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Lavínia

Não foi difícil passar pela segurança dos guardas, algo estava errado para o castelo estar vazio e desprotegido. Nem sinal de Tristan, Iris ou Tyler por aqui, apenas alguns soldados extremamente fortes mas não tão difíceis assim de se derrotar.

Quando chegamos ao calabouço tive uma surpresa o rei estava conversando com Liana, ela e Celly não pareciam nada bem. Liana me dizia que o rei não era o rei. Ele estava sendo controlado e acabei ficando confusa ao tentar lhe atirar uma adaga. Mas ele não ficou, me atirou uma de suas facas e por sorte Troy consegui nos desviar dela nos fazendo cair no chão ao mesmo tempo em que um sorriso se mostrava nos lábios do rei.

Só não entendo ainda como ele pode não ser ele? Algo não se encaixava.

- isso, isso é uma armadilha. - sorriu enquanto vários soldados saiam de pontos secretos do calabouço nos encurralando. - e vocês caíram perfeitamente.

Estamos em desvantagem mas não iriamos desistir de lutar, ficamos de pé mostrando que estávamos prontos para o combate.

- para alguém que renasceu sabe lá como, pensei que tivesse entendido todos os meus sinais. - disse sem tirar o sorriso do rosto. - primeiro Antílope, depois o seqüestro de suas amigas uma isca perfeita por sinal. E agora? Bom e agora vocês morrem.

Seus olhos estavam vidrados em mim, e só aí pude perceber a luta interna entre dois seres. Um era o rei que aparentemente estava perdendo seu corpo para um intruso estranho, um ser de grande poder amaldiçoado e aprisionado por seres de grande fúria em uma terra antiga.

- você me vê não é? - perguntou quebrando minha percepção sobre ele.

- o que está falando meu pai?

- quieto garoto insolente. Em breve este corpo fraco será inteiramente meu e eu serei o carrasco de todo e qualquer ser que ouse me desafiar. E a sua namoradinha aqui vai ser a primeira a sofrer. O é mesmo sempre ela. - disse com desdém enquanto os guardas aguardavam suas ordens para atacar. - os deuses a escolheram. Zara aquela traidora foi a encarregada de a trazer de volta, que ironia não é? Logo ela a encarregada de levar todas as almas. Em breve levará a do seu pai também.

- o que está falando? Quem é você? - perguntou Troy impactado com suas palavras maldosas. Troy estava com medo eu podia sentir seu coração acelerado.

Olhei para os lados constatando que estávamos cercados e Nereida não estava mais ao nosso lado, se ela foi chamar reforços não sei mas era uma boa hora para isso.

- quem sou eu? A mero filho da água eu sou o mago dos magos, Hertz Destroyer seu carrasco.

Ouvir seu nome era como se facas caíssem sobre nós, como poderia estar vivo se as lendas antigas dos reinos vizinhos falam que esse ser de maldade teve a alma aprisionada para sempre?

Acabe com ele Lavínia! Foi para isso que te ressuscitamos.

Disse-me uma voz familiar. Minha missão mas como eu poderia destruir ele? Ainda mais preso no corpo do rei que por todo esse tempo esteve preso a um ser tão horrível. Então todo esse ódio foi causado por esse ser e não pelo rei.

- ora vamos não fiquem com essas caras de espanto, seu rei idiota ainda esta aqui, morrendo de vontade de falar com o filhinho dele. Mas eu não vou permitir. - disse dando sinal de ataque para os guardas.

Não estávamos preparados o quanto achei que estávamos, o que ele pareceu adorar dado seu sorriso de orelha à orelha. Seus soldados eram fortes, destemidos e vorazes, os melhores do reino. E mesmo assim perdiam para meus poderes de força, uma força que achei que não tivesse e que só consegui entender melhor depois de renascer. Era algo que eu não podia controlar mas que se fazia presente nos momentos de medo.

Nem mesmo suas espadas e tridentes ágeis podiam me deter facilmente, consegui segurar até nossos reforços chegarem. A luta seguia sangrenta e dura e pouco a pouco os soldados do falso rei iam caindo no chão. Não era para ser tão violento mas a guerra tem destas coisas, tudo é sobre o sangue e o impulso de não sucumbir a ele.

O falso rei que antes se divertia agora parecia chocado e até mesmo parecia estar me observando. Mais precisamente observando minha luta interna vendo que meu corpo estava sujo do sangue de outros e eu lutava para não ceder em prova-lo.

- você pode. Vamos prove um pouco. - não sei como ele chegou perto o suficiente para estar com um dos guardas ferido ensanguentado já bem próximo a mim.

- eu não preciso disso. - digo me afastando dele.

Seus olhos brilhavam um azul escuro que nunca vi antes. Ele precisava disso, ou achava que precisava. Mas eu não tenho poder suficiente para o expulsar do corpo do rei.

- você precisa me tirar daqui. - disse, com suas mãos em meu pescoço me erguendo. Essa situação era extremante dolorida e se ele não me soltasse eu não iria conseguir realizar o encanto.

Então Troy o segurou por trás tal como havia feito com Antílope, me livrando de suas odiosas mãos. Assim que pisei no chão uma força sobrenatural se apoderou de mim e uni minhas mãos apontadas para o peito do rei, tomei um impulso apertando elas alí sentindo uma enorme descarga de magia passando de mim para o falso rei.

A magia foi liberada por um cântico antigo que ecoava em minha mente mas que eu sequer saberia reproduzir, espalhando uma rajada de luz iluminando todo o lugar seguida de uma grande escuridão, era o momento exato em que Hertz e Tyrrell se separavam. O rei era o rei que agora respirava com dificuldade no colo do seu filho.

Hertz estava em estado de dormência aparentemente em um corpo só dele, e eu mesmo que estivesse cansada do grande esforço mágico que acabará de fazer ainda tinha que soltar minhas amigas. Busquei pela chave no bolso do rei e caminhei devagar até a cela onde estavam, abri e entrei ajudando Liana a carregar Celly. Ela estava com múltiplos arranhões e hematomas por seu corpo que não se curariam facilmente por estar fora do mar.

- você tinha razão. - Celly balbuciou assim que nos sentamos fora da cela.

Ainda havia calmaria ao nosso redor mas com Hertz separado do rei era bom tomar cuidado.

- não se esforce muito. - digo acariciando sua bochecha lhe arrancando um sorriso.

- eu preciso te pedir desculpas por tudo o que disse... Preferi acreditar em Íris e não vi que ela era uma cobra.

- vai ficar tudo bem.

- que cena comovente, acho que vou chorar.

Hertz estava de pé com um sorriso escandaloso no rosto. Seu verdadeiro eu tinha cabelos pretos, pele pálida, olhos azuis e um bom porte físico, bonito por fora e desprezível por dentro.

- finalmente estou livre. - gritou a plenos pulmões parecendo um louco.

Um louco ainda desconhecido por nós e que faria qualquer coisa por poder.

Continua...

As Sereias de cianoOnde histórias criam vida. Descubra agora