Capítulo 21

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POV Andréia

Estou no quartinho de minha bebê, admirando os detalhes, quando uma dor aguda me atinge. É como se eu estivesse sendo torcida por dentro, como uma cólica menstrual, mas muito mais forte. Passa logo e é um alívio imenso. Acompanhei muitas mulheres em seus trabalhos de parto, já que sou médica, mas viver é muito diferente.

Descanso alguns segundos e vou até meu quarto, onde Manoel se encontra.

- Mozinho, está na hora.

- Do que? – ele me pergunta inocentemente.

- A bebê vai nascer – ele se senta tão rápido na cama que acaba caindo no chão.

- E você me diz com esta calma? O que preciso fazer? Quem eu chamo? – sua expressão apavorada é hilária e não resisto a uma gargalhada.

- Não se desespere, temos tempo. Me ajude com um banho rápido e depois iremos para o hospital, as malas já estão no carro.

- Vou ligar para nossos pais e para a vovó também. Ela vai querer estar lá.

Estamos entrando no carro quando outra contração me faz dobrar-me ao meio, de tanta dor. Dura alguns segundos e passa como a outra. O intervalo é de 15 minutos.

- Você está bem, coração? Quer que eu chame uma ambulância, o bombeiro? Ela vai nascer aqui?

- Amor, se você não se acalmar, eu ligarei para meu pai. É assim mesmo, está tudo bem. Agora, dirija.

- Você é tão corajosa, estou tão orgulhoso.

Chegamos ao hospital onde trabalho e sou atendida com presteza. Me levam para um quarto, mas há uma sala do centro cirúrgico pronta para me receber. Já liguei para minha obstetra no caminho para cá e logo ela entra no quanto para me ver.

- Como o plantonista já verificou, ainda está com 5 cm de dilatação. Vou estourar sua bolsa e vamos aguardar a evolução do quadro.

Ela faz o procedimento e sinto um líquido quente jorrar de mim. Uma nova onda de dor me abate, e esta parece mais forte que a anterior.

- Os batimentos da bebê estão ótimos e a sua pressão também. Os enfermeiros já te prepararão. Volto em meia hora, me chame se notar algo diferente ou as dores se tornarem mais próximas.

- Obrigada, doutora. Estou monitorando os intervalos.

As contrações passam a ser cada vez mais frequentes e longas e cerca de 40 minutos depois, estou com a dilatação ideal.

- Amor, tem certeza que não quer uma peridural? – Manoel me pergunta, nervoso por ver meu sofrimento.

- Quero sentir tudo ao natural. Eu vou conseguir, não se preocupe.

- Eu confio em você, querida. Estou aqui, ao seu lado – ele me beija os lábios e segura forte na minha mão.

- Andréia, quando a contração vir, você empurra com força. Já sabe como funciona.

- Sim, vamos lá – faço como ela me pede e após poucas vezes, sinto minha bebê nascer e escuto seu choro.

Um amor sem dimensão me invade quando a olho pela primeira vez. Já a amava quando estava em meu ventre, mas agora é imensurável. Ela é tão linda, perfeitinha...

Olho para Manoel e vejo as lágrimas desceram pelo seu rosto. Ele tem um olhar de adoração pela nossa menina e o amo mais ainda neste momento.

- Nossa bebê, mozinho, nossa princesinha.

- Obrigado, meu amor, por este presente. Me fez o homem mais feliz do mundo. Te amo, querida.

- Também te amo.

A enfermeira leva minha filhinha para tomar banho e vou para a o quarto para esperá-la. A dor que senti, já nem lembro mais. Ela chega vestida com a roupinha que escolhi, a primeira que comprei, assim que soube que seria uma menininha.

Manoel olha apaixonado enquanto a amamento. Ela dorme em seguida e, apesar do cansaço, não quero me separar dela. Deixo, porém, que meu marido a aconchegue em seus braços.

- Onde está minha bisnetinha? – vovó pergunta e entra acompanhada de minha mãe.

- Olha que anjinho mais lindo que Deus me deu.

- Uma benção sim. Me deixa pegá a pequena, Manoel. Quero tirá uma foto bem bonita para enviá para meu neto artista.

Os pais de Manoel são os próximos e é divertido ver como o Sr. Amarildo se emociona. Minha sogra me abraça e sinto todo seu carinho por mim. Meu pai entra em seguida acompanhado por minha avó, que só agora chegou. Ela abençoa minha pequena e a emoção é muito grande.

Meus cunhados todos também querem conhecer a sobrinha e só faltam mesmo o Edmilson e o Eduardo, mas logo eles voltam e a família estará completa.

Manoel não cabe em si de orgulho e amor, e com minha filha nos braços e meu marido ao lado, sou a mulher mais feliz e completa que existe.

POV Edmilson

Recebo mensagens avisando do nascimento de minha nova sobrinha. Vovó não tem celular mais fez questão que eu recebesse uma foto sua com a bisnetinha. Queria estar com eles neste momento, mas meu curso já está no fim, apenas mais uma semana e voltarei para casa.

Em todo nosso tempo livre, Eduardo e eu aproveitamos para conhecer esta cidade maravilhosa onde estamos. Há muitos museus e palácios deslumbrantes. Comparecemos há muitos concertos e apresentações musicais. Gostei particularmente dos museus de história da arte; do Albertina, com obras de Monet, Renoir, Cézanne, entre outros e do Palácio Belvedere, que abriga a mais importante coleção de arte austríaca, desde a Idade Média até os dias atuais, e se destaca a coleção de Gustav Klimt.

Fomos a deliciosos cafés, famosos na cidade. Provei doces incríveis e até consegui algumas receitas para levar para minha mãe testar. Farão sucesso na Mãinha, com certeza. Visitamos também Budapeste, capital da Hungria, numa viajem de trem.

Hoje é nosso último dia aqui, já me despedi dos meus professores e colegas e recebi muitos elogios e convites para voltar. Eduardo se destacou em seu curso de aprimoramento e conta com uma oferta de trabalho garantida aqui. Basta saber se aceitará.

Entro no avião ansioso por chegar logo em casa e ver de novo minha família, mas principalmente minha Paty. Meu coração está aflito de saudade. Na bagagem, muitos presentes e meu diário recheado de experiências maravilhosas.



Minha primeira descrição de trabalho de parto, o que acharam?

Despertando para sonhar - Livro 4 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora