Capítulo 27

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Meus dias em Londres se passam como o equivalente a uma enorme massa cinzenta de absolutamente, nada. Assim como o céu da cidade, minha vida vem sendo nublada e na maioria do tempo tempestuosa.

Depois do primeiro mês, onde ainda estava me adaptando, estabeleci uma rotina viciosa e deprimente. Preciso me concentrar tanto em sobreviver, que acabei me afogando em minha própria tristeza. Acho que agora pareço mais uma sombra, um vulto qualquer que se arrasta por aí.

Tiro fotos dentro do estúdio fechado durante o dia todo, e encaro as paredes do loft do hotel durante a noite. Nos fins de semana eu não existo, tento gastar meu tempo lendo alguma coisa, ou presa no meu passado e em todas as memórias que me rodeiam. Não sei dizer se o tempo passa rápida ou lentamente, ele só passa, e pra mim não faz diferença nenhuma.

Não há sentido em querer que uma semana passe rápido, ou devagar, sendo que sei que na próxima semana vou fazer exatamente a mesma coisa, e na outra também, e na outra... É pra isso que expectativas servem, para manter as engrenagens girando sem parar, mas quando você não as tem, fica complicado seguir.

Ninguém me conhece, ou fala comigo em Londres, e eu não faço esforço para me incluir ou tentar fazer amigos. Não preciso de mais pessoas para decepcionar, e abandonar de novo. Além do mais, as pessoas são bem fechadas aqui, tão fechadas quanto eu. Não quero dizer de maneira egoísta, mas focada. Tudo o que importa na agencia são as fotos e só isso. Consequentemente eu não falo com absolutamente ninguém, não mais do que "Bom dia", "Até logo", e "Aqui está".

Falo com Ashley ás vezes, quando ela me liga. Eu nunca dou muitos detalhes da minha vida aqui, porque ela não tem detalhe algum. Sempre respondo que está "tudo bem", o que é mentira em todos os sentidos, mas sei que ela se esforça pra fingir que acredita. Deixo que me conte sobre Noah, Ashton e os meninos, mas ela nunca dá detalhes sobre Luke, que é o que eu mais gostaria de saber, mas tenho coragem suficiente para perguntar.

Calum é a segunda pessoa que mais fala comigo, por mensagens de texto na maioria das vezes. Ele me ligou uma vez, e logo depois que cheguei. Nossa conversa foi curta:

–Você ficou louca, é? – foi a primeira coisa que ele baliu, me obrigando a afastar o aparelho da orelha.

–Calum?

–O que você pensa que está fazendo Charlotte?! –ele continuou brigando comigo.

–Cal, desculpa não ter me despedido, eu não tive tempo.

–Luke não sai se casa há três dias, Charlie! Ele está um verdadeiro caos desde que você saiu.

Me coração se aperta, mais despedaçado do que já estava, o que eu já nem sabia que ainda era possível.

–Você fala como se estivesse feliz da vida aqui. Eu não estou. – disse, como se ele já não imaginasse, não sabia como me defender.

–Por que você foi, sabendo que os dois ficariam magoados?!

–As coisas não estavam dando certo, e aí tudo saiu do controle. Precisamos pensar, e entender o que está acontecendo antes de fazer uma burrada muito maior.

–Charlie vocês se amam, são o casal mais apaixonado que eu conheço, não podem simplesmente se separar desse jeito.

–Eu amei Luke com todo meu coração, e dei tudo de mim por nós. Dei tudo o que tinha pra ele, mas não foi o suficiente. Nossos últimos meses foram uma verdadeira catástrofe, e você sabe bem que não tinha como acabar bem, Calum. Preciso pensar, preciso de espaço e ele mais ainda.

–Eu entendo que seja complicado, mas não deixe que com que as coisas ruins tomem o lugar das boas. Luke ama você, ele é sua família.–seu tom era suplicante, demais pra mim.

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