CAPÍTULO 22

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Sentada na poltrona, Vera, pálida, amarrotou com raiva a carta que tinha nas mãos, atirando-a no cesto de papéis. Ela sabia que Marcelinho era leviano, se envolvia com outras mulheres e só não se separava dele por causa de Martin. Mas até quando suportaria ser ridicularizada por toda sociedade? Seu marido não era discreto, ao contrário. Gostava da fama de Dom Juan e exibia suas conquistas, desfilando com ela pelos lugares mais frequentados.
Aquela carta anônima fora a gota d'água na resistência de Vera. Iria procurar um advogado e trataria da separação. Pelo menos ficaria livre da tortura de fingir que não via e de tentar conviver com as pessoas, mostrando-se alegre e feliz quando em seu peito havia tristeza e ressentimento.
Foi ao telefone e falou com Nice, desabafando e finalizou:
- Não aguento mais. É o fim.
- Pensou bem? Não vai se arrepender amanhã?
- Não. Aquele seu primo, o que veio da França, já abriu o escritório? Poderia me atender?
- O Jonas? Claro. Está trabalhando lá há mais de um mês.
- Desejo fazer uma consulta. Não quero que ninguém saiba. Você pode ir comigo?
- Posso.
- Quero ir agora mesmo.
- Está bem. Vou ligar para ele e ver se pode nos atender. Falo com você em seguinde.
-Estarei esperando
A amiga havia lhe falado com entusiasmo sobre esse primo, educado na Europa, que além de haver estudado Psicologia, formara-se em Direito e especializara-se em problemas familiares. Vera não o conhecia, por que a tia de Nice casara-se muito cedo com um diplomata francês e residira algum tempo no Rio de Janeiro. Por causa da profissão do marido, haviam morado em diversos países, e quando Jonas estava adolescente, fixaram residência em Paris, onde ele terminou os estudos. Com a morte do pai, a família resolvera voltar ao Brasil e fixar residência em São Paulo.
Nice ligou em seguida e combinara que ela passaria para apanhá-la, com uma desculpa qualquer, como sempre. Vera procurou dissimular o aborrecimento e, já no carro da amiga, desabafou:
- Não aguento mais fingir que tudo está bem! É um horror! Parece que cada dia morro um pouco por dentro. Nice olhou-a e não respondeu. O que poderia dizer? Ela também não suportava mais ver a falta de respeito de Marcelinho para com sua jovem esposa. Vera era moça instruída, bonita, honesta, fina. Não merecia esse tratamento. Nice estava tão revoltada quando ela.
Vera suspirou:
- Acha que o Dr. Jonas vai poder me ajudar?
- Bom, se ele vai poder, eu não sei.  Agora, ele entende um bocado de leis e problemas familiares. Se ele não puder, Vera, ninguém pode.
- Ele é minha última esperança. Você sabe, é por causa do Martin. Ele é tudo o que eu tenho na vida.
- Penso que a lei está do meu lado. Ninguém poderá tirar-lhe Martin.
Vera meneou a cabeça indecisa:
- Não sei, não... eles garantem que conseguem. Se não fosse isso, eu já teria resolvido tudo.
- Você não ama mais Marcelinho?
- Não. Às vezes me pergunto: será que o amei algum dia?Há momentos em que ele parece um desconhecido. Como fui ingênua! Ele não é nada do que eu imaginei que fosse.
- É. Isso só acontece depois. Durante o namoro as pessoas dissimulam, mas o que adianta? A verdade vai aparecer e  aí, será tarde demais.
Quando chegaram ao escritório do advogado, secretária as atendeu imediatamente, conduzindo-as a outra sala. Sentado atrás de uma escrivaninha ricamente lavrada, Jonas, vendo-as entrar, levantou-se amável. Era moreno, cabelos castanhos alisados com fixador, lábios bem feitos, olhos ágeis e alegres de menino que o tornaram jovial. Abraçou Nice, beijando-a delicadamente na face e comprimentou Vera educadamente. Após as palavras triviais, Vera foi convidada a falar. Mãos frias, rosto pálido, sentindo a mão da amiga sobre a sua para dar -lhe coragem, ela não se conteve mais. Relatou seu caso, sua desilusão, seu amor pelo filho, seu receio, e finalizou:
- Estou aqui porque não suporto mais essa situação. Não quero perder Martin. Meus pais não concordam com a separação. Eles acham que a mulher precisa suportar tudo pelo bem-estar da família. Mas eu não penso assim. Estou no limite das minhas forças.
- No caso de uma separação, seria interessante você ficar na casa de seus pais. Aqui no Brasil, as leis ainda descriminam as mulheres.
- Em caso de separação, os filhos menores não ficam com a mãe? -  perguntou Nice.
- Ficam, se não houver nada que impeça.
- O que pode impedir? perguntou Vera.
- Provarem que você não tem moral.
- Se depender disso,  ela terá ganho de causa, - tornou Nice. Sempre teve moral inatacável.
Jonas olhou-as sério e respondeu:
- Sei disso. Mas com dinheiro pode-se provar quase tudo. Será fácil armar uma trama e incriminá-la. Por isso, ir para a casa dos pais seria mais adequado.
- Tem razão. D. Laura e Marcelinho não teriam qualquer escrúpulo em destruir minha reputação para ficarem com Martin. Sinto que não posso confiar na honestidade deles. Há um outro assunto, eu gostaria de trabalhar, assumir a direção da minha vida, ser independente, cuidar do meu filho. Infelizmente não terminei a universidade. O que me aconselha?
- Você se casou com comunhão de bens, tem um filho menor. Seu marido será obrigado a dar-lhe uma pensão. Não vai precisar trabalhar.
Repugna-me aceitar o dinheiro deles. Gostaria de ser autos-suficiente.
- Esse dinheiro também é seu e de seu filho. Não se deixe envolver pela emoção. Não deve abrir mão dos seus direitos. Mais tarde poderá trabalhar e tornar-se independente, se é o que deseja. Por ora, deve ser o mais discreta possível.
Continuaram conversando e aos poucos Vera foi se acalmando. O advogado falava com seriedade e convicção, havia tanta naturalidade em sua maneira de ser que ela foi se sentindo mais segura. Nice e Jonas falaram das lembranças da infância e das pessoas da família, conversa amenizou-se.
Vera levantou-se:
- Precisamos ir. Está na hora do almoço e estamos nos alongando muito.
- Absolutamente - disse ele. - Conversar com vocês é um prazer. Sei de um lugar onde há excelente comida. Vamos almoçar juntos.
Nice sorriu e olhou para Vera:
- Por mim, está bem. Você pode?
Vera deu de ombros:
- Não sinto nenhuma vontade de voltar para casa.
- Então vamos.
Ele apanhou o chapéu e saíram. Foram no carro de Jonas, e a conversa fluiu leve e agradável. Ele era encantador. Falou de suas experiências, da vida em outros países, dos costumes, da moda e dos problemas sociais. Delicadamente evitou tocar no problema de Vera. O pequeno e fino restaurante era agradável e acolhedor. Aos poucos, Vera foi serenando, chegando a sorrir e por momentos esquecer suas dificuldades.
Quando se despediram duas horas mais tarde, apertando sua mão, Vera disse comovida:
- Obrigado por tudo. Além da consulta que não quis cobrar, fez-me esquecer da tristeza por algumas horas. Não avalia o bem que me fez. Deu-me coragem. Sei que encontrei um amigo.
- Pode crer que sim. Estou à sua disposição. Não só como profissional, mas como amigo. - E dirigindo-se a Nice: - tenho estado muito só. Espero que apareçam para alegrar minha solidão.
Uma vez no carro, Nice indagou:
- E entao, o que achou dele?
- Uma simpatia. Voce sabe como sou fechada. Perto dele, não senti vergonha de desabafar. Confiei logo que o vi.
- Tem razão. Ele é muito sério e honesto. Minha mãe sempre fala que se precisasse de um advogado, só teria confiança nele. O que vai fazer agora?
- Falarei com papai. Verei se eles concordam que eu vá morar com eles por algum tempo.
Nice meneou a cabeça indecisa:
-Não sei, não... o Dr. Dagoberto é muito consevador. Vai querer dar um jeito na situação, falar com Marcelinho, voce vai ver.
- É. Acho que ele vai fazer issi mesmo. Mas ele deseja o meu bem. Quando perceber. Que o mal não tem remédio, vai concordar. Afinal ele é meu pai e me que muito bem. Mamãe vai protestar, mas depois tera que aceitar. Hoje mesmo falarei com eles.
Depois que Nice a deixou em casa, Vera telefonou para o pai informando-o que precisava falar-lhe e que passaria pelo consultório no fim da tarde, após a última consulta, para conversar. Percebeu alguma reticência na atitude paterna, mas ainda assim insistiu. Queria resolver seu problema definirivamente.
Antes que a ultima paciente saísse, Vera já estava sentada na dala de espera do consultório, à espera. Vendo-a entrar, Dagoberto beijou-a com carinho. Sentaram-se e antes que ele perguntasse, ela disse:
- Pai, vim para tratar de um assunto muito sério. Preciso de sua ajuda.
Dagoberto franziu o cenho e preguntou:
- O que aconteceu?
-Decidi me separar de Marcelinho.
Ele fez um gesto de contrariedade:
- Não diga isso, minha filha. Casamento não é brincadeira. É para toda a vida. Você nao pode querer uma coisa dessas.
- Eu quero, papai. Já decidi. Minha vida com ele está um inferno. Ele não me respeita, vive exibindo suas conquistas. Estou farta de ser humilhada.
- Você exagera. Está com ciúmes.
- Ciúmes? Não. Para isso eu precisaria amá-lo. O que eu sinto é raiva, humilhação, desgosto.
Dagoberto segurou as mãos de Vera apertando-as carinhosamente enquanto dizia:
- Minha filha! É preciso ter calma. Não se joga fora um casamento por causa de um eventual deslize. Seu marido é muito jovem. Tenho a certeza de que vai amadurecer e arrepender-se dessas loucuras. Vai passar, estou certo. Você precisa ter paciência e esperar. Afinal você é a esposa. Ele sempre vai voltar para casa.
Vera tirou as mãos que seu pai segurava, olhando-o com incredulidade:
- Pai! Não acredito no que estou ouvindo. Você pensa assim mesmo? Acha que devo suportar seu descaso, suas traições, e ficar calmamente esperando que ele se canse e resolva  tornar-se um bom marido?
- É o mais sensato.
- E eu? E minha felicidade? Sou uma esposa digna e honesta, cumpridora dos seus deveres de família. Exijo que ele me respeite! Não posso tolerar que ele me ignore e passe por cima da minha dignidade de mulher. Estou no limite da minha tolerância. Hoje procurei um advogado e vou me separar.
- Você está louca! Que enxovalhar sua reputação. O desquite é uma vergonha social. Não concordo. Não estou disposto a ver minha filha caluniada e falada por toda a sociedade.
- Pai, não me condene. Não suporto mais viver naquela casa. Preciso me separar. Já que não deseja me ver caluniada, precisa me proteger. Ao me separar, desejo voltar para sua casa com meu filho. O advogado me disse que assim ninguém me poderá tirar Martin, e estarei a salvo de quaisquer comentários maledicentes.
Dagoberto levantou-se nervoso.
- O que me pede é impossível. Não posso concordar com essa separação. O lugar da esposa é ao lado do marido. Você não deve abandonar o seu lar. Se você não tem juízo, eu estou aqui para evitar que cometa uma loucura.
Vera levantou-se pálida:
- Por favor - disse - deixe-me voltar para casa com Martin. Será apenas enquanto durar o processo de separação. Quando tudo estiver decidido, me mudarei. Não pretendo viver o resto da minha vida incomodando vocês. Sou suficiente para cuidar de mim e de meu filho.
Dagoberto sorriso irônico:
- O que pode fazer? Nem uma profissão você tem. Bem que eu queria que cursasse a universidade! Mas concordei com você e isso não foi bom. Vê os resultado? Agora não vou fazer a mesma coisa. Não quero que volte para nossa casa. Não vou permitir. Seu lugar é ao lado do seu marido. Deixe de ser criança e encare a vida de frente. Volte para casa e trate de melhorar sua vida conjugal.
Vera levantou-se e disse com voz triste:
- Sempre pensei que você me compreendesse e me apoiasse. Agora, no momento mais triste de minha vida, você me vira as costas. Não estava preparada para mais esta decepção. Mas você escolheu. Daqui para frente, nunca mais lhe pedirei nada. Decidirei sozinha o que fazer.
- Veja lá o que vai fazer! Não arranje mais problemas do que já tem. Você  sempre foi uma filha acomodada.
Agora que está cansada, espero que não nos dê trabalho.
- Pode ficar tranquilo. De hoje em diante, serei independente. Você não será mais incomodado por minha causa.
Dagoberto olhou-a desconfiado:
- Espero que seja assim. Vá para casa, reconsidere. Amanhã será outro dia.
Vera levantou-se, apanhou a bolsa e saiu. Nem se despediu. Nunca se sentiu tão só como naquela tarde.  Resolveu caminhar um pouco. Estava cansada e desiludida. Seu único problema era ser mulher. Não era justo que tivesse que tolerar um casamento fracassado, um marido que não podia respeitar, uma situação dúbia na qual ela era humilhada. Fechou as mãos com raiva. Ela não ia permitir isso. Tinha que fazer alguma coisa. Ela era digna, não podia sujeitar-se a viver de favor em casa de sua sogra como até então. Mais experiente, arrependia-se de haver concordado em morar com a família.
Ficara na dependência deles e agora, se quisesse separar-se, teria que encontrar um lugar para morar.
Passou a mão nervosa pelos cabelos e suspirou agoniada. Para onde ir? Como alugar uma casa e custear as próprias despesas? Marcelinho seria obrigado a dar-lhe uma pensão, mas o que faria enquanto isso? Tinha certeza de que ele não lhe daria dinheiro de bom grado. Sentia a cabeça pesada. Precisava descansar e pensar com calma como fazer.
Tomou um táxi e voltou para casa.  Laura, vendo-a entrar, disse com secura:
- Você está atrasado para o jantar.  Onde esteve até esta hora?
Vera olhou-a e tentou contemporizar.  Não se sentia com forças para brigar:
- Estive no consultório de papai.
- Você está pálida. Está doente?
- Só indisposta. Não é nada.
- Vou mandar tirar o jantar. Marcelinho não virá.
- Estou sem fome. Vou me deitar.
- Como queira.
Vera tomou um banho, vestiu um roupão e foi ver o filho passava das oito e Martin estava dormindo. Ela alisou suavemente o rostinho do menino adormecido, e não conteve as lágrimas. Ele era seu tesouro. Ninguém o tiraria dela, custasse.
Sentou-se em uma poltrona ao lado da cama dele e tentou acalmar-se. Se quisesse vencer D. Laura e Marcelino na posse do filho, precisava conservar seu sangue frio. Eles eram controlados e agiam calculadamente. Ela não podia deixar-se enfraquecer pela emoção. Não podia contar com os pais. Teria que fazer tudo sozinha.  Sabia que Nice ajudaria e o dr. Jonas também. Eles eram pessoas de idéias  largas e a compreendiam. O problema era dinheiro. Fizera algumas economias e, se fosse preciso, não teria nenhum escrúpulo em vender as jóias que ganhara do marido. Mas, seriam suficientes? Quanto tempo demoraria para receber a pensão do marido? Tinha que planejar tudo muito bem. Acontecesse o que acontecesse, nunca pediria ajuda paterna.
Se ao menos ela tivesse uma profissão... Como fora ingênua acreditando que um casamento rico lhe daria segurança pelo resto da vida! Acabava de descobrir que só podia contar consigo mesma. O que fazer dali para frente? Não podia viver na dependência do dinheiro de Marcelinho.
Sua cabeça doía, e ela não conseguia encontrar uma solução satisfatória.  Precisava poupar-se. Não podia adoecer. Foi para seu quarto, tomou um calmante e estirou-se no leito para dormir. Se ao menos se livrasse daquela dor de cabeça! Apesar do remédio custou adormecer.
Na manhã seguinte levantou-se indisposta. Corpo pesado, sem disposição. Sentia-se deprimida e só. Foi ver o filho. Só ele tinha o dom de animá-la. Com seu riso fácil, seus braços roliços ao redor do seu pescoço, sua linguagem engraçada e principalmente o amor e a alegria que via em seus olhinhos vivos fazia-a esquecer um pouco os problemas que a preocupavam. Ele continuava apegado a ela. Deixava qualquer brinquedo por mais fascinante que fosse, para estar com ela, abraçá-la. Tanto o marido, quanto a sogra implicavam com essa preferência do menino, mas Vera sentia-se feliz e gratificada.
Brigou com ele até a pajem requisitá-lo para o costumeiro passeio pelo jardim. Quando eles saíram, Vera telefonou a Nice contando-lhe a conversa com o pai.
- Eu previa isso - respondeu ela. - O Dr.  Dagoberto é pessoa formal. Não vai concordar com sua separação.
- Em pensei que ele colocasse minha felicidade em primeiro lugar. Estava enganada.
- Vai pensar melhor? Desistir?
- Nada disso. Eu vou me separar, já decidi. A vida é minha e assumo qualquer risco. Não suporto mais esta situação.
- O que pretende fazer?
- Ainda não sei. Tenho que planejar muito bem. Não posso contar com a ajuda de papai e não quero correr o risco de perder Martin. É isso o que importa. Preciso dos conselhos do Dr.  Jonas. Ele é experiente e poderá me orientar. Você acha que ele nos receberia outra vez?
- Certamente. Quando deseja ir?
- O quanto antes. Não consigo parar de pensar nisso. Dormi mal esta noite mesmo tendo tomado calmante. A decepção com papai foi muito forte. Feriu fundo minha crença na vida. Estou me sentindo muito só. Quer saber? Apesar de ter tantos parentes e amigos, sei que só posso contar com você e com o Dr. Jonas. Confio nele. Tenho certeza de que vai me compreender e aconselhar de forma adequada.
Nice ficou comovida. Gostava de Vera e desejava sinceramente que ela pudesse ser feliz. Esforçando-se para dominar a emoção, respondeu:
- Vou passar aí dentro de meia hora. Almoçaremos juntas em algum lugar, depois iremos ver Jonas.
- Estarei esperando.
Quando Nice chegou, disse logo:
- Falei com Jonas e ele nos convidou para almoçar. Assim poderemos falar à vontade. Vamos embora.
Sentados em um local discreto, pequeno e luxuoso restaurante, Vera desabafou esforçando-se para dominar a emoção. Contou tudo. Falou longamente, dizendo o que lhe ia no coração e finalizou:
- Desculpe se estou aproveitando esse momento para desabafar. Em toda minha vida nunca me senti tão só e desprotegida. Nice é a única pessoa na qual posso confiar, que me compreende e estima. E você, que apesar do nosso conhecimento ser recente, me inspirou confiança desde o primeiro instante. Sinto que pode me ajudar e estou realmente precisando.
Jonas olhou-a sério e respondeu:
- Pode contar comigo. Mas antes de qualquer coisa responda: você ainda ama seu marido? Não está fazendo isso só para vingar-se dele ou fazer chantagem a fim de inverter a situação?
Vera corou indignada:
- Claro que não. O amor que eu sentia era pelo Marcelinho que eu imaginava que ele fosse e que nunca existiu. Ele revelou-se completamente diferente, sem dignidade, fraco, fútil, e conhecendo-o melhor todo o amor que eu sentia desapareceu como por encanto. Sinto-me uma estranha naquela casa. Há muito tempo que meu coração não está lá. Só o amor de meu filho existe agora para mim. Ele é tudo que eu tenho nesse mundo. Por que perguntou isso?
Um processo de separação pode vir a ser muito doloroso, caso uma das partes não concorde e venha tornar-se litigioso. Nesse caso, o dinheiro, a má fé, a compra de testemunhas falsas poderá criar obstáculos para o que deseja. Antes de iniciarmos uma briga desse porte, você precisa conhecer o terreno em que pisa, e eu pretendo usar de fraquezas nesse particular. Mas quero uma garantia de que não vai voltar atrás, desistir, ficar com pena dele e descobri que ainda o ama. Você não sabe o que é enfrentar uma situação dessas aqui em nosso país.  Vera não titubeou. Encarou-o de frente, dizendo com voz firme:
- Não pense que tomei essa resolução levianamente. Durante muito tempo tentei levar esse casamento para frente apesar da minha desilusão. Mas agora, sei o que quero. Sou jovem, pretendo refazer minha vida. Amar, ser feliz. Seu que um dia ainda encontrarei um homem digno que me respeite e ame. Nasci para ser feliz e não vou aceitar menos do que isso.
Jonas sorriu e em seus olhos havia um brilho malicioso quando disse:
- Não duvido que conseguirá.
- Vera sempre foi determinada - interveio Nice com um sorriso.
- Nesse caso, vamos traçar nossos planos - levantando o copo de vinho, Jonas finalizou: - À nossa vitória.
- À nossa! - repetiram as duas tocando os copos.

NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR...

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Pelas Portas do Coração - COMPLETO - ZIBIA GASPARETTOOnde histórias criam vida. Descubra agora