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Nem lembrava da última vez que havia decidido ir em uma balada pura e simplesmente para dançar. Sem querer encontrar alguém para transar. Só para curtir a música e dançar até o corpo implorar para que parasse. E, poderia até ser um tanto suspeito para falar, mas as baladas gays de k-pop em Nova York eram as melhores. Só tocava grupos femininos e sabia as coreografias de várias músicas. Noah Byun não era só livros e sexo, ele também era Loona, Red Velvet, Wonder Girls, T-ARA e 2NE1. Quando estava entediado, adorava entrar no Youtube pela televisão da sala e aprender as coreografias. Era o máximo de exercício físico que se dispunha a fazer e cansava em cinco minutos, mas era bom em decorar os passos.

E, por uma coincidência maravilhosa do destino, naquela noite de sexta-feira o DJ havia decidido tocar o solo da Yves do Loona, um de seus grupos favoritos do momento. Sabia todos os passos. Fechou os olhos e apenas dançou, sentindo-se pleno, no topo do mundo. O primeiro ídolo de k-pop a debutar com uma coreografia feminina. Era o seu debut stage, havia finalmente chegado onde queria, depois de anos de treinamento. Sorria, sentindo as batidas da música em cada célula do corpo.

Aproveitou a festa como nunca havia feito. Acabou, inclusive, até bebendo um pouco – o suficiente para ficar um tanto bêbado – e dançando por mais tempo do que esperava. Impressionou-se ao perceber que ainda lembrava da coreografia de Sugar Free, caramba, que música boa. Chegou até a sentir saudades da última viagem que havia feito com a família para Seul. Durante o seu dia-a-dia não costumava entrar em contato com sua cultura pelo fato de só visitar os pais de vez em quando. Trabalhar para uma empresa coreano-americana também não fazia muita diferença, já que todos lá dentro falavam em inglês pelo fato de a maior parte dos funcionários ser americana. Comia comidas americanas, falava em inglês e quase nunca precisava passar por Koreatown.

Portanto, quando enfiou a chave na fechadura do apartamento as quatro da madrugada e empurrou a porta cambaleando, sua intuição afetada pela noite coreana se provou correta em poucos segundos. Espremeu os olhos e observou o corpo pequeno, mas deveras musculoso, levantar do sofá num pulo.

- BAEK!

O álcool afetava seus sentidos. Afetava bastante. Observou seu melhor amigo de infância atravessar a sala e o puxar para um abraço apertado, o espremendo inteiro. Apesar de bêbado, podia notar que Kim Junmyeon, ou socialmente conhecido como Julian Kim, continuava o mesmo depois de um ano. O envolveu pela cintura e intensificou o abraço, sorrindo de canto.

Junmyeon o afastou por um momento e o encarou, analisando seu rosto com curiosidade.

- Como entrou aqui, seu maluco? – Noah resmungou e logo depois suas bochechas foram amassadas pelas mãos pequenas do amigo.

- Byun Baekhyun, você está diferente.

Noah franziu o cenho, um tanto confuso, mas Junmyeon o puxou novamente para mais um abraço estrangulador, fazendo as costelas do melhor amigo estralarem.

- Sim, eu estou bêbado! Me deixa respirar!

- Eu estou com saudade! – Junmyeon respondeu, lhe dando um beijo na bochecha. Noah, grogue, gemeu insatisfeito, empurrando-o e lhe deixando sozinho ao lado da bancada da cozinha americana para se jogar no sofá da sala.

- Sério, como entrou aqui dentro? Eu nem lembrava de ter lhe dado a chave!

- Baekhyun, deixa de ser mal humorado! Não nos vemos há um ano!

- Desculpa. Vem cá – Noah abriu os braços e Junmyeon sentou ao seu lado, o abraçando pela cintura e o puxando para se apoiar em seu peito.

Melhores amigos desde a infância. As famílias eram íntimas. Junmyeon era o único, tirando seus pais e seu irmão, que o chamava de Baekhyun e que fazia Noah se engajar no idioma coreano sem nem perceber. Estavam falando em coreano desde o início e só agora que o garoto havia percebido. Talvez a noite de k-pop também tenha influenciado de alguma forma.

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