O Pé de Balões-Café

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O que resta de uma árvore cortada?
O que resta d'uma xícara de café vazia?
Eu vejo prédios, balões coloridos e papéis voando,
Vejo nuvens e alguns devaneios perdidos...

Me arrasto na rua de calcário,
Ainda ouço o som de uma cafeteira coando o café,
E sei bem que mesmo com todo o açúcar do mundo,
Ele será amargo!

E nesta noite, não será meu café que irá me manter acordado,
Ainda me mantenho perdido na madrugada pensando em você.
Ainda escrevo fervorosamente n'uns papéis higiênicos,
Minhas poesias nunca foram tão merdas quanto agora.
Meu alarme já perdeu a hora,
E eu também...

O céu ainda está cinza,
E lá fora, alguns balões chegam a me visitar pela janela,
E desta vez, não portam mensagem alguma em seus rabos...
Ainda guardo os teus antigos balões murchos, que hoje decoram minhas gavetas de pesares,
Me fazem sempre esperar teus outros balões...

E hoje, que foi tão difícil sair do afago das minhas cobertas,
Sentei-me em minha cadeira, e em minha escrivaninha comecei a escrever paixões redundantes,
Amarrei teu último balão em minha xícara de café,
E, sabe, ainda espero podermos flutuar...
Nem que seja somente em meus devaneios.

Amarrei à minha cintura, todos os teus balões, os cheios e os murchos,
E fui de encontro à rua de calcário,
Meu café ainda permanece em minha boca,
Meus sonhos, em minha enxaqueca,
E você, em meu coração... 

Uma flor rompe o meu crânio Onde histórias criam vida. Descubra agora