O final de semana foi tranquilo, Gustavo não apareceu no bar, mandou avisar que sofreu um acidente, e foi substituído pelo guitarrista que por sinal cantava muito bem. Essa ausência me deixou aliviada, porque eu realmente não sabia como seria reencontrá-lo depois de tudo.
Mariana não apareceu no fim de semana, para minha alegria e Cayo foi me buscar de moto todos os dias. Quanto há isso eu realmente estava muito grata, principalmente porque eu estava saindo muito cansada todos os dias e tinha muito medo de ir para casa sozinha. Além do simples fato de estar com ele, que me deixava em estado gelatinoso um pouquinho mais a cada dia.
Na segunda, eu nem acreditava que metade das férias já tinham passado e eu não tinha feito nada do que me planejei, estudar estava muito mais difícil do que imaginei, trabalhar e estudar não era fácil, pelo menos eu teria dois dias para finalizar meu projeto, minha mão estava bem melhor e eu precisava fechar tudo, se quisesse pensar em aproveitar um pouquinho a última semana das férias.
Paulo me ligou e estava muito feliz, disse que as férias com a mãe estavam incríveis e que para ganharem nota 10 só faltava eu estar junto. Meu coração sorria só de ouvi-lo, meu amigo merecia ser feliz, era uma pessoa extraordinária. Conversamos sobre minha rotina e sobre o projeto e desligamos.
Fiz minhas atividades domésticas e me concentrei na escrita do projeto. Durante todo dia, nenhum sinal de Cayo, e a noite quando finalmente terminei o projeto, até antes do esperado, ele chegou, e não veio sozinho.
Cayo entrou no alojamento todo sorridente com duas pizzas gigantes, refrigerantes e algumas cervejas, na cola dele vieram Kael, um outro rapaz que eu não conhecia, mais 4 garotas, claro que todas derretidas por Cayo.
Confesso que não estava preparada para aquela bagunça, estava cansada e precisava dormir, mas isso seria realmente impossível, principalmente quando ligaram uma caixinha de som e começaram a conversar em voz alta, os barulhos se somavam e para mim estava difícil ficar ali.
Eu tentava disfarçar meu incomodo com os avanços de uma das garotas para Cayo que por sinal estava gostando de toda atenção recebida, ele vez ou outra me olhava de soslaio e eu desviava a atenção, uma outra garota me fez várias perguntas sobre ele, que eu respondi tudo ao contrário, na tentativa de deixá-la desinteressada, porém aparentemente não estava funcionando.
Ele sorria para ela, falava ao ouvido e estava todo gentil. Ela por sua vez, não perdia oportunidade de tocá-lo, fazia charme com o cabelo, até pizza na boca dele a descarada deu, foi então que começaram a dançar, claro que quem começou foi o sem noção do Kael, que nessa altura já se pegava com uma loira. Naquela ambiente apertado as coisas começaram a ficar muito sensuais.
Eu já não aguentava ver aquela biscate se esfregando nele daquela forma, e comecei a me dar conta de que não tínhamos nada e ele era livre para ficar com quem quisesse assim como eu, foi então, que o outro cara, até bonito, se aproximou e começamos a conversar. Guilherme era seu nome.
Ele tinha um papo legal, e seu sorriso era lindo, descobri que era do sétimo período, talvez por isso ainda não o tivesse visto pela faculdade, me interessei muito quando disse que conhecia Manaus e tinha parentes lá e também queria ser cardiologista, uma área que respeito muito. De repente aquele estranho começou a se tornar bem interessante, conseguiu me arrancar algumas gargalhadas e até combinamos um cinema para outra semana. Aceitei o convite porque surgiu o assunto de forma tão natural e despretensiosa, que não considerei uma cantada, e isso foi bom.
Eu estava tão envolvida na conversa, que quase não me dei conta que Cayo tinha desligado o som e determinado que a festinha tinha acabado, fiquei assustada com a grosseria dele, e todo mundo reclamando, as garotas eram as mais chateadas.
É parece que seu amigo cansou da gente por aqui, me dá seu celular.
Entreguei meu celular para ele que digitou alguma coisa.
Pronto, agora você tem meu número, não vou forçar uma situação te ligando, prefiro que fique a vontade para me ligar e irmos ao cinema.
Peguei o celular de novo e sorri, achei incrível a atitude dele.
Ana, preciso só te dizer que quero muito que você me ligue tá!
Tudo bem, eu vou te ligar. Mas, se quiser me ver, trabalho de quarta a domingo, no bar/lanchonete próximo da faculdade, a noite.
Ótimo saber disso.
Ele me deu um beijo no rosto e saiu, assim como todos os outros, menos Cayo, que há essa altura estava estressado não sei bem porquê.
Olha parece que você ganhou um novo fã somando aos muitos que você já tem, né Ana Clara?
Não estou entendendo seu tom Cayo, logo você, o rei do curso de medicina, o Deus grego da mulherada, me condenando ou criticando por uma simples conversa, que você proporcionou trazendo esse pessoal aqui sem me avisar.
E eu gostaria muito de ter todos esses fãs que você me atribui, assim quem sabe eu não estaria aqui segurando vela toda vez que você traz alguém aqui seja para transar ou para ficar.
Quem sabe eu já teria um namorado de verdade ou mesmo um ficante, despejei tudo em cima dele com toda a mágoa que sentia. Durante todos esses dias, eu acreditava que tínhamos construído um vínculo ou sei lá, achava que estava rolando um sentimento mútuo de ambas as partes, e quando vi ele flertando com a garota, morri de raiva e inveja por não ser comigo, talvez até aceitei o convite de Guilherme para dar o troco, não sei, mas eu estava a ponto de explodir.
Depois do que falei, Cayo não disse nada, apenas me olhou por muito tempo, enquanto eu limpava a bagunça na cozinha, fula da vida. Até que ele disse:
O quê o Guilherme escreveu no seu celular?
O número do celular dele.
Por quê?
Por que ele me convidou para ir ao cinema.
E você aceitou?
Sim, vamos na próxima segunda talvez!
Ele apenas assentiu com a cabeça, não disse mais nada e começou me ajudar com a limpeza da cozinha.
Eu não entendia Cayo, juro que me esforçava, mais não entendia, as vezes eu achava que ele se importava e outras não.
Cayo?
Oi!
Eu terminei meu projeto, você pode ler?
Posso, deixa o note em cima da mesa que amanhã dou uma olhada para você.
Obrigada!
Tranquilo, boa noite Ana. Até amanhã!
Ele de repente estava frio, direto, droga, mil vezes droga, as coisas pareciam estar numa montanha russo, ora bem, ora ruim, e eu não conseguia ter certeza se ele estava com ciúmes ou não.
No outro dia quando acordei, havia um bilhete ao lado do meu notebook:
Li seu projeto ontem a noite, perdi o sono, está ótimo parabéns! Não mude mais nada, o professor vai adorar. Tenho certeza que uma vaga já é sua. Fui malhar, volto as 13 h esteja pronta para almoçarmos juntos e quem sabe pegar uma praia depois. Desculpa pela bagunça de ontem!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apaixonados
RomanceAna Clara é uma estudante que nunca namorou e que quer se formar em medicina para mudar a vida dos pais. Cayo é o galã pegador, extremamente inteligente que tem medo de se apaixonar e tem as mulheres ao seus pés. Em meio as descobertas da vida adul...