Capítulo 28

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O fim do ano chega e todos se preparam para o Natal.

A cidade está maravilhosa, toda enfeitada. E o frio chegou logo junto com as luzes coloridas, o inverno mal começou, e ainda não presenciei nenhuma nevasca, mas já estou querendo que acabe. Eu não sabia que era uma pessoa tão tropical até dezembro começar na Inglaterra, quando fui entender o que é enfrentar o inverno pra valer.

A pior parte é que não importa quantos casacos eu coloque, ou o quanto me sinta aquecida ao lado da lareira, nada pode me esquentar por dentro, estou me tornando um completo cubo de gelo.

Não existem palavras mais associadas com Natal do que família, reunião e amor. Coisas que eu tenho certeza que não vou ter esse ano. Vejo as pessoas comprando presentes no meu caminho para o trabalho, famílias enfeitando suas casas, e o clima de alegria se espalhar, é uma das minhas épocas favoritas do ano, que também foi arruinada.

A Agência avisou que o recesso de Natal vai durar três semanas. A semana que engloba o Natal e a virada de ano, a que vem antes, e a depois dos feriados. Tempo de sobra para curtir com a família. Isso é, pros que tem família pra curtir, no momento não me incluo.

Na minha primeira semana de folga, antes do Natal, desapareço no meu quarto de hotel, e não faço nada além de dormir por praticamente dias, acordando estrategicamente nos horários que preciso comer ou tomar banho. É um dos dramas em ter problemas com o sono, por meses eu não consigo descansar direito, e de repente abrir os olhos é a maior tortura.

Não tenho pressa nenhuma em sair desse ciclo vicioso, porque sei que meu feriado está destinado a ser gasto atoa, e prefiro dormir demais a sofrer com insônia de novo. Sem nada para fazer, nem ninguém para conversar, e sabendo que lá fora está frio demais, começo a desaparecer, a me tornar parte integrante daquele quarto. 

É quando uma ligação me surpreende, quatro dias antes no Natal.

O número de Luke aparece na tela. E faz meu mundo girar, virar de cabeça pra baixo, dar cambalhotas e rolar. Desacreditada que ele realmente estivesse me ligando naquele horário.

Ele já me ligou outras vezes, mas foi sempre durante alguma noite em Los Angeles, enquanto ele não respondia pelos próprios atos.

Penso se devo atender ou não, e meu coração fica cada vez mais apertado. É claro que parte de mim quer ouvir a voz dele, de qualquer jeito. Mas a outra metade não consegue se esquecer da última vez que isso aconteceu, e não quer passar pelo trauma de ouvir suas palavras embriagadas outra vez. A última vez que ele fez uma ligação dessas, devia ser próximo das quarto da manhã nos Estados Unidos, e nossa conversa horrível ainda está fresca em minha mente:

"Charlie?

Luke? É você? Que barulho é esse?

Ah, sua voz está tão linda. Igual a você.

Luke, você está bêbado.

Foi o que me sobrou, não tem mais você. Agora tem muito álcool.

Onde você está?

Nem sei mais. – ele gargalha, mas não vejo graça. – Comecei em um bar na costa sul, mas esse lugar parece diferente agora, talvez eu tenha perdido alguma coisa.

Chama um táxi, e vai pra casa Hemmings, você vai acabar fazendo besteira.

Você acha que minha vida pode ficar pior? Ah qual é, isso é impossível baby.

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