Waverly-Part 3

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Ela saiu pela porta, por mais que eu estivesse implorando para ela ficar, ela simplesmente foi. Havia um choque muito grande tomando conta de mim no momento: Nicole, filha de um demônio. E a pior parte era que ela achava que isso podia me atrapalhar de alguma forma. Eu estava pouco me fodendo, estava tão inconformada que só conseguia xingar. E daí que ela é filha de um demônio, de um espantalho, de uma onça? Pouco me importa, ela é a mulher que eu amo, nada nunca vai mudar esse fato.

Mas, inegavelmente, meu coração estava partido. Ela fez isso visando me proteger, mas só conseguiu me deixar vulnerável e destruída. Ah, Nicole Haught, você tem meu coração em suas mãos, literalmente.

Mas e daí? Eu vou atrás dela, até ela não aguentar mais me ver, até ela me dizer olhando no fundo dos meus olhos que não me quer por perto, que não me ama mais.

Subi até meu quarto e decidi tomar um banho, talvez a água pudesse levar embora todo aquele sentimento ruim. Eu devo ter demorado muito tempo naquele banheiro, porque quando saí já era tarde e Wynonna ainda não tinha chegado. Okay, devia me preocupar? Considerando ser Purgatory, com certeza sim.

Liguei uma vez, duas, três. Decidi deixar para lá um pouco e fazer alguma outra coisa, mas nada me distraía do caos que estava minha vida, queria alguém para conversar, precisava de um plano para convencer a Nicole de que não havia nada de errado com ela ou conosco. Uma meia hora se passou até que ouvi o barulho da caminhonete, finalmente Wynonna estava aqui, abri a porta e como estava muito ansiosa, não parei de falar:

- Hey Wynonna, ainda bem que você chegou, Nicole esteve aqui e eu preciso da sua ajuda pra falar com ela, ela quer terminar comigo porque descobriu que o pai dela é...

Parei de falar quando fitei seu rosto, ela estava com um olhar desolador, preocupado. Meu coração se apertou e eu perguntei, já desesperada:

- O que houve?

Ela parou por alguns segundos e parecia que sua voz não saía.

- Diga, Wynonna!

Falei quase que gritando, mil possibilidades pairavam na minha mente e todas elas eram terríveis.

- A Nicole sofreu um acidente.

Falou quase que jogando uma bomba no meu colo, meu sangue parou de correr nas minhas veias naquele momento.

- Vamos logo pro hospital!

- Babygirl, espera, antes de irmos, você precisa saber que... é melhor se preparar pra talvez dizer adeus...

Saí da frente dela o mais rápido que pude e entrei na caminhonete, Wynonna veio dirigindo porque eu tremia mais que tudo. Não consegui me manter quieta:

- Ela já sobreviveu a tanta coisa, é forte demais, não vai ser um acidente que vai derruba-la.

- Quando eu a encontrei ela estava muito machucada, hipotérmica... os médicos disseram que é bem grave.

- Tudo é bem grave, Wynonna! Nem por isso é o fim.

Minha voz soou ríspida, me arrependi imediatamente.

- Desculpe.

- Tudo bem, Babygirl, vai ficar tudo bem.

Chegamos no hospital e eu fui correndo até o quarto dela, não era o ideal que ela recebesse visitas, mas naquele ponto pouco me importava o "ideal".

Entrei no quarto e a vi, sua boca estava roxa e a pele mais pálida que o comum, ferimentos pelo corpo e com um semblante dolorido. Aquela cena era ainda pior do que quando a bruxa a mordeu, nunca imaginei que viveria de novo aquele desespero, mas agora era mais terrível, porque agora eu não podia fazer nada.

Life In Pieces/ WayHaughtOnde histórias criam vida. Descubra agora