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— Não foi bem assim, eu só queria que você aprendesse de uma vez por todas que os humanos podem ser maus.

— então o que faz aqui com eles? Por acaso Íris sabe que vossa alteza é um príncipe e pior vive na superfície como um qualquer? — a última parte saiu com o maior ódio e raiva possível fazendo ele esbravejar e sair de perto de mim. Finalmente pude respirar novamente. Ele não parecia nada feliz andando de um lado para o outro.

— eu não sou um qualquer. E não, ela não sabe. Está vendo por que temos que te matar você causa problemas demais. — disse caminhando até mim.

— ninguém vai matar ela. — uma voz conhecida adentrava a sala em que estávamos. Troy parecia surpreso em me ver e mais surpreso ainda em ver seu irmão tão perto assim de mim. Imaginei que ele fosse aparecer a qualquer momento já que é irmão de Tristam e consequentemente um príncipe como ele.

Todos me enganando inclusive ele.

Os dois se observavam em silêncio, olhares indecifráveis e até mesmo furiosos como se minha vida fosse um prêmio para o ganhador. Eu só queria sumir antes que o rei entrasse nessa sala, mas diante dessas paredes não vejo saída alguma.
Se essas pérolas me concedessem mais além das pernas eu desejaria não estar mais aqui. Eu só Fechei os olhos por um segundo e quando abri eu estava em algum lugar no meio do mar vendo Gim nadando a minha frente calma e tranquila como só ela sabe ser.

Por um lado fiquei aliviada pelo meu desejo ter se realizado mas sei que isso não ficará assim, eles irão me caçar até me verem morta. Não deixarei que isso me aconteça.

Enquanto me recuperava do susto de uma quase morte sinto a mão de alguém sob meu ombro, me viro de imediato achando que eles já estavam no meu encalço, mas para minha sorte era só Celly que quase me fez nadar o mais longe possível com o susto.

— você está pálida, o que aconteceu? — ela me olha preocupada. Eu não sabia se contava o que acabou de acontecer. — e por que sua mão está sangrando? — disse sem tirar os olhos que começavam a brilhar de um jeito tenebroso para minha mão. O cheiro e o gosto do sangue já começava a fazer efeito e logo ficaria difícil de estar perto dela.

— calma Celly. Isso não foi nada só um pequeno arranhão.

— melhor eu te deixar sozinha não quero te ferir. — disse tentando se controlar, e nadando até a caverna.

Ela assim como eu sabe o que o sangue pode fazer com nossa espécie o quanto isso pode nós tornar agressivos e sem controle. Então trato de curar o ferimento que nem sequer percebi sua existência.

Não sei que rumo tomar ir até íris pode não ser a melhor escolha nesse momento, ela será a primeira a quem Tristam ira procurar. Talvez eu devesse ir para a caverna e conversar com as meninas.

Nado até a caverna e no meio do caminho dou de cara com uma sereia presa com uma espécie de rede de pesca um pouco mais grossas que as habituais. Ela se debatia muito tentando sair dalí.

— me ajude. — ela gritou e nado o mais rápido possível para a ajudar.

As redes pareciam bem fortes e sinto o enorme pavor e desespero que ela sente. Procuro algo forte e pontiagudo que possa cortar, então parei um peixe serra que ia passando e perguntei se ele poderia nos ajudar e ele rapidamente começou a cortar as redes que subiam devagar pois eu as segurava. Quando a jovem finalmente foi solta a rede subiu rápido para cima.

— obrigada. — disse ela me abraçando aliviada agradecendo também ao peixe serra sem ele eu teria entrado em pânico.

— tente alertar o maior número de sereias possível. O mar não é mais tão seguro quanto antes. — ela me olha sem muitas expressões, talvez tenha lido parte de mim visto que os marujos vão tentar matar não só a mim mas toda e qualquer sereia existente nesse mar.

Quando chego a caverna Celly parecia estar mais calma, bem talvez nem tão calma assim pois estava devorando o seu prato favorito. Peixe.

Eu quis vomitar.

— finalmente resolveu aparecer. — Liana gritou vindo me abraçar. Acho que ela estranhou eu ter começado a chorar mesmo com lagrimas se misturando junto a água, ela conseguia sentir a minha dor. — o que aconteceu? – ela me olha tentando me passar confiança.

— perguntei isso a ela instantes atrás. Talvez ela te responda já que não deu tempo de me responder por causa do sangue. — Celly conseguia ser linguaruda até quando estava de boca cheia.

— que história é essa de sangue Lavínia? — Li me olha preocupada.

— bem sobre o sangue eu não sei onde me feri. Foram tantas ondas secas do lado de fora. Eles sabem Li me desculpe eu Estraguei tudo.

— como assim, o que esta dizendo?

— não liga Li, deve ser só mais um dos dramas dela.

— calada garota, come mais peixe aí e vê se fica quieta. — Li acabou pegando um peixe que passava e jogando em Celly fazendo ela calar a boca.

— eles sabem que sou uma sereia. — digo de uma vez.

— eles quem?

— Tyler, os humanos, o rei e seus filhos e estão todos querendo me matar. — ela escutava tudo em uma espécie de transe.

— eles sabem sobre você?

— sim. E o rei e seus filhos mesmo sendo iguais a nós querem me matar e me expor publicamente para que todos vejam que a sereia esta mesmo morta.

— como assim eles são iguais a nós? — Celly pergunta e as duas me olham.

— sabem sereias, tritões seres de água como nós.

— se eles são como nós por que querem te matar? — pergunta Li.

— eu não sei. Mas no caminho até a caverna encontrei com uma sereia presa em uma rede de pesca. — vi as duas ficarem surpresas e com medo. — por sorte cheguei a tempo de tirá-la de lá.

— nossa você me assustou, por um segundo pensei que ela não tivesse escapado. — Li respirava pausadamente.

— ela está bem. Mas não sei por quanto tempo ficaremos bem.

Continua...

As Sereias de cianoOnde histórias criam vida. Descubra agora