belvedere, que abriga a mais importante coleção de arte austríaca, desde a Idade Média até os dias atuais, e se destaca a coleção de Gustav Klimt.
Fomos a deliciosos cafés, famosos na cidade. Provei doces incríveis e até consegui algumas receitas para levar para minha mãe testar. Farão sucesso na Mãinha, com certeza. Visitamos também Budapeste, capital da Hungria, numa viajem de trem.
Hoje é nosso último dia aqui, já me despedi dos meus professores e colegas e recebi muitos elogios e convites para voltar. Eduardo se destacou em seu curso de aprimoramento e conta com uma oferta de trabalho garantida aqui. Basta saber se aceitará.
Entro no avião ansioso por chegar logo em casa e ver de novo minha família, mas principalmente minha Paty. Meu coração está aflito de saudade. Na bagagem, muitos presentes e meu diário recheado de experiências maravilhosas.
Minha primeira descrição de trabalho de parto, o que acharam?
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Despertando para sonhar - Livro 4 da Série Sonhos
RomansaEdmilson perdeu sua namorada de infância para o câncer, e se fechou para todos, com exceção da melhor amiga de seu amor. Patrícia sempre foi apaixonada pelo namorado de Janaína, mas nunca sonhou que ele conhecia seu segredo. Antes de partir, confia...