I Put a Spell On You

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Precisava se apressar, mas valia a pena correr o risco de se atrasar alguns minutinhos no primeiro dia de trabalho para agradar o responsável por sua conquista. Aquele que provavelmente era o nome mais importante dentro daquela empresa estava prestes a receber de Noah Byun um presente carinhoso de agradecimento pela chance que havia lhe dado.

Parado na fila do caixa de sua confeitaria favorita no Soho, Noah analisava o balcão envidraçado lotado de tortas, bolos, biscoitos, muffins e todas as variedades possíveis de sobremesas deliciosas. Depois de vinte minutos escolhendo, decidiu optar por tortinhas caseiras de mirtilo, uma das suas sobremesas favoritas. Pediu para que o atendente colocasse quatro em uma caixa para presente bege com o logo da confeitaria, que era finalizada com um belo laço marrom. Para acompanhar, levaria com copo de café americano.

Havia recebido no dia anterior o e-mail que seu atual chefe havia prometido, contendo os detalhes de sua rotina e algumas exigências referentes à vestimenta, horários e comportamento. Nada era muito rígido, mas precisaria usar sempre camisa e calça social e cabelos penteados. Pelas manhãs, chegar às 9h com um cappuccino – qualquer cafeteria servia, desde que Noah julgasse ser de qualidade -, uma pausa para o almoço das 13h às 14h, e então permanecer à disposição do chefe até as 20h. Não ter relações íntimas com alguém dentro da empresa, não aparecer sonolento e de ressaca e não ir embora mais cedo sem antes solicitar. Tudo muito fácil de ser seguido, não poderia estar mais satisfeito.

Teve a ideia depois de planejar sua rotina para o dia seguinte. Como morava no Soho, era muito mais fácil passar na sua confeitaria de costume para comprar o cappuccino do chefe. Aproveitaria para tomar café da manhã lá e então planejar o agrado para Charles. Esperava que ele fosse gostar do presente e se mostrasse um pouco mais simpático, Noah realmente ficou um tanto traumatizado na entrevista.

Tão traumatizado que, ao colocar os olhos num vendedor de rosas coloridas no outro lado da calçada da confeitaria, pediu uma rosa vermelho-escura para combinar com o recheio das tortinhas. Às vezes Noah conseguia ser exageradamente gay.

Apesar de ter acordado bem cedo, o movimento acabou apertando seu horário e ele desistiu de usar o carro. Imaginou que pegar o metrô seria mais rápido, já que não havia trânsito algum, mas acabou dando no mesmo. Chegou no prédio da Pleasure Factory em cima da hora, suando frio. Não queria chegar esbaforido no seu primeiro dia, iria soar desorganizado. Havia recebido seu crachá logo depois da entrevista no dia anterior, então teve acesso livre e não precisou entrar em filas nas catracas do prédio.

Recuperou o fôlego dentro do elevador lotado, louco para tirar seu casaco e ajeitar a franja bagunçada, e finalmente, às 9h em ponto, derrapou na recepção do trigésimo segundo andar. Cumprimentou Emma com uma reverência rápida e se apressou até o corredor de escritórios. Seu próprio escritório, bem menor que o do chefe e sem janelas, se localizava logo em frente à sala dele. Já estava aberto, o aguardando, moderno e confortável. Largou sua bolsa em cima da poltrona da escrivaninha, assim como a caixa de tortinhas, a rosa e o café americano para acompanhar. Pegou o cappuccino do chefe e atravessou o corredor, batendo em sua porta. Ouviu-o pedindo que entrasse e o fez.

- Bom dia, Noah! Chegou na hora! – James murmurou, estava sentado em sua mesa falando no celular e o desligou quando viu o assistente entrar. – E trouxe meu cappuccino! Bom garoto!

- Bom dia, senhor Park. Espero que esteja do seu agrado – Noah comentou, largando o porta-copos com o cappuccino em cima da mesa do homem. Ele logo o pegou e deu um gole, sorrindo em seguida.

- Está perfeito, pode comprar nesse lugar todos os dias se for prático para você – James deu mais um gole antes de continuar. – Não sei se notou, mas não falei nada sobre meu almoço no e-mail. Isso quer dizer que não vou precisar que o providencie para mim, sempre almoço fora, geralmente almoços de negócios.

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