Capítulo 17

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POV Edmilson

Minha viagem está marcada para o dia 03 de janeiro, um sábado de manhã. Nossas aulas se iniciarão na segunda-feira e Eduardo e eu teremos o domingo para nos instalar.

Visito o túmulo de Janaína para me despedir e, sentado ao lado da lápide, conto para ela tudo o que estou sentindo, falo com ela como costumava em vida. Saio de lá mais leve, sei que ela me entende e olha por mim do céu. Minha avó tem razão, ela me amava demais e iria querer minha felicidade, não preciso sentir culpa por amar de novo.

Tudo está pronto para minha viagem e estou ansioso, mas feliz. É um sonho a se realizar. Olho para o diário que Paty me deu de Natal. Ela pediu que eu relatasse esta experiência diariamente, para não perder nada e poder reviver mais tarde. Fez uma linda dedicatória na primeira página e foi o melhor presente que recebi. Lembro-me do pequeno retrato que lhe dei, uma imagem dela que pintei num de meus momentos de angústia.

Ela continua namorando o Rodrigo e não sei o que fazer com este sentimento que só cresce dentro de mim. Vi algo nela naquele nosso abraço, mas ela se afastou depois disso. Quase não a vejo e só nos falamos por mensagens.

Minha mãe e Inês organizam uma pequena festa de despedida para nós em minha casa, já que é a véspera da viagem. Paty avisou que tem um aniversário para ir com o namorado, mas passará para me dar um abraço.

Quando ela chega, fico uns instantes estático a observando. Está tão linda e meu coração já dói de saudade. Nunca fiquei tantos dias sem vê-la, mesmo que escondido pela janela. Será que esta viagem irá nos afastar ainda mais?

- Onde está meu amigo artista? – me diz sorridente, abraçando-me forte.

- Fiquei com medo de não te ver antes de partir.

- Isto nunca aconteceria. Estou tão orgulhosa de você, Ed. Tudo pronto?

- Sim, pego o avião amanhã às 9h. O diário foi o primeiro a entrar na mala.

- Quero ler quando você voltar. Sentirei muito a sua falta, mas estou feliz por você.

- Eu também, Paty – olho para ela e me pergunto se não devo dizer o que sinto.

Antes que eu crie coragem, Toninho vem avisar que Rodrigo chegou para buscá-la.

- Mas já? Pedi que ele viesse apenas às 20h – diz contrariada, mas vai receber o namorado. Eles ficam apenas mais uns minutos e logo vão embora.

Fico olhando para a porta por muito tempo após ela sair. Sinto que estou a perdendo cada vez mais e não sei como evitar.

- Você precisa falá com ela, menino – vovó senta-se ao meu lado e parece ler meus pensamentos.

- Ela tem o Rodrigo, vovó.

- Namorado não é marido. Não deixe o tempo passá demais, meu neto. Ela pode cansá de esperá você.

- Se gostava de mim, já cansou...

- Não acredito. Vi como te olha.

- Acha mesmo, vovó? O que devo fazer? Irei viajar amanhã cedo e não terei oportunidade de falar com ela antes.

- Escreve uma carta, oras.

- Uma carta?

- Funcionô com teus irmãos e comigo também. Abra o coração e deixe ela sabê o que sente, menino.

Vou para meu ateliê e faço o que vovó me sugeriu. Coloco no papel tudo o que sinto e tenho medo de falar. Escolho uma de minhas pinturas suas e levo até sua casa.

- Edmilson, que surpresa! – sua mãe abre a porta e me olha espantada – Patrícia não está, saiu com o Rodrigo e voltará tarde. Ela me disse que passaria na sua casa antes.

- Sim, ela foi até lá, mas já partiu. Tenho um quadro para ela, pode entregar?

- Claro, querido. E aproveito que está aqui para desejar muito sucesso, você merece.

- Muito obrigado, D. Judite. Até meu retorno.

- Vá com Deus, boa viagem.

Meus irmãos casados já estão de partida quando volto e recebo mais uma vez seus abraços. Apenas meus pais e Inês irão ao aeroporto comigo.

- Estou muito orgulhoso, irmãozinho. Parece que foi por estes dias que estava tentando ficar com a mão da minha princesa... – JC me abraça e vejo o sorriso de Larissa ao lembrar-se de nossa brincadeira. Ela me beija o rosto e pego meu sobrinho Tiago no colo, ficarei com muita saudade deste pequeno.

- Fico feliz que esteja buscando seus sonhos, maninho. Desperdicei muitos anos da minha vida, e não quero o mesmo para você – Manoel me diz ao vir se despedir.

- Quando voltar, já terá uma sobrinha nova. Amanda está chegando – Andréia fala ao me abraçar.

- Me enviem fotos da bebê. Sinto não estar aqui para recebê-la.

- Terá muito tempo para ficar com ela quando voltar. Aproveite bastante.

- Titio, Titio. – Lívia me puxa o braço – Vai tazê pesente pla mim?

- Claro, princesinha. Mas onde está meu beijo – ela me dá um estralado e me entrega seu gatinho de pelúcia.

- Leva ele, titio, pla não fica com muita saudade de mim. Já dei um sapinho po titio Dudu.

- Obrigado, pequena, dormirei com ele – ela dá um grande sorriso e beijo-a mais uma vez.

Pego Lucas no colo e aspiro seu cheirinho de bebê. Joana me abraça com lágrimas nos olhos e nem parece aquela moça petulante e desagradável que foi por um tempo, é minha doce e querida irmã mais uma vez.

- Mande notícias e se cuide. Amo você, irmãozinho.

Deito-me cedo e meus pensamentos viajam até Paty. O que será que achará de minha carta. Será que fiz bem?


Finalmente Ed tomou uma atitude... Será que funcionará?

Despertando para sonhar - Livro 4 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora