VIII - A Reunião

476 69 61
                                    

VIII

A reunião

A noite de Naruto não foi uma das melhores e antes que o dia amanhecesse ele já estava acordado. Mas isso não foi surpresa, ele se conhecia bem o suficiente para saber que o ambiente do hospital seria nocivo e que causaria pesadelos horríveis - dormir bem, ou pela noite toda, não era uma possibilidade depois de tudo que viu naquele lugar. Por mais que a conversa com Hinata tivesse o relaxado e, durante as horas que se passou antes de dormir, ele tenha lido um bom livro de romance, nada impediu que sua mente recriar em um sonho pesado, o cenário sujo da estrutura abandonada.

Depois de se revirar por um bom tempo na cama de tamanho exagerado para uma pessoa só, não restou alternativa a não ser levantar e tomar um café, mesmo detestando o gosto. Sempre preferiu um bom copo de chococino, porém sentia como se houvesse areia em seus olhos e uma mão apertando a sua cabeça, por isso optou pela bebida forte e amarga, e por um comprimido analgésico.

Caminhou pelo enorme apartamento arrastando os pés, seus ombros tensos e a coluna ereta. A cozinha não era tão longe, mas Naruto sentiu que andou por horas antes de finalmente entrar no cômodo. Procurou a cafeteira que viu de relance na noite passada quando estava conhecendo sua nova moradia, ele a encontrou dentro do armário pregado na parede em cima do balcão de mármore. Não demorou para preparar o café - em torno de cinco minutos, se sua percepção de tempo estiver correta - e fez uma careta ao sentir o cheiro da bebida fumegante.

Arrastou-se em direção à sala, sua indisposição o impedindo de ficar em pé encostado no balcão como estava antes do café ficar pronto. Sentou no sofá e olhou para o teto, querendo voltar para a cama e dormir mais um pouco, mesmo sendo impossível já que, uma vez acordado, seu corpo criava uma energia que somente gastaria ao longo do dia.

Por algum tempo, Naruto simplesmente encarou o teto sem pensar em nada, sentindo seus músculos reclamarem sempre que ele movia o braço, levando a caneca em sua boca, e até o ato de engolir causava dor nas suas costas. Ficou em silêncio na sua tortura pessoal e quando finalmente acabou o líquido suspirou aliviado, fechando os olhos curtindo brevemente a sonolência em seu corpo.

Pouco tempo depois; estressado por não conseguir dormir mesmo com sono, entediado e precisando gastar energia, Naruto decidiu que ficar sozinho no espaço desnecessário do seu apartamento em nada ajudaria, por tanto se levantou contra a vontade do corpo e seguiu caminho para um banho quente. Deixando a banheira de lado - aproveitaria os prazeres dela quando voltasse cansado do trabalho - Naruto ligou o chuveiro planejando tomar uma ducha rápida, muito agoniado pelo silêncio a sua volta. Pegou o sabonete líquido de uma marca que nunca viu antes, e que não o surpreenderia se for mais caro do que a média, testando o cheiro antes de colocar em sua esponja e passar pelo seu corpo bronzeado. Antes de conhecer Hinata, Naruto não tinha o hábito de cuidar da sua pele, para ele importava apenas limpar o suor e eventuais sujeiras mais pesadas e estava ótimo, contudo a convivência com sua ex parceira fez com que adquirisse hábitos irremediáveis sobre sua aparência e corpo.

Saiu do banheiro assim que sentiu sua pele limpa e sedosa. Seguiu para o closet apenas para olhar as poucas peças de roupa que trouxe de Minarin, que eram em sua maioria conjuntos de ternos completos, o deixando perdido ao escolher o que vestir. Aquela tarefa era algo que Hinata costumava fazer, sempre separando suas roupas e não deixando Naruto escolher nem ao menos sua cueca; de acordo com ela, o Uzumaki não prezava nem pela aparência, nem pelo preço ou conforto, então era de comum acordo que Naruto era uma lástima quando o assunto eram suas vestimentas. Antes que pegasse a primeira peça de roupa que encontrasse, seu celular apitou. Havia recebido uma mensagem.

"Use a combinação do seu terno azul escuro, a calça social preta, a gravata cor de chumbo e a blusa social azul marinho" dizia a mensagem enviada por Hinata. Eram cinco horas da manhã, a loja abriria às nove, por que ela já estava acordada? A aula do Konohamaru começava apenas às oito.

RetalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora