Capítulo 14
Jimin estava sentado em seu escritório, o olhar perdido em uma foto que guardava a sete chaves. Na imagem, Candice estava apertando seu rosto, enquanto ele a olhava com uma profundidade intensa. Ela, com o rosto colado ao dele, beijava sua bochecha e olhava para a câmera. Candice nunca havia visto essa foto; Jimin a revelara e guardara no fundo falso de sua gaveta.
Ele já havia tomado mais da metade de uma garrafa cara de uísque, perdido nas lembranças com Candice. O dia em que a viu dançar naquela boate parecia uma realidade distante, mas ainda hipnotizante. Ele nunca esqueceria aqueles olhos azuis que o cativaram. Após observá-la por dias, ele decidiu que ela seria sua. E após a primeira vez, não conseguiu mais ficar sem ela. Suas noites eram preenchidas com momentos intensos no quarto da Red Lights. Algumas semanas depois, Candice estava morando com ele. O último ano ao lado dela foi delicioso, conflitante e cheio de sentimentos. Candice conseguiu quebrar as barreiras de seu coração, e agora, ele estava destruindo o dela.
Jimin foi despertado de seus pensamentos por uma ligação de Jungkook. Atendeu sem muita emoção, mas as palavras do irmão o paralisaram.
— O quê? — perguntou apavorado.
Jungkook explicou que finalmente rastreou a conta para onde o dinheiro e as informações foram enviadas. Jimin se levantou, dando um soco na mesa.
— Você não sabe de merda nenhuma! Você disse que Candice era a culpada.
Jungkook, confuso, perguntou o que ele queria dizer com aquilo. Jimin, tomado pela culpa e remorso, respondeu: — Você disse que poderia ser ela. — Sua voz quase que em um sussurro.
Jungkook riu divertido.
— O que você fez com ela, maninho?
As palavras do irmão iluminaram sua mente. Candice ainda estava no porão, submetida às atrocidades de seus homens. Jogando o celular pelo escritório, ele correu em direção ao porão.
Jimin desceu as escadas com uma urgência desesperada, a mente girando em turbilhão. A visão do corpo de Candice deitada sobre o velho colchão parecia quase surreal, uma imagem que se arrastava entre a realidade e um pesadelo interminável. Cada passo em direção ao porão era uma luta contra o peso esmagador da culpa e do arrependimento. Ao abrir a porta, a cena que se desenrolava diante de seus olhos o paralisou.
Candice estava desacordada, seu corpo esparramado sobre o colchão surrado, marcado por manchas e feridas que pareciam contar uma história de dor e sofrimento. A visão dela naquela condição tão indefesa e frágil rasgava o que restava de seu coração. Jimin se ajoelhou ao lado dela, seu rosto pálido e os olhos marejados, enquanto o peso da responsabilidade e da culpa o envolviam.
— O que eu fiz? — perguntou para si mesmo, desnorteado.
— Olá, chefe. — Um de seus homens que havia sido contratado para trabalhos sujos como aquele cumprimentou Jimin. — Essa putinha realmente me deu trabalho no começo. — Disse o homem rindo, como se estivesse lembrando de uma memória feliz. — Recebi alguns arranhões e mordidas, mas valeu a pena. Antes de acabar com ela de uma vez, queria saber se eu poderia... Você sabe.
Jimin ergueu o seu olhar escuro como a mais profunda noite para o homem, sentindo seus músculos contraírem de ira pelas palavras depravadas que haviam saído de sua boca. Jimin levantou-se, caminhando com passos rápidos, firmes e pesados, demonstrando todo a sua raiva. O homem, confuso, não teve chance de reagir. Jimin chegou rápido demais ao seu lado e logo cravou uma ferramenta pontiaguda em seu olho, atingindo seu crânio. O homem caiu de joelhos, gritando em dor enquanto o sangue jorrava. Seu sofrimento não durou mais do que alguns segundos, logo o seu corpo sem vida caiu de vez sobre o chão.
Ele olhou para o homem morto no chão, um lembrete cruel de sua própria incapacidade de controlar a situação. A ideia das atrocidades que esse homem havia feito contra Candice estavam martelando em sua cabeça. A morte dele havia sido um presente comparado ao sofrimento que ele havia causado a Candice. Cada respiração era um esforço, como se o ar ao redor estivesse tentando sufocá-lo.
Com um movimento lento e tremulo, Jimin se arrastou até o colchão, seu coração batendo forte contra seu peito. A dor e a vergonha eram quase físicas, cada batida do seu coração lembrando-o do erro irreparável que havia cometido. Ele cuidadosamente puxou o corpo de Candice para cima do seu, a pele fria e molhada contra a dele, o corpo dela mole e quebrado.
Aninhando-a em seus braços, Jimin sentiu uma onda de desespero. Ele a segurava com uma força desesperada, como se pudesse absorver a dor dela e, de alguma forma, apagá-la. Suas mãos tremiam enquanto acariciavam o cabelo dela, tentando encontrar algum conforto, mas era em vão. A realidade cruel de sua própria ação o esmagava.
O ódio que ele sentia por si mesmo era quase uma entidade própria, uma sombra escura que se espalhava por dentro de seu peito. Ele havia dado ouvidos a outros, ignorado os sinais, e não escutado a verdade que Candice tentara lhe contar. Agora, a sua traição e o sofrimento dela eram uma acusação silenciosa que parecia ecoar em cada canto do porão.
— Eu sinto muito, meu amor. — Ele sussurrou, sua voz quebrada e cheia de dor. — Eu sinto muito por tudo.
Aqueles sussurros eram a única forma de penitência que ele podia oferecer, e mesmo assim, pareciam insuficientes. Ele a segurava como se pudesse trazer algum alívio para a dor dela, mas tudo o que conseguia sentir era a intensidade de sua própria falta de redenção. O que ele havia feito estava além do perdão, e a agonia interna que o consumia não tinha medida.
Ele ficou ali, segurando-a, esperando que o tempo passasse e que, de alguma forma, as feridas de Candice pudessem começar a cicatrizar, mesmo sabendo que a dor que ele havia causado seria uma cicatriz eterna em sua própria alma. A noite passou lentamente, e Jimin continuou a segurar Candice, seu próprio coração se despedaçando a cada momento que passava ao lado dela, sentindo o peso do arrependimento e da culpa como uma carga insuportável.
Enquanto o primeiro raiar da manhã entrava timidamente no porão, a luz ainda parecia incapaz de iluminar a escuridão dentro de Jimin. Ele sabia que, independentemente do que acontecesse a seguir, a verdadeira batalha seria dentro de si mesmo, lutando contra o monstro que havia se tornado e tentando encontrar um caminho para lidar com a devastação que ele havia causado.
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Ruínas
FanficEm uma cidade onde o dinheiro e o poder ditam as regras, uma jovem ambiciosa chamada Candice, se vê envolvida em um jogo perigoso de desejo, poder e traição com dois irmãos ligados a uma máfia implacável. Enquanto Candice planejava roubar tudo o que...