Wild Thoughts

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Passou o domingo inteiro resistindo à tentação da comparação. Embora lidasse com sua vida sexual quase como lidava com sua profissão – com muito profissionalismo – ainda era um ser humano... e seres humanos tiram conclusões por natureza.

Kai e Simon, ou melhor, agora Jongin e Sehun, não surpreendiam em nada embaixo dos lençóis. Ambos tinham corpos incríveis e fodiam muito bem, sim, e Noah havia tido um final de semana preenchido por gemidos espontâneos e arquear de costas inevitáveis, mas... era o que geralmente costumava acontecer quando tinha uma foda boa. Daquelas que o deixavam ofegante por horas seguidas, ainda sentindo todos os componentes de seu corpo trabalharem em sincronia até atingir o que a natureza tinha de melhor para oferecer.

Mas era só isso.

Nunca havia pensado daquele jeito, na verdade nem costumava refletir tanto assim sobre suas transas casuais, afinal eram apenas mais um de seus muitos hábitos. E foi depois de passar o final de semana com dois dos caras mais espetaculares com quem já havia deitado antes, percebeu que... o ciclo poderia se tornar entediante.

Não que estivesse se tornando. Apenas podia vir a se tornar em algum momento.

E não que essa conclusão fosse preocupante e fosse tirar seu sono, era só uma simples conclusão. Assim como concluía que livros policiais poderiam se tornar repetitivos depois que você identifica o padrão, o sexo também poderia seguir o mesmo caminho. Nunca iria deixar de ser bom, mas também não havia alteração.

Não podia dizer o mesmo de sua rotina profissional. No momento em que colocou os pés dentro do escritório do senhor Park, percebeu pelo sorriso manipulador que o chefe iria lhe fazer algum pedido inusitado. Já o conhecia o suficiente para tirar conclusões precipitadas.

- Noah, Noah, Noah... – O homem começou, esticando a mão para pegar o copo de café das mãos do garoto, parte da rotina desde o primeiro dia. – Lhe dou passe livre para dar um puxão nas orelhas protuberantes de Charles depois do que eu vou lhe solicitar. - As cordas vocais de Noah ameaçaram emitir uma risada, apesar de não saber do que se tratava a solicitação. Permaneceu em silêncio, as sobrancelhas levantadas, esperando o chefe prosseguir depois de um gole no café. – Ele quer que eu frequente a academia. E sou atrapalhado, Noah, sabe que sou. Sou velho, enferrujado e vou precisar de sua ajuda. Terá de me acompanhar até a academia todas as segundas e quartas, durante o mesmo horário de Charles. Ele quer ter certeza de que não vou fingir estar me exercitando. Diz que preciso me preparar para minha velhice.

Noah abriu um sorriso bondoso.

- Ele está certo, senhor. Precisa se exercitar.

- Você se exercita, Noah? – O mais velho perguntou logo em seguida, curioso.

- Não senhor. Odeio esportes. – Negou prontamente. Péssimo hábito – ou ausência dele – mas não tinha energia suficiente para se exercitar. Nem sabia como aguentava tanta movimentação sexual despreparado daquele jeito. A barriguinha sempre presente, as coxas com culotes visíveis, a bunda gordinha, o rosto redondo. Sempre tivera esse corpo e era feliz com ele. Se um dia começasse algum esporte seria em prol de sua saúde e nada mais.

- Bem, então acho que terá de me aguardar por lá durante meu treino. Não se importa, certo? Charles quer que eu faça natação, preciso de ajuda para carregar meus pertences.

- Sem problemas, senhor. – Noah respondeu prontamente.

- É um lugar enorme, com certeza poderá me aguardar no café. Pode, inclusive, aproveitar para jantar, já que Charles treina à noite.

- Não se preocupe comigo, senhor.

Uma pausa se fez presente e o mais velho checou sua agenda por um instante. O mais velho não era muito inteirado nas tecnologias daquela geração e mantinha todos os seus compromissos escritos em uma agenda física. Noah não aprovava aquela escolha, era muita coisa e precisava de bastante espaço e organização, mas nunca ousou se intrometer. Ele próprio usava a agenda do celular conectada ao MacBook.

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