Capítulo 20 - Apaixonado

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Acordei na manhã seguinte no meu quarto, com a mão enfaixada e Cayo deitado no chão dormindo, não lembrava de muita coisa, somente do assédio de Gustavo, sua violência e de alguém me salvando.

Quando tentei levantar vi tudo girar, eu não conseguia levantar de jeito nenhum, aquilo me angustiou, eu estava indefesa, e as imagens de Gustavo rasgando minha blusa me vieram como um trem descarrilhado  levando-me há um choro compulsivo, ao qual não conseguia controlar.

Cayo acordou assustado e seu semblante mostrava preocupação.

Ana, calma por favor! Você está segura agora, prometo que não vou deixar nada de ruim acontecer com você.

Mas eu não conseguia parar de soluçar, eu quero voltar para minha casa, preciso da minha mãe, da minha amiga, eu não quero mais passar por isso, aqui ninguém gosta de mim, tudo é mais difícil do que eu esperava, nem o Paulo está aqui, eu quero voltar para Manaus.

Você não está sozinha, eu estou aqui com você, sempre. Você está em choque, se acalma,  precisa dar queixa na delegacia, esse cara não pode mais fazer isso com ninguém.

Eu tenho medo do que ele pode dizer ou fazer, eu não quero passar por isso de novo!

Eu sei, eu sei xiiiii, vem aqui.

Ele me abraçou, e eu chorei, não sei quanto e nem por quanto tempo só chorei, e Cayo ficou ali o tempo que foi necessário até eu estar mais calma, não saiu, não falou, não se mexeu, só me abraçou e eu me senti segura, incrivelmente segura.

Quando já estava mais calma, ou pelo menos, não estava soluçando mais, perguntei: Como você sabe o que aconteceu comigo, você não estava lá?

Fui eu quem te ajudou Ana, e te garanto que no estado que deixei o Gustavo, ele não vai chegar perto de você nunca mais, não se quiser viver.

Cayo ele pode te prejudicar e dar parte de você na delegacia.

Duvido, caras como ele tem medo de policia e delegacias, principalmente porque você não deve ter sido a primeira que ele tentou violentar ou tenha violentado, então eles são covardes. E se ele prestar queixa, por mim tudo bem, não devo nada, é minha palavra contra a dele, quero ver o que ele vai alegar contra mim, que evitei que ele violentasse uma garota, fica tranquila.

Quando olhei a mão dele estava muito machucada, assim como sua boca e rosto, devem ter se agredido mutuamente.

Deixa eu fazer um curativo em você? Tá muito machucado.

Você não viu o estado daquele babaca, e não precisa, você também está com a mão machucada.

Olhei para minha mão e falei: isso também foi você? A boca dele começou a sangrar no canto.

Foi sim, tava sangrando muito.

Assim como a sua boca agora? Sem discussão Cayo e vou fazer seu curativo, quando tentei levantar o mundo girou e Cayo me segurou no colo para eu não cair.

O sentimento dessa vez foi diferente do abraço, ele me agarrou com posse, carinho, sei lá, eu não conseguiria descrever a situação, nem que passasse a vida tentando, então, novamente naquela fração de segundos em que nos olhamos a atração estava ali, me esmagando, como se ele fosse um ímã me atraindo para si. 

 Calma, você ainda está zonza do calmante que eu te dei, e eu já falei que não precisa de curativo, meu remédio e ter você perto de mim e em segurança.

Ele disse aquelas palavras, depois de afastar meu cabelo e acarinhar minha cabeça e olhou fixamente para minha boca.

Estava quase impossível não beijar ele, mas eu ainda estava muito perturbada com tudo o que tinha acontecido na noite anterior, ambos estávamos machucados fisicamente, e eu psicologicamente também, não era hora para querer beijar Cayo.

Então, tirei forças não sei de onde, porque eu queria ficar ali sentada no colo dele para o resto da minha vida, levantei, me assegurei que não iria cair de novo e disse: fica aqui, vou buscar o kit de primeiros socorros.

Quando voltei, Cayo estava deitado na minha cama pensativo, eu daria tudo para saber o que se passava pela sua cabeça naquele momento.

Ei, fica quieto deixa eu limpar isso e passar um remédio para não infeccionar. Ele nada falou, só me olhava, com aqueles lindos olhos verdes.

Comecei a limpeza e ele dava uns gemidinhos as vezes, estava bem machucado. Pronto, acabei, agora você vai tomar um anti-inflamatório.

Você é que manda doutora.

Sorri e disse: Fica aí, eu vou tomar banho e depois podemos comer alguma coisa.

Cayo

Eu nunca perdi o controle do jeito que perdi quando vi aquele idiota rasgando a roupa de Ana, eu não raciocinei, bati tanto nele que poderia ter acontecido o pior.

Eu já estava bastante alterado quando Mariana fez aquela palhaçada no bar, e eu sabia que ela queria humilhar Ana por achar que eu não transei com ela por estar apaixonado pela Ana, e no fundo ela tinha razão.

O fato é que eu já não era mais o mesmo, tinha constantes crises de ciúmes, estava bebendo, e o fato de estar mais próximo dela, ter cuidado dela na noite de febre, vê-la chamar meu nome enquanto delirava, acendeu uma esperança em mim que eu nem julgava possível, de ela estar interessada de alguma forma por mim.

Aceitar isso, não estava sendo fácil, eu vivia em negação e por isso estava muito instável, fugia o tempo todo. Na noite que cheguei bêbado, eu sabia o que estava fazendo, não resisti e falei algumas coisas e ela simplesmente ignorou, isso estava me matando, era a primeira vez que eu gostava de alguém, ou pelo menos baixava a guarda, e não ser correspondido era como um trator me esmagando.

Ana era doce e frágil, e ao mesmo tempo determinada e batalhadora, estava lutando para vencer assim como eu, isso só fazia eu gostar mais dela, quando vi ela conversando com aquele canalha, eu pensei que iria perder ela de novo, assim como perdi para Paulo, que ela nunca me daria uma chance, então bebi além do costume naquela noite. 

E ontem, depois que ela saiu do bar, a necessidade de cuidar dela falou mais alto em mim, demorei alguns minutos para tomar a decisão de ir atrás dela, talvez por medo do que ela pudesse pensar, no fim não aguentei e quando vi a cena dela gritando e aquele fdp tentando agarrar ela a força, me transformei num Cayo que não conhecia.

Trouxe Ana para casa, em estado de choque, cuidei dela e agora estou aqui, perdido em pensamentos, sem acreditar no que sinto quando tenho ela tão perto, como há poucos minutos e a impotência de não poder fazer nada, como eu queria beijá-la e ser seu, somente seu. 

O certo é que estou completamente apaixonado por ela e vou fazer o possível para conquistá-la!







Eita, ela gosta dele, ele gosta dela e ambos não sabem disso, será que Ana vai parar de fugir? Continua........................

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