XXIII
Infância
É sábado. Em sua agenda constam duas reuniões antes do almoço e mais uma após o limitado tempo que detém pra almoçar. No seu perfil da S.I.R.D.E.S. há mais de cinco relatórios para ler, e tem duas visitas domiciliares para depoimentos marcados como prioridade. Um sábado típico para um detetive em meio a uma investigação. Ou um sábado típico para um cidadão de Kyoki que não faz nada além de trabalhar na sua medíocre vida.
Não que Naruto seja soberbo sobre sua cidade e em como lá as pessoas se importam mais com calor humano que dinheiro; bem da verdade, ele esteve no mesmo ritmo exaustivo e sem perspectiva de descanso desde que chegou em Kyoki, hoje, porém, é diferente.
Quando Naruto sentiu um peso sobre as suas costas, seguido por risadinhas sapecas, ele entendeu que nada nessa vida seria mais importante do que isso: seu filho cheio de energia pedindo por atenção ilimitada. A maior realização de Naruto como pai é ter esses momentos de alegria e cumplicidade com Konohamaru.
Por isso, ele não se demorou em se virar e raptar o filho para debaixo das cobertas. Como a criança de nove anos que é, a costela próxima às axilas é seu ponto fraco. Naruto é impiedoso ao cutucar repetidamente a área sensível. Por mais que o Uzumaki saiba a agonia que o ato causa, ele não resiste em cometer tal atrocidade por causa da sua recompensa: gargalhadas felizes e sem fôlego que deixam seu filho com bochechas vermelhas e brilho nos olhos castanhos.
— Vejo que o leãozinho te despertou.
Naruto desiste das cócegas e olha para a porta do seu quarto, sem deixar que Konohamaru escape de seus braços, é claro. Neji levanta uma sobrancelha perfeitamente delineada; seus ombros largos são abraçados pela blusa de gola alta, seus longos fios estão trancados de uma forma desleixada proposital e a calça azul escura parece que vai estourar em suas coxas firmes. Tem ao menos dois metros de distância entre o batente da porta, onde Neji se encostou para observá-lo, da sua cama, onde Naruto ainda mantém o filho refém.
E mesmo com tanta distância, ele inala com prazer o perfume caríssimo de Neji. O homem poderia ser uma miragem considerando sua beleza surreal.
— Tio Neji, socorro! — Konoharu apela pra única pessoa capaz de salvá-lo naquele momento. — Papai disse que vai comer meu cérebro!
Neji faz um barulho com a boca que indica ultraje enquanto se aproxima dos garotos arteiros.
— Como ousa fazer mal ao meu sobrinho, homem das cavernas!
— Ele é meu refém para todo sempre, — Naruto solta o que deveria parecer uma risada maléfica.
— Só por cima do meu cadáver!
Neji pula na cama bem no meio dos dois, sem se importar com seu cabelo desarrumando ou suas roupas amarrotando. Ele entra em uma luta preguiçosa pela posse de Konohamaru, que parece seriamente que vai se molhar de tanto rir.
— Eu me rendo! — Konohamaru gritou em meio às gargalhadas. — Papai venceu! Papai venceu!
O garoto realmente está sem ar, seu abdômen dói e ele segura seu órgão genital para que não aconteça um acidente. A gritaria chama a atenção de todos os hospedes, que se agruparam na porta do quarto. Konohamaru aproveita a distração causada pelos visitantes e foge da cama; procurando apoio em Hinata, que balançou a cabeça em um gesto negativo mesmo que o singelo sorriso tenha delatado sua secreta diversão causada pelos risos do filho.
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Retalhos
FanfictionA linha tênue entre o certo e o errado está estirado ao ponte de ruptura quando um homem mascarado desafia a moralidade em seus atos dissimulados e cruéis. Para encontra-lo, Uchiha Sasuke é convocado independente de sua dor pelo luto. Enquan...