Uma flor rompe o meu crânio

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Do céu azul ao jardim
morto,
todos irão voar para a morte
como beija-flores; uma flor rompe perfura o meu crânio.
Ao jardim eu vou para que não caia
mais uma LÁGRIMA sequer.
AO JARDIM EU VOU, POIS
AS FLORES AINDA PODEM
RESSUSCITAR A MINHA ALMA! Uma flor rompeu o meu crânio.
E, na verdade, seremos todos vasos de flores quando morrermos. Nossos crânios
serão meros vasos de flores quando enfim minha carne se desprender dos meus ossos
e virar pó. A decomposição não é uma das coisas mais bonitas criadas pelo Criador. Morrer é nojento e a Morte sabe disso. A Morte cultiva flores.
Um tanto de flores rompe o meu crânio!
Pobres. Coitados. Insignificantes. Vocês, poetas, sempre escrevendo tolos poemas. Bobos! Ingênuos! Dúbios! O povo sequer se importará com os teus versos...

A Morte é o mais bem-sucedido dentre os regimes democráticos.
Uma flor rompe o meu crânio. Uma flor rompe o meu peito angustiado!

Podemos, nós, os poetas, morrermos como qualquer um, entretanto a Morte cultiva flores
e
ama ler poesia... Quando, enfim, transcendermos, nossos
crânios serão rompidos perfurados cirurgicamente pelas flores mais belas já vistas por qualquer ser que jaz nesta terra.

Uma flor romperá o teu crânio? Não, imagino.
Flores! Flores consumirão toda a sua

I N E X I S T E N T E

                             E X I S T Ê N C I A ! ! !

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