As Sereias de ciano

12

Os dois continuavam a duvidar de mim. Até chegarmos na beira do lago de águas transparentes que me lembravam o mar. Queria que existisse algum meio de sair dessa enrascada em que me meti.

— vamos Tristan o que você está esperando jogue logo ela no lago. — o rei estava inquieto enquanto o jovem príncipe parecia quase hipnotizado com o nosso reflexo na água. E como ele não teve reação eu mesma pulei não tenho nada a perder mesmo.

Ao entrar em contato com aquela água maravilhosa minhas pernas se transformam em uma linda cauda que ponho para fora na beira do lago comprovando ao rei que eu sou mesmo uma sereia.

— quem mais viu ela assim? — disse o homem surpreendido com a minha verdadeira identidade revelada.

— alguns marujos. — Tristan respondeu sem tirar os olhos de mim. Mergulho tentando encontrar alguma saída mas aparentemente o lago não tinha ligações com o mar. Mas esse lago é grande então talvez eu preciso verificar mais a fundo.

Senti alguem me puxando para a superfície. Nesse momento pude ver quem Tristan realmente era seus cabelos brancos e olhos azuis faziam um lindo contraste com sua cauda de escamas prateadas.

— você não vai a lugar algum. — Tristan me olhava com certo ódio, enquanto seu rei só o observava.

— levem ela para um dos quartos. — disse o rei.

— eu não quero ficar aqui. — eu me desespero. Ficar presa em um castelo como uma princesa presa em uma torre nunca passou pela minha cabeça ainda mais um ser de água como eu.

Como em um passe de mágica a cauda de Tristan virou novamente pernas enquanto que a minha ainda estava em processo, mas logo a transformação estava completa fazendo Tristan cumprir a ordem que lhe foi dada.

— espere, mudei de ideia quero ela longe do castelo. — o rei disse com sua posição dura.

— como assim? O melhor é mantê-la conosco. — o príncipe parecia frustrado, já que dava para ouvir gritos enfurecidos vindos do lado de fora.

Tyler não deve ter demorado em juntar metade ou talvez toda as pessoas do lugar para me julgarem ou talvez pior, me matarem.

— não seja tolo garoto. Ouve esses gritos? — Tristan assim como eu escutava em silêncio, um silêncio arrepiante. — temos que entregar ela de uma vez ou também desconfiaram de nós.

— sempre pensando em sí mesmo. — o jovem cuspia as palavras em desagrado.

— não se trata só de mim.

— não vou entregar ela. Ela é minha. — seu tom era autoritário.

— eu não sou sua, aliás eu não sou de ninguém. Vossas Altezas  não são meus donos assim como aquelas pessoas lá fora também não. — os dois me encaravam surpresos.

— não seja tola menina, todos sabem sobre você. Não ache que ficará livre. — o rei riu se virando para a porta de entrada enquanto os gritos furiosos aumentavam cada vez mais.

Estou perdida.

— eles vão mata-la. — o príncipe soou desesperado, enquanto o seu rei continuava a sorrir.

— nós também não iriamos? — ele me olhou com ódio. Para um rei ele estava se saindo sem nenhuma compaixão. — temos que evitar uma tragédia.

— e eu sou a solução? Acabando comigo vocês estarão salvos é isso? Pois saibam que destruindo a mim vossas Altezas estarão destruindo sua própria espécie, pois uma vez antes de morrer espalharei para todos o que vocês são. — digo segura de mim. Tristam me olhava como se eu realmente não fosse capaz de cumprir com aquela ameaça, enquanto o rei mantinha sua postura e seu olhar amargo.

— você não seria capaz, séria?

Lhe dei meu melhor sorriso de convencimento.

— pois bem, então o que faremos com todas essas pessoas sedentas por sangue que estão lá fora? — perguntou o rei.

— dê sangue à elas. — digo sem pensar me arrependendo de minhas palavras. Vendo o olhar do rei brilhar se aproximando de mim, tratei logo de desfazer esse mal entendido.
— não sou eu quem deve morrer.

— e quem será então? — a minha ideia foi algo impulsivo só acabei tornando tudo ainda mais complicado.

Eu não estava me lembrando talvez o medo me fez esquecer, mas a culpa disso tudo é de Tristam aquela ideia estúpida de conhecer mais Tyler foi dele e de Íris, eu só queria conhecer o mundo fora do mar e não viver nesse lugar cheio de ódio.

— não sei pergunte a Tristam a culpa disso tudo é dele. — digo irritada. O rei o olha curioso e confuso.

— o que essa garota quis dizer com isso? — o rei cruza os braços fazendo Tristam apertar o meu braço e olhar para mim furioso.

— nada. Ela não sabe o que fala. Tenho que falar com ela a sós logo voltaremos a discutir se ela vai ou não morrer. — disse me levando para longe do rei que não parecia nenhum pouco satisfeito. — o que você está dizendo isso não é culpa minha, se não fosse por mim aquele humano ébrio teria te matado. — disse irritado.

— não devo agradecer algo que você mesmo provocou quando disse para íris que seria melhor para mim conhecer ou até ter algo à mais com o mortal. E ainda me deu essas pérolas magicas, segundo Íris sua noiva são raríssimas. — ele escutava cada palavra com sua expressão séria sem esboçar sentimento algum.

— Quem é íris? E por que eu faria isso com você? Não seja idiota. — ele olhava fundo em meus olhos e tudo que consegui ver foi sua mentira. Aqueles olhos azuis poderiam manipular a muitos mas não a mim.

— eu não sei me diga você? — acho que minha pergunta só o deixou ainda mais bravo fazendo ele pressionar meu corpo contra a parede senti o ar diminuindo dentro e fora de mim, aqueles olhos azuis e seus dentes pontiagudos estavam prontos para me estraçalhar em pedaços alí mesmo.

— sabe eu poderia mentir descaradamente para você mas eu vou ser gentil e dizer tudo. — seus olhos brilhavam ainda mais.
— quando conheci Íris eu me apaixonei perdidamente, e ela sempre me falava de você e de como gostaria de conhecer as pessoas da superfície daí eu pensei por que aquela linda e jovem sereia gostaria de conhecer a maldade humana? E quando Íris me disse que você tinha conhecido aquele homem...

— vossa alteza teve a brilhante ideia de me fazer sofrer, foi isso?

Continua...