07

937 96 5
                                    


Como assim que lendas. Será que ele sabia de alguma coisa?

— sabem que é proibido ir para aquele lado dos rochedos. Sabem que aqueles lugares são perigosos.

— isso são lendas. Crendices. — disse um marujo dando um gole em sua bebida.

— podem não ser. Sabem de alguns relatos? eu se e posso contar. Abrir os olhos de vocês para o que pode estar bem a nossa frente. — Tyler soava seguro e misterioso como se soubesse mesmo, ou estava contando apenas mais uma história de pescador.

Todos os marujos se mostraram mais do que interessados em ouvir o que Tyler tinha a dizer.

— essa é só mais uma das lendas de Ciano. Ou não. Acreditem no que quiser. Conta a lenda que uma sereia a mais bonita de todas, um dia se apaixonou por um humano mero mortal, mas foi rejeitada por ele, e para se  vingar cantou o mais melodioso som que ao ouvir o homem entrou em transe e sua embarcação colidiu com alguns rochedos e naufragou. Tal como nosso amigo morto alí. — Tyler apontou para o corpo daquele pobre homem. Essa história não tinha nada haver com as sereias que conheço ou eu não as conheço tão bem.

— isso não tem nada haver com sereias. — gritei sem me dar conta. E todos aqueles homens incluindo Tyler olhavam para mim.

— e o que você sabe sobre esse assunto? — perguntou um dos homens.

— é Lavínia, o que você sabe sobre sereias? — Tyler caminhava em passos lentos até mim o que me fez dar passos para trás. O medo que me invadia agora era maior que o surto de coragem de antes. — vamos Lavínia responda. — Tyler assumiu uma postura grosseira segurando em meus braços e me chacoalhando. Confesso que tive medo dele.

— eu não sei... Eu só disse isso para vocês não fantasiar tanto este assunto. — digo tentando me afastar de seu toque. Mas o mesmo continuou me segurando e me olhando firme.

— será mesmo que você não sabe de nada? — Tyler continuava agindo estranho comigo. — sim pois eu também não sei nada sobre você. Só a sua história que pode não ser verdade.

— chega Tyler. Solte a moça. — disse o dono da taverna atrás do balcão. Ele respirou fundo como se tentasse se encontrar e finalmente me soltou.

— a minha história é verdade. — digo saindo para fora do lugar. Meus passos eram firmes e ligeiros mesmo assim ele insistiu em me seguir.

— espera Lavínia, me desculpa. — ele pegou minha mão. — eu fiquei tão transtornado com tudo aquilo que... Acho que descontei em você. — sua voz saiu um pouco mais calma que antes.

— se vamos mesmo ser amigos, não me trate como se eu não fosse nada. E não faça isso comigo na frente de outras pessoas ou eu não respondo por mim. — fui mais firme do que eu imaginava. — como você mesmo disse você não me conhece.

— só me desculpe. — ele parecia mesmo estar arrependido. — deixe que eu te acompanho até onde você está morando. — disse por fim, me vendo tomar distância.

— não precisa. — digo vendo ele me olhar de longe. Não quero que ele saiba que sou uma sereia. Não depois do nosso beijo no qual ele me repeliu. E nem depois disso que com certeza daria muito errado.

Caminho em direção ao mar, indo para perto de uns rochedos. Coloco o vestido que ele me deu na mesma fenda do outro dia.

Me sentei em um rochedo mais próximo a água, não acreditando que aqueles que eu tanto quis conhecer, um dia poderiam se voltar contra mim ou qualquer outro ser marinho.

— então é por isso que não quer mais voltar para as profundezas. — Troy me assustou com apenas metade de sí para fora dágua. — se deslumbrou com essas pernas e os prazeres de se estar na superfície.

— você não sabe do que está dizendo. — digo o fazendo me olhar de um jeito estranho.

— claro que sei. Eu sei tudo que você sabe.

— nem tudo. Espertalhão.

— você está com medo. Teve que salvar aquele seu amigo hoje. E agora teme por você e por nós. — disse firme com seu olhar fixo em mim.

— aquele naufrágio foi obra sua não foi? — digo mais alto que o normal.

— claro que não. Nem tudo que acontece nesse mar é culpa minha. A mãe natureza também tem vida própria, sabia? — ele falava de um jeito, não sei talvez eu estivesse mesmo enganada sobre Troy.

— tem certeza de que posso mesmo confiar em você?

— talvez eu seja o único em quem você pode confiar. — disse segurando minha mão e olhando fixo em meu olhos. Aqueles olhos brilhantes me olhavam de uma forma tão intensa. Eu queria beijá-lo mais isso só iria confundir ainda mais nossos sentimentos.

— eu não sei, talvez você esteja certo.

— por que ele? — Troy me perguntou agindo diferente, e me confundido ainda mais.

— por que ele, O que?

— sabe por que ele e não eu? — disse finalmente me fazendo entender a sua pergunta. O que era bem difícil. Pois eu sei de quem gosto. Tyler talvez seja só parte de um plano de Tristan e íris e eles resolveram me incluir nisso. Quebrando todos os meus reais planos de amor. Na realidade eu só queria saber mais, e conhecer o mundo da superfície.

— sabe Troy, isso não é culpa sua ou minha. — passo minha mão em sua linda face ainda iluminada pelos rais de sol.

— e de quem é a culpa então? — ele segura minha mão. E antes que eu possa o responder ele me puxa para a água, ficamos frente a frente, seu olhar era intenso demais. Ele segurou minha nuca sem tirar os olhos da minha boca e me beijou. Um beijo intenso como a água, nossas caudas se em laçaram em um ato involuntário. Ficamos assim alguns instantes até que eu afastei ele de mim, meu corpo não queria mas eu tive que fazer.

— só me diz que não gostou e eu te deixo em paz. Seremos somente amigos como sempre fomos. — ele disse ainda ofegante.

Continua...

As Sereias de cianoOnde histórias criam vida. Descubra agora