Capítulo 9

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Kara Pov.

Pela primeira vez eu não fiquei com raiva por essa aproximação ou até mesmo por ela ter me dado um beijo na bochecha, eu me senti bem e isso é completamente estranho visto que eu não gosto muito de contato, ainda mais com uma Luthor, mas hoje eu senti que Lena era diferente e eu queria muito acreditar que ela é realmente diferente de todos os outros.

Caminhei até o quarto e me joguei na cama, posso classificar hoje como um dia bom, um dia que valeu a pena.

Fiquei encarando o teto claro, mais um vez sozinha e sem meus pais. Isso era irritante, eles não paravam em casa e eu sentia falta dos momentos, na verdade eu só sentia falta dos momentos bons, o que eram poucos já que meus pais brigavam a cada dois minutos e Clark passava maior parte do tempo dele se gabando por medalhas e desmerecendo tudo que eu faço. Eu odiava ele, nunca acrescentou nada na minha vida e eu tento ao máximo não prestar atenção nas coisas que ele fala, mas é meio impossível quando seu pai enfatiza tudo pra deixar claro o quanto você é uma fracassada.

Eu não entendo, meu pai proibiu minha tia de pisar os pés aqui em casa e minha mãe proibiu contato com ela. Isso aconteceu depois de uma discussão feia na sala de casa, ouvi algo ser quebrado e minha tia sair chorando. Bom, depois desse dia eu nunca mais vi ela e isso tem uns três anos.

Eu sentia falta de olhar pra platéia e ver alguém batendo palmas ou gravando, mas graças aos meus pais até isso eles me tiraram.

Bufei irritada e entrei debaixo das cobertas para finalmente poder dormir e rezar para que amanhã fosse melhor que hoje.

(...)

Senti como se tivesse piscado apenas e com o barulho incessante do despertador soando pelo quarto. Que droga, agora era apenas isso que faltava não conseguir dormir a noite.

Levantei e abri as persianas vendo que o dia ainda não tinha clareado, óbvio que não, essa merda despertou apenas para a corrida matinal, mas hoje eu iria ignorar e aproveitar que ninguém estava em casa para dormir mais um pouco.

Meu celular começou a tocar novamente e eu revirei os olhos, lógico que eu não estaria livre pelo menos não com o pai que eu tenho.

- Espero que esteja se preparando para correr. Pedi para Lucia preparar o seu Shake e vou ficar em ligação com você. - Ele nem ao menos me deixou dizer alô e já foi dando suas ordens, como eu odeio isso.

- Pai eu preciso de um descanso.

- Os adversários não descansam e seu corpo precisa estar sempre pronto, então sem discussões e comece a se arrumar. - Elevou um pouco o seu tom de voz e eu suspirei derrotada.- Daqui 15 minutos te ligarei novamente.- Desligou sem ao menos esperar minha resposta.

Quando eu teria paz nessa família? Quando poderia fazer as coisas que eu quisesse e não porque meu pai está mandando? Eu simplesmente estou cansada disso e são sempre pelos mesmos motivos.

Escovei os dentes e lavei o rosto na tentativa inútil de despertar do sono em que me encontrava.

Vesti um conjunto de moletom e calcei meu tênis de corrida, coloquei a braçadeira porta-celular e conectei meus fones de ouvido wireless.

Batidas fracas na porta preencheram o ambiente silencioso do quarto e logo a porta se abriu revelando uma Lucia sonolenta.

- Seu Shake está pronto mas eu preparei uma salada de frutas com granola para você não praticar exercício de estômago vazio.- Sorri pelo seu gesto e caminhei até a porta pronta para descer.

- Obrigada. Pode voltar a dormir, ainda está cedo, depois eu me viro na cozinha preparando alguma coisa.

- Se precisar sabe onde me encontrar.- Desceu as escadas e eu a acompanhei já amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

Devil SideOnde histórias criam vida. Descubra agora