Ruínas

Capítulo 7

Capítulo 7

A noite em Seattle estava fria e úmida, com uma fina garoa que tornava as ruas brilhantes sob as luzes da cidade. Jimin dirigia seu carro com velocidade, as mãos firmes no volante e os olhos fixos na estrada à frente. Ao seu lado, Candice segurava o assento com força, seus olhos arregalados de medo.

— Jimin, por favor, vai mais devagar. — Ela implorou, sua voz trêmula. — Você vai acabar nos matando!

Jimin lançou um olhar frio para ela, seus lábios formando uma linha dura.

— Eu não posso, Candice. O lugar para onde estamos indo agora requer justamente isso. — Sorriu satisfeito. — Velocidade e adrenalina.

Ela engoliu seco, percebendo que suas palavras não tinham nenhum efeito sobre ele. O carro cortava as ruas de Seattle, o motor rugindo como uma fera indomável. Jimin estava furioso com Jungkook, pelas palavras que ele havia dito sobre deixar aquele velho fazer o que quisesse com Candice. Somente em pensar naquele velho tocando-a de inúmeras maneiras inflamavam ainda mais sua raiva.

Jimin sabia que havia sido imprudente ao mudar o plano que eles haviam tramado de última hora. Mas ele havia encontrado uma oportunidade ainda mais rápida quando Carl demonstrou interesse em Candice. A ousadia daquele velho em achar que poderia tê-la para si deixava Jimin cego de raiva. Candice era sua. Somente sua.

O carro fez uma curva fechada, derrapando levemente na pista molhada. Candice soltou um pequeno grito, o pânico evidente em seus olhos. Jimin não a olhou, concentrando-se apenas em seu objetivo. Ele precisava de uma distração, algo que lhe desse a sensação de controle que ele tanto desejava.

Finalmente, eles chegaram a um lugar afastado, longe das luzes e do barulho da cidade. O som de motores rugindo e música alta enchia o ar. O local estava repleto de pessoas, música estridente, bebidas, drogas e carros luxuosos. Era uma corrida clandestina.

Jimin estacionou o carro e saiu, sem olhar para Candice. Ele sabia que ela estava assustada, mas no momento, sua raiva e frustração eram dominantes. Candice saiu do carro, tremendo ligeiramente. Ela olhou ao redor, seus olhos arregalados com a visão da multidão e do ambiente caótico.

— O que estamos fazendo aqui? — Ela perguntou. Sua voz quase inaudível sobre o barulho ao redor.

Ele se virou para ela, seus olhos frios e duros.

— O que acha? — Soltou um riso sarcástico. — Estamos aqui para correr, Candice.

Ela deu um passo para trás, a expressão de Jimin a assustando mais do que o ambiente ao redor.

— Isso não é seguro. Você está furioso e não está pensando claramente.

— Eu estou pensando mais claramente do que nunca. — Respondeu, sua voz cortante. — Fique aqui.

Ele ordenou, e sem esperar por uma resposta, se afastou em direção ao grupo de corredores, deixando Candice sozinha no meio da multidão. Ela sentiu um nó se formar em seu estômago, preocupada com o que poderia acontecer.

Candice estava sentindo que estava à beira de um colapso. Em algumas horas ela havia sido enganada com falsas esperanças de um relacionamento com Jimin. Foi vítima de um plano sujo e assistiu de camarote um homem ser morto. Ficou numa encruzilhada com três homens que fazem parte de uma organização perigosa que poderiam acabar com ela em um piscar de olhos e, agora, estava presa em uma corrida clandestina onde o seu parceiro a trouxe contra a sua vontade. Ela conseguia ainda sentir suas mãos tremerem, seus lábios secos, seu coração apertado e o medo tomando de conta de todos os seus sentidos. Aquele dia parecia não ter um fim, e ela não sabia se ao fim dele, estaria viva para agradecer.

Jimin se aproximou dos outros corredores, seus olhos brilhando com a adrenalina e a raiva. Ele trocou algumas palavras rápidas com eles, indicando que queria participar da próxima corrida. O ambiente ao redor parecia se fechar sobre ele, cada ruído e movimento aumentando sua excitação.

Enquanto ele se preparava, Candice observava de longe, seu coração batendo descompassado. Ela sabia que Jimin estava em um estado perigoso e que qualquer coisa poderia acontecer naquela corrida. A única coisa que ela podia fazer era esperar e rezar para que tudo terminasse bem.

O motor do carro de Jimin rugiu ao ser ligado, o som ecoando pelo ambiente. Ele olhou para Candice, vendo o quão deslocada ela se sentia. O vestido vermelho que ela usava brilhava sob as luzes, impedindo-a de se misturar com os demais, e mesmo sem estar com aquele belo vestido, Jimin sabia que ela jamais poderia se misturar com os demais. Candice jamais passaria despercebida em qualquer lugar que fosse.

Jimin, com seu habitual olhar frio e calculista, acenou para que Candice se aproximasse. Ela hesitou, negando rapidamente com a cabeça, seus olhos mostrando o medo que sentia. Mas Jimin a encarou com uma intensidade perigosa que não deixava espaço para recusas. Ela havia presenciado o que ele poderia fazer. Sem alternativa, caminhou em direção ao carro, segurando o vestido e tentando equilibrar-se nos saltos finos naquele chão instável.

Ela entrou no carro, e Jimin imediatamente mandou que ela colocasse o cinto de segurança e se segurasse bem.

— Segure-se, Candice. — ele disse, a voz firme e autoritária.

Com as mãos trêmulas, ela obedeceu, prendendo o cinto e segurando-se no banco.

Quando a corrida começou, Jimin sentiu uma onda de adrenalina e liberdade percorrer seu corpo. A velocidade e o perigo lhe davam a ilusão de controle que ele tanto desejava. Mas no fundo, ele sabia que estava apenas fugindo de seus próprios demônios, tentando encontrar um momento de paz em meio ao caos.

O coração de Candice batia forte e ela prendeu a respiração quando a largada foi dada. Jimin pisou no acelerador com tudo, o carro disparando à frente dos outros competidores.

O som do motor e a velocidade eram avassaladores. Candice encolheu-se no banco do passageiro, sentindo-se à beira de um colapso. Ela já havia aguentado mais do que o suficiente naquele dia, e agora estava presa em uma situação que a aterrorizava.

Enquanto Jimin dirigia pelo percurso em alta velocidade, Candice mal conseguia abrir os olhos. Os outros competidores se aproximavam, e Jimin fazia de tudo para bloquear suas tentativas de ultrapassagem. De repente, um dos carros começou a bater na traseira do carro de Jimin, fazendo-o balançar perigosamente. Candice gritou de medo, seus dedos agarrando o banco com força.

— Jimin, por favor, pare! Me deixe sair! — ela implorou, mas ele apenas lançou um olhar duro para ela.

— Cala a boca, Candice! — ele gritou de volta, focado em manter o controle do carro.

Um palavrão escapou dos lábios de Jimin quando um dos carros finalmente o ultrapassou. Em um acesso de raiva, ele socou o volante, mas não desistiu. Com uma determinação feroz, ele manobrou habilmente, conseguindo ultrapassar o carro à frente nos últimos segundos.

Candice estava com os olhos fechados, tremendo de medo, quando Jimin cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. O carro parou com um solavanco, e a corrida terminou. Houve um momento de silêncio antes que os gritos e aplausos dos espectadores ecoassem ao redor deles.

Jimin olhou para Candice, sua expressão suavizando ligeiramente ao ver o estado dela. Ele estendeu a mão para tocar seu rosto, mas ela se afastou, os olhos ainda fechados e o corpo tremendo.

— Está tudo bem agora — Ele disse, a voz surpreendentemente gentil. — Acabou.

Mas para Candice, a sensação de terror ainda pulsava em suas veias. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, enquanto Jimin saía do carro para receber os cumprimentos e aplausos. Para ele, era apenas mais uma vitória. Para ela, era um lembrete doloroso da fragilidade de sua posição naquele mundo perigoso.

Naquele momento, Candice percebeu que precisava encontrar uma maneira de se proteger, de garantir que não fosse apenas uma peça descartável no jogo de Jimin. E, acima de tudo, precisava decidir se realmente queria continuar ao lado de um homem que a colocava em situações tão extremas.