Capítulo 20

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POV Patrícia

Ele me beijou, disse que me ama... Quase peço para alguém me beliscar, pois só pode ser um sonho... Volto para casa com um sorriso gigante no rosto, apesar do coração já apertado de saudade. Finalmente nos acertamos, mas teremos que ficar dias distantes. Porém é por uma boa causa, ele está se especializando em algo que ama e só posso apoiá-lo.

- Eu disse para ele te escrevê uma carta. Sabia que ia funcioná – vovó me diz na volta para casa.

- Eu também apelei para uma carta quando precisei reatar com a Larissa, conselho da vovó - JC diz enquanto dirige.

- Vovó sabe tudo – Toninho brinca – Falando nisso de cartas, a escutei falando algo sobre ter funcionado com a senhora também. Que história é esta?

- Há muitos anos, quando meus filhos eram ainda meninos, teve uma crise muito grande em nossa região e não havia emprego. Meu marido, que Deus o tenha, resolveu trabaiá no sul, por uns tempos, mas não podia nos trazê junto.

- E onde a senhora ficou, vovó?

- Voltei para a casa de minha mãinha com meus meninos. Foi uma despedida muito triste, pois eu não sabia quanto tempo ele ia ficá fora, mas era para o nosso bem. Ele ficou aqui em São Paulo por 3 anos e, durante todo este tempo, ele enviava cartas para mim, e eram elas que me sustentavam quando a saudade apertava. Ele não sabia escrevê e lê direito, então, no começo, pedia para um amigo redigi, mas depois esse companheiro o ensinô, e ele mesmo escrevia. Ele também me enviava desenhos que fazia, e eu os pendurei todinhos no meu quarto e ficava admirando durante as noites, quando me custava pegá no sono. Guardei todos os seus desenhos e cartas, são meu maió tesouro.

- Que história mais linda, vovó.

- Meu Justino foi meio cabeça dura, tinha seus preconceitos e ideias atrapaiadas, mas me amou muito e fomô muito felizes juntos. Sinto tanta saudade dele...

- Por isso não quer se casar com o Sr. Magalhães, vovó? E se ele te mandar umas cartas, aceita?

- Menino abestado, mas não me deixa em paz. Vê lá se tenho idade para pensá em me casá de novo?

- Mas que ele está apaixonado, lá isso ele está...

Eles continuam implicando entre si até chegarmos. Minha mãe me espera preocupada, já que saí antes dela se levantar e nem deixei recado avisando aonde ia.

- Que alegria é esta, filha?

- Ele me ama, ele me ama, mamãe.

- O Rodrigo?

- Não, o Ed.

- Não estou entendendo nada, conta direito esta história, menina – sento para tomar meu café da manhã atrasado e relato tudo o que aconteceu, desde minha tentativa de namoro até nosso encontro no aeroporto.

- Eu sabia que gostava do Edmilson, não entendi muito quando começou a namorar o Rodrigo, mas ele é um rapaz tão bom que apoiei.

- Sim, ele é incrível, mas gosto mesmo do Ed, mamãe. Tenho certeza que logo o Rodrigo encontrará alguém que goste dele de verdade.

- Estou muito feliz por te ver tão alegre, minha menina. Que história mais linda a de vocês. Tenho certeza que a Janaína está contente também.

- Ela me deu permissão, sabia que eu o amava e não se zangou, pelo contrário, pediu que eu cuidasse dele.

- E você fez isso, minha filha. Sempre me admirei como ele é diferente, mais animado, aberto, quando está com você. Seja feliz, querida.

- Obrigada, mamãe. A senhora viu que lindo o quadro que ele pintou?

- Sim, ele é um menino muito talentoso. Já escolheu onde vai colocá-lo?

- Do lado do que ele me deu de Natal, em meu quarto.

- Do que estão falando? – meu pai pergunta, entrando na cozinha.

- Do Ed, pai. Como o senhor está hoje?

- Bem, filha. Um dia de cada vez, é meu lema agora.

- Quando volta para a clínica?

- Na segunda pela manhã.

- Sabe mais quanto tempo ficará lá?

- Ainda não. Esta minha saída para as festas de fim de ano foi um teste, e posso dizer que passei com louvor, graças a Deus.

- Me deixa tão feliz, Jonas. Finalmente minhas preces foram ouvidas.

- Eu disse que desta vez seria diferente, amor, e vou cumprir minha promessa. Já te fiz sofrer demais e às meninas também.

- Vamos deixar o passado para trás, o que me interessa é a partir de agora.

- Vou provar que sou digno de sua fé e de seu amor, Judite – ele a olha com tanto carinho e adoração que até fico constrangida.

Deixo os dois sozinhos e vou para meu quarto. É muito bom ver que estão tão bem, nem acredito que este homem apaixonado é o bruto bêbado de antes. Para provar que todos podem mudar, que todos merecem uma segunda chance.

Falo com meu Ed todas as noites. Ele está radiante com tudo que está aprendendo, mas diz sentir muito a minha falta. Me envia mensagens românticas, uma mais linda que a outra, e sorrio para o celular como a boba apaixonada que sou.

Rodrigo me liga às vezes para desabafar e eu o escuto. Contei sobre os telefonemas para o Ed, para não haver confusão e ele entendeu. Pedi para o Toninho convidar meu ex-namorado para continuar a ir ao Grupo de Jovens com ele, e ele aceitou. Há uma turma bem legal lá, espero que se enturme e faça bons amigos.

Sai o resultado do vestibular que eu mais estava torcendo para passar e, para minha completa alegria, fui aprovada. É em nossa cidade, não precisarei me mudar. Estou muito feliz e esperançosa de Ed estudar na mesma universidade que eu, já que há um curso de arte e eles abrem vagas no meio do ano. Ele poderá prestar a prova e iniciar no segundo semestre, se for seu desejo, e ficaremos juntos.

Vou até sua casa dar a notícia à Inês e encontro todos alvoroçados. Andréia ligou e disse que não está se sentindo bem, Amandinha quer nascer. 


O que acharam da história da vovó? 

Estamos chegando na reta final, deixem seus votos e comentário, obrigada.

Despertando para sonhar - Livro 4 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora