Despertando para sonhar - Livro 4 da Série Sonhos

Capítulo 15

POV Edmilson

Passar a tarde com a Paty me deu mais certeza sobre meus sentimentos. Há dias não me sentia tão pleno e feliz. Quando nossos olhares de prenderam, estava pronto para falar sobre o que descobri sobre nós, mas a chegada de seu namorado me lembrou de que ela está com outra pessoa agora. Não posso desrespeitar o Rodrigo, pois é um cara legal e não merece que aja por suas costas.

Vou para a casa com o coração apertado de ciúmes. Ela escolheu estar com ele, e não sei se devo intervir. Vovó acha que ela gosta de mim, mas não sei... Tenho medo de falar algo e perder sua amizade. Não posso ficar sem ela, disto tenho certeza.

Chego em casa, tomo um banho, mas não consigo dormir. Apesar de ter aula no dia seguinte de manhã, vou para meu ateliê e pinto até o início da madrugada. O resultado é mais um quadro com o rosto da Paty.

Minha amiga não aparece novamente para o nosso almoço de domingo. A família toda está reunida, e minha avó fez Baião de dois, pois Andréia pediu.

- Imagina como a neném vai nascê se a mãe não prová esta comida? – vovó não deixa nenhuma grávida passar vontade de medo das consequências.

- Está delicioso, vovó Severina, obrigada.

- Não carece de agradecê, menina. Pegue mais um pouco – diz, já enchendo o prato sem esperar a resposta.

- Na semana passada tivemos anúncio do Toninho, hoje sou eu – Eduardo, namorado de Inês se levanta e diz, ao final da refeição – Fui convidado para uma estadia de 25 dias em Viena, para um aprimoramento de música clássica com um grande mestre. Estou muito feliz e honrado, apesar da saudade que sentirei do meu anjo.

- Parabéns, querido, você merece – minha mãe o abraça, seguida de todos nós.

- Estive pensando e acho que é uma grande oportunidade para o Edmilson.

- Para mim? Como assim?

- Pode vir comigo e fazer um curso de arte. Já me informei e há uma prestigiada escola perto de onde ficarei.

- Seria incrível, obrigado por pensar em mim. Mas e os custos? Tenho algum dinheiro guardado, porém não sei se é suficiente.

- Oxe, Edmilson, o pai te ajuda. Está se esquecendo que tem uma família? – me emociono quando ouço seu oferecimento.

- Obrigado, pai, nem sei como agradecer. Vou hoje mesmo me orientar sobre como funciona, quais documentos precisarei para viajar.

- Você tem muito talento, cunhadinho. E será ótimo ter companhia. Vou enlouquecer longe da minha Inês.

- Ah, sapinho, também vou morrer de saudade, mas estou muito orgulhosa de você.

Após o almoço, corro até a casa de Patrícia. Olhei antes se o carro do Rodrigo não estava lá. Preciso partilhar com ela minha alegria.

- Oi, Ed, que cara feliz é esta?

- Acho que irei para Viena em janeiro, para um curso.

- Que notícia maravilhosa, Ed, parabéns – ela pula em meu pescoço, e rodo com ela abraçada em mim.

Coloco-a no chão e me prendo em seu olhar. Seu sorriso some, mas uma intensidade toma conta de seus olhos e só sei pensar em beijá-la.

- O que está acontecendo aqui? – solta-a imediatamente e me afasto. Seu namorado me olha mal humorado, esperando por uma resposta.

- Rodrigo? O que faz aqui? – Paty pergunta, mas percebo que está nervosa.

- Vim te ver, fazer uma surpresa, mas o surpreendido sou eu.

-Ela só estava me parabenizando, cara, não precisa ficar bravo. Já vou, só passei mesmo para contar a novidade.

- Até amanhã, Ed – Paty me diz com um sorriso triste, mas ele apenas acena com a cabeça, ainda me olhando desconfiado.

Há muitas providências a serem tomadas, preciso tirar meu passaporte, fazer a matrícula e pagar. Resolvo também recordar meu inglês enferrujado, já que fiz aulas durante anos, mas nunca trenei muito. Assisto vários filmes sem dublagem ou legenda, e Eduardo me ajuda muito a praticar, já que é fluente.

Patrícia fala comigo apenas por mensagens durante os próximos dias. Na escola, percebo que me evita, e temo que seu namorado esteja enciumado de nossa amizade. Dói que ela prefira a ele e desisto de falar de meus sentimentos. Pensei ler algo em seu olhar, mas devo ter me enganado. Às vezes vemos o que queremos, não a realidade.

Dedico meu tempo aos preparativos da viagem e às provas de final de ano. Tenho alguns quadros para terminar, muitos presentes de Natal encomendados. Não sobra muito tempo para ficar pensando, mas um vazio sempre me acompanha.

Paro de ir às aulas tão logo termino minhas provas. Minhas notas são boas e tenho poucas faltas, posso me dar ao luxo de sair de férias antecipadas. Todos estão ansiosos pelo baile de formatura, mas irei apenas à colação de grau. Não quero ficar isolado em um canto, sem a Paty. Antes de ela começar a namorar, me faria companhia e a noite poderia ser divertida, mas agora, não há a mínima possibilidade de diversão.

Da janela de meu quarto, vejo quando ela saiu de sua casa para a festa. Mesmo de longe, posso ver que está linda e sinto inveja do cara que vai acompanhá-la. Volto para meus quadros e passo à noite pintando minha amiga.

E o Rodrigo atrapalha de novo.... 

Me digam o que estão achando deste triângulo amoroso. Obrigada