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Troy

Depois que vi meu irmão beijando Lavínia eu não consegui pensar em mais nada. Não acredito que ele foi tão cruel comigo e com ela desse jeito, eu até tentei tirar satisfações com ele mas não adiantou muito o cretino confirmou que gostava dela mesmo estando noivo de outra e que se ela não queria ficar com ele não ficaria com mais ninguém. Essa foi sua sentença final. Tristan a deixaria morrer por causa de um capricho idiota dele.

E agora vendo ela prestes a morrer pelas mãos do humano, mesmo com esse saco ridículo reconheci ser Tyler que esta prestes a mata-la, eu só consigo sentir o quanto sou fraco por deixar isso acontecer.

- pois que seja feita a vontade do povo. - as palavras do rei entram na minha cabeça me fazendo abrir os olhos para o que está prestes a acontecer.

Eu não quero que ela morra.

- espere, não faça isso. - digo desesperado parando Tyler. Sei que todos os olhares estão em mim e preciso criar uma distração, rápido.

- mas o que significa isso? - pergunta o rei furioso.

Caminho para mais perto encarando os olhos verdes desesperados de Lavínia, sei que ela quer que sigamos o plano mas eu não estou conseguindo. Ver ela morrer é demais para mim.

- vamos Troy responda por que fez ele parar? - Tristan toca em meu ombro. O burburinho das pessoas parece ainda mais intenso.

- ele não pode mata-la.

- e porque não?

- porque... - acabo não me controlando e acerto um soco bem no meio da cara de Tyler que cambaleia para o lado. Sei que agora já era. Então ele me acerta um também e quando avanço novamente em sua direção Tristan me segura.

- basta! Não seja tão insolente. Isso não é sobre você. - disse o rei irritado. Essa é a questão eu amo essa sereia e me sentiria o pior dos seres se não fizesse algo para impedir.

- continue humano. - Tristan ordena atrás de mim.

Todos parecem saborear esse momento assistindo o matador andando em direção a Lavínia agora amparada por dois guardas. Ela parece segura mesmo eu sabendo que não está.
Tyler para em frente a ela parecendo estudar como fará. E sob os gritos eufóricos das pessoas do reino Tyler corta sua garganta com um só golpe e nesse momento vendo ela morrer eu só consigo sentir raiva de todos eles.

- veja Troy, sinta a dor que senti quando ela me rejeitou. - Tristan sussurra em meu ouvido e finalmente me solta, corro para a segurar em meus braços mas ela já está morta.

Olho em volta vendo todos felizes e satisfeitos com a morte da sereia. Eu só consigo sentir dor, muita dor. Essa sensação de perda é uma das piores dores que já senti. Minhas mãos agora tem seu sangue e lágrimas brotam dos meus olhos.

- você está chorando por ela? - Tyler pergunta ainda sem revelar sua face.

Eu não o respondo para mim ele é o pior humano de todos se fingiu de amigo para depois lhe cortar a garganta. Se tem alguem à quem tenho vontade de matar esse alguem é ele.

Mais algum tempo e as pessoas finalmente parecem satisfeitas saindo do pátio do castelo e me deixando sozinho com o corpo de Lavínia em meus braços.

- livre-se dela. - disse o rei entrando no castelo sendo seguido por Tristan e seu novo lacaio.

Nunca concordei com essa loucura. E se ela não acordar como Lil falou? Eu estarei à perdendo para sempre. Pego seu corpo em meus braços e caminho em direção a praia, para o mar onde ela nunca deveria ter saído. Algumas pessoas me olham feio no percurso mas eu não dou a mínima, são todos uns monstros por gostarem e terem pedido por isso. Odeio Tyler e cada um deles.

Finalmente chego a praia vazia com o sol já se pondo além das águas. O mar parece tão agitado quanto eu, afinal um de seus preciosos filhos esta morto bem diante dele.

As ondas vem e vão me pedindo para que eu entre com ela na água. Assim que entro com água a minha cintura com água lavando pouco a pouco seu ferimento. Seu rosto parece tão tranquilo agora. Minha cauda cresce e nado com seu corpo sem vida para o lugar que ela sempre chamou de casa as sereias noturnas. Sua tartaruga e amiga nos acompanha no caminho parecendo bem triste, mas ela sabe que iria ser assim. Todos nós sabíamos.

— o que aconteceu com ela? — Liana se desespera ao vê-la sem vida em meus braços. Ela me guia para deitar o corpo de Lavínia em uma cama de pedra dentro da caverna.

— eles! Foram eles quem a mataram. — digo odiando cada um.

— eles quem?

— Tyler e Tristan. Os humanos, o rei. Todos eles.

— ela não podia ter se entregado assim, tão facilmente. — Liana diz com pesar vendo sua amiga sem vida. Ela e Celly são o mais próximo que ela tem de uma família.

— calma Liana. Não precisa se desesperar. — digo tocando em seu ombro e ela se vira para me encarar.

— como não precisa? Minha melhor amiga está morta e você me pede calma?! — ela está bem irritada.

— calma sim. Por que a culpa não foi minha. Por diversas vezes eu tentei a alertar e nada adiantou.

— você fez parte disso sim! E não fez nada para impedir. — Liana bate com seus punhos em mim e eu a abraço. Ela desaba em meus braços, sei que sente muito a perda da amiga, eu também sinto.

Queria poder contar a ela que Lavínia tem uma chance de voltar a vida, mas eu não sei se devo.

— me desculpe te acusar assim é que... — ela se afasta de mim. — eramos muito amigas e me sinto destruída sem ela.

— tudo bem eu entendo.

— tem algo mais que queira me contar? — ela me pergunta segurando a mão de Lavínia. — sabe ainda consigo sentir a esperança em seu corpo sem vida. — disse me encarando.

— se eu te disser que ainda podemos trazer ela de volta?

Continua...

As Sereias de cianoOnde histórias criam vida. Descubra agora