VI - A Epidemia

447 72 40
                                    




VI

A epidemia



Depois da sua pequena observação sobre o possível comportamento da vítima; ao qual Naruto nomeou carinhosamente como uma 'súbita explosão de coragem', a reunião não durou muito. Todas as informações acerca do caso como: registro biológico, acolhimento de dados do local onde a vítima foi encontrada, hora da morte, causa e lesões consideradas relevantes – até mesmo a artimanha bizarra do assassino de retirar os órgãos internos de Kakuzu – foram passadas para Naruto e os demais homens na sala por um Uchiha inexpressivo. A reunião foi finalizada logo em seguida.

Após muitos apertos de mãos, feitas em silêncio, Sasuke avisou – sem olhar em seus olhos – que o levaria para sua sala privada. Para Naruto, o moreno apenas desejava muito se livrar dele, contudo isso era mera suposição já que os olhos negros – que pareciam engolir o loiro cada vez que o moreno o fitava – não deixava transparecer nada do que o outro homem estivesse pensando. Limitou-se então a segui-lo em ritmo apressado graças aos passos largos e precisos do Uchiha. Era incrível como até o andar do moreno aumentava a presença imponente do maldito detetive; era altivo, calmo, com o corpo ereto e uma velocidade impressionante para passos tão taciturnos.

Ambos entraram no elevador da direita que fazia ligação do andar das salas de reunião com os escritórios pessoais. Sasuke apertou o número "60" e Naruto tratou de decorar o andar onde estaria sua sala, ambos em um silêncio incômodo. Naruto tentava a todo custo não olhar para o 'parceiro', mas isso era praticamente impossível, pois, além da presença forte do outro homem, o cheiro do perfume de Sasuke se espalhou pelo cubículo que passou a parecer uma lata de sardinha, sufocando o Uzumaki. Afastou-se discretamente, buscando acabar com o seu desconforto, seu corpo absurdamente consciente do corpo ao seu lado. A porta não demorou a se abrir, no entanto, e Naruto agradeceu internamente por não precisar ficar mais tempo preso ali – o clima estava pesado entre os dois e imaginar ficar mais alguns minutos esperando o elevador chegar no andar fez com que Naruto tivesse a plena certeza que realmente teria sufocado; ele não era muito bom com lugares fechados.

Assim que saíram o loiro olhou ao redor, sua curiosidade despontando, ele pode ver que esse andar era diferente do quinquagésimo quinto já que tinha três corredores: o principal e dois adjacentes nas laterais, enquanto onde eles estavam anteriormente havia somente um corredor. Não era de se surpreender, afinal, as salas principais de reuniões tinham um tamanho considerável e acabavam cercando o corredor principal sem dar margem para fazerem adjacentes, pelo o que o Uzumaki conseguiu ver, eram no mínimo sete salas.

— Todas as salas pessoais estão nesse e em mais dois andares, o 61 e o 62. Não há nada além dos escritórios pessoais nesses andares. — Sasuke explicou.

O moreno então virou no corredor adjacente do lado direito e Naruto o seguiu. O corredor não era espaçoso e não tinha sala nos dois lados, como o loiro imaginou, as salas se encontravam no lado direito, algo que pareceu irônico para o Uzumaki já que se lembrava das salas dos dois lados no corredor principal, Naruto havia visto as primeiras bem próximas do elevador. Apostava um braço que o corredor esquerdo tinha somente salas do lado esquerdo. Quis rir desse pensamento tosco, mas se calou preferindo manter o ar profissional. Passaram por cinco salas e pararam em frente da sexta, sendo essa também a última daquele corredor. Seus olhos brilharam ao notar que na porta havia a placa de identificação cujo seu nome, "Uzumaki Naruto", e embaixo a sua profissão como "Detetive do Governo" estavam escritos.

Naruto pela primeira vez na vida não soube distinguir os sentimentos que tomaram seu corpo de forma confusa.

Desde que ele se entendia por gente aquele era seu sonho, seu objetivo a ser alcançado todos os dias da sua vida. Passou noites sem dormir para estudar e fazer trabalhos; sua família é pequena, porém todo dinheiro era necessário, por isso Naruto não deixou que os pais pagassem absolutamente nada da sua educação superior, sacrificando assim horas de estudo ao trabalhar das sete da noite às três da manhã em um bar como barman. Seu pai, um contador que montou uma pequena empresa em Minarin, conseguia sustentar toda a casa, permitindo assim que sua mãe, uma artista apaixonada por quadros surrealistas, continuasse pintando sem se preocupar se seria remunerada ou não. Desde muito jovem, Naruto idealizou uma vida onde seu pai pudesse trabalhar de forma saudável, sua mãe exerceria a profissão que amava e ele, o filho querido, jamais pediria ou deixaria com que eles fizessem algo que sacrificasse essa plenitude. Sendo assim, o Uzumaki não permitiu que os pais pagassem pelos custos dos materiais caros, e não tardou a encontrar um emprego que pagasse o suficiente.

RetalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora