10

758 86 4
                                    


Nadei para fora da caverna e como não avistei ninguém fui para a superfície, olhei ao redor para ver se não tinha ninguém de vigia e aparentemente tudo normal. Sai da água perto dos rochedos onde guardo meus vestidos, visto um e saí para a taverna onde talvez eu encontraria Tyler mais uma vez.

Ele estava lá bebendo em uma das mesas. Sua expressão era séria e distante como se refletisse bem o que deveria ou não fazer.

Me aproximei por traz tocando seu ombro com minha mão.

— Tyler. — ele me encara me olhando fazendo sinal para que eu me sente. E assim faço.

— eu te vi. — ele disse sem tirar os olhos de mim. Eu não sabia o por que mais aquelas palavras me deixaram preocupada. — eu te vi beijando aquele rapaz lá na praia ontem. Não só isso o que me deixou mais curioso foi o fato de você e ele não terem saído da água. — eu não acredito que isso ia ser descoberto assim tão fácil. Eu sequer sabia o que responder para ele.

— bom, saímos pelo outro lado. — digo me tremendo um pouco pela mentira estampada em cada parte de mim.

— é mentira! — disse alto batendo com seus punhos na mesa, atraindo a atenção de algumas pessoas que rapidamente voltaram a olhar para o que faziam. — É mentira. as lendas sobre sereias são todas verdadeiras, e você é a prova disso. — concluiu segurando meu braço.

— Isso não é verdade. E pode me soltar. — digo um pouco mais alto do que gostaria. Ele me lança um olhar fulminante como se desprezasse cada pedaço de mim.

Só não entendi o por que disso tudo, assim de repente.

— agora eu estou entendendo tudo. — ele diz pensativo.
— primeiro você aparece perto do mar sem roupa nenhuma, aliás quase todos esse dias você apareceu para mim sem roupa alguma? — ele diz parecendo pensar.

— uma coincidência do destino. — digo e ele ri bebendo um gole de sua caneca.

— nada em Ciano é coincidência minha querida Lavínia. E ontem no lago aquilo não foi uma batida comum, foi a sua cauda pois nunca teve e nem terá peixes ou qualquer outra criatura marítima naquele lago. — ele me encara. Eu estava com medo de tudo o que já vi falar dos humanos tudo o que eles fazem as criaturas marinhas e terrestres. Medo pelo que ele teria coragem de fazer comigo.

— você pode provar o que está insinuando de mim? — digo mais próxima a ele, que parece ter ficado sem palavras.

— não eu não posso. E é por isso que eu tenho que te manter comigo. — Tyler tinha um sorriso ameaçador em seus lábios e eu estava começando a sentir medo dele. Dele e de todos que estavam olhando em nossa direção.
— vejam rapazes! — ele grita me pegando pelo braço. No momento eu não estava entendendo o que ele queria, mas vendo todos olharem para mim eu só queria ser salva.
— está moça, ela é parte da nossa desgraça. Ela é uma sereia. — disse me empurrando para frente como se eu não fosse nada.

— isso é mentira. Não acreditem neste homem. — digo tentando evitar que as lágrimas caiam. As pessoas do lugar começavam a ficar em pé e aos poucos suas vozes iam se elevando, o que me deixava ainda mais tensa.

— não é mentira é tudo verdade. — Tyler me segurava ainda mais forte. — e ontem eu tive a prova vi uma cauda batendo e não tem como ter peixe naquele lago quente. — A cada palavra dita por Tyler eu via as feições das pessoas se modificarem, eles pareciam acreditar em tudo o que ele dizia. Levantando suas mãos e gritando:

— morte a sereia! Morte a sereia!

— ninguém vai morrer aqui. — disse um homem de vestimentas bem diferentes das dos marujos. Seu cabelo era branco na altura do ombro. E ao notarem a sua presença fizeram reverência coisa que não fiz por conta do meu nervosismo e medo.

— suponho que seja você a ameaçada de morte? — seus olhos azuis miravam na minha direção. Eu apenas afirmo com a cabeça.

— ela é uma sereia. Vossa alteza. — Tyler parecia nervoso mais ainda sim me mantinha presa em seus braços fortes.

— você pode provar isso nobre marujo? — o homem que se revelou como sendo um príncipe andava em nossa direção, parando frente a nós.

— bom são apenas suposições.

— baseadas em quê?

— na... Morte de um marujo, no rabo de peixe que vi no lago vulcânico sendo que não tem como gerar vida alí. E estávamos apenas eu e ela. — Tyler me chacoalha o que me faz ficar com cada vez mais ódio dele.

— não prova muita coisa. E você linda mocinha o que me diz? — o príncipe me encarava com seus lindos e profundos olhos azuis.

— eu não acredito que vossa alteza se deixe influenciar pelas palavras de um marujo cujo qual sabe que a morte daquele homem se deu pela total falta de sorte de ter colidido com os rochedos. — digo meio nervosa surpreendendo à todos alí, inclusive a mim mesma. O príncipe parecia indeciso sobre em quem acreditar.

— bom eu não sei em quem acreditar, então vou ter que levar ela comigo. — ele diz me encarando.

— não alteza ela pode ser perigosa. — Tyler fica inquieto e nervoso.

— para você talvez. Mas não para mim. — o príncipe não me inspira tanta confiança assim. Mas entre ir e ficar aqui com todos estes bêbados prestes a me matar eu prefiro ir com ele.

— não ela não vai. — Tyler ficou agressivo puxando um pequeno instrumento cortante de seu bolso e apontando na minha garganta ameaçando tirar a minha vida alí mesmo. Nunca imaginei que querer conhecer pessoas de verdade seria minha ruína.

— não faça isso marujo. — disse o príncipe pedindo para ele abaixar o objeto de mim. O medo me deixa paralizada. Tudo em mim parecia imobilizado, menos meu coração que pulsava mais do que a Gim nadando a toda velocidade.

— e por que eu deveria parar? Vossa alteza não tem nada a ver com isso. — Tyler tinha a voz carregada de ódio. Um ódio que nunca tinha visto antes.

Continua...

As Sereias de cianoOnde histórias criam vida. Descubra agora